Palavra do leitor
09 de junho de 2025
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O antropocentrismo e o evangelho: Deus como centro de tudo
"Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro, publicano" (Referência: Lucas 18:9-17) (NVI).
O antropocentrismo é uma das fortes características dos nossos dias. O ser humano está no centro de tudo, ele quer ser servido e a sua vontade é a régua universal. A frase: "Você é especial" é encontrada em todos os lugares, como uma sombra da visão que o ser humano tem de si.
O evangelho já vai na contramão disso, ele nos mostra quem somos e aponta para Deus como fonte de esperança e a mais coerente e única fonte de vida. O modo como você se vê faz toda a diferença, ter uma visão coerente de si é fundamental para regular as nossas ações e atitudes perante a vida, o próximo e no âmbito espiritual. Perceba que tanto a autoimagem negativa, quanto a autoimagem muito exagerada, são princípios realmente nocivos para a nossa vida. Ter uma opinião equilibrada é sempre o melhor caminho.
Mas a boa notícia, ou a má, para alguns que não entendem tal princípio, é que você não é especial. Somos pecadores, alienados que muitas vezes não percebem o mínimo em sua volta, quem dirá a sua própria condição. E há outro problema complicado, se todos são especiais, como alguns palestrantes motivacionais insistem em ensinar, ninguém é especial. Algo é especial justamente porque foge da regra, do comum e se destaca. Se todos são, com isso, ninguém acaba sendo.
Jesus Cristo contou uma parábola para aqueles que confiavam em uma justiça própria e desprezavam as outras pessoas (Lucas 18.9), que é a parábola do Fariseu e do Publicano (Lucas 18.7-17). Perceba como o antropocentrismo não é nada tão novo, o ser humano insiste em se ver como especial e acreditar que os outros são inferiores.
Os fariseus eram mestres da lei, eles buscavam seguir minuciosamente toda a lei, talvez por isso eles tinham este orgulho e a arrogância de se considerarem os mais corretos às vezes entrava em seus corações. Já os publicanos eram judeus cobradores de impostos, que eram vistos como traidores pelo povo, visto que eles trabalhavam para o Império Romano.
Constate como a oração do fariseu era complicada, ele agradecia a Deus por não ser desonesto, avarento e muito menos adúltero, como os outros eram (v. 11). Ele não estava orando e sim, se comparando aos outros, o fariseu estava se esquecendo de olhar para si e entender quem ele era. Mas ele continua, contudo, agora ele começa a contar vantagem, falando do seu jejum e do dízimo que dava corretamente (v. 12). Não duvido que este homem era correto, creio realmente que ele fazia isto, o problema era que ele se achava especial, uma pessoa totalmente diferente dos outros.
Já o publicano confessava o seu pecado de modo bem sincero, entendendo o quão pecador ele era. A sua oração era um anseio pela misericórdia de Deus (v. 13). E o texto diz que ele foi justificado (v. 14). Marshall explica esta parábola pontuando que:
"Deus está sempre pronto para receber os injustos quando estes apelam a ele, mas fecha seus ouvidos àqueles cujo orgulho por suas práticas religiosas e boas obras fazem com que se sintam autossuficientes" (2012, p. 1518).
Não dá para negar que os fariseus eram muito zelosos, a maioria deles faziam ainda mais do que a lei exigia, contudo, este fariseu mencionado orava de modo arrogante e focado em suas obras. Em sua oração, ele muito mais contava vantagem do que orava.
A parábola deixa uma lição importante para nós, cuidado para não se colocar acima dos outros, só porque você é um cristão dedicado. Somos todos pecadores, sem Deus não somos nada, sendo que esta verdade precisa estar escrita em nosso coração e precisa ser relembrada diariamente. Em contrapartida, Deus ouve uma oração sincera, de alguém que entende realmente quem é.
Em nossos dias, vemos o ser humano se colocar como centro, seja na política ou na religião. Mas o evangelho aponta para Deus, mostrando como, sem ele, nós não somos nada. O mundo é este caos, justamente porque nós, seres humanos pecadores, colocamos nossos desejos e vontades como prioridade.
Aprenda a colocar Deus no centro de tudo e entenda que, sem ele, somos seres egoístas, que insistem em desconstruir tudo à nossa volta.
Este texto foi originalmente publicado no site Teologia na Solitude!
Bibliografia
CARSON. DA.; FRANCE, RT.; MOTYER, J. A.; WENHAM, G. J. Comentário Bíblico Vida Nova. São Paulo, Editora Vida Nova, 2012.
MARSHALL, I. Howard. Lucas. In: CARSON. DA.; FRANCE, RT.; MOTYER, J. A.; WENHAM, G. J. Comentário Bíblico Vida Nova. São Paulo, Editora Vida Nova, 2012.
O antropocentrismo é uma das fortes características dos nossos dias. O ser humano está no centro de tudo, ele quer ser servido e a sua vontade é a régua universal. A frase: "Você é especial" é encontrada em todos os lugares, como uma sombra da visão que o ser humano tem de si.
O evangelho já vai na contramão disso, ele nos mostra quem somos e aponta para Deus como fonte de esperança e a mais coerente e única fonte de vida. O modo como você se vê faz toda a diferença, ter uma visão coerente de si é fundamental para regular as nossas ações e atitudes perante a vida, o próximo e no âmbito espiritual. Perceba que tanto a autoimagem negativa, quanto a autoimagem muito exagerada, são princípios realmente nocivos para a nossa vida. Ter uma opinião equilibrada é sempre o melhor caminho.
Mas a boa notícia, ou a má, para alguns que não entendem tal princípio, é que você não é especial. Somos pecadores, alienados que muitas vezes não percebem o mínimo em sua volta, quem dirá a sua própria condição. E há outro problema complicado, se todos são especiais, como alguns palestrantes motivacionais insistem em ensinar, ninguém é especial. Algo é especial justamente porque foge da regra, do comum e se destaca. Se todos são, com isso, ninguém acaba sendo.
Jesus Cristo contou uma parábola para aqueles que confiavam em uma justiça própria e desprezavam as outras pessoas (Lucas 18.9), que é a parábola do Fariseu e do Publicano (Lucas 18.7-17). Perceba como o antropocentrismo não é nada tão novo, o ser humano insiste em se ver como especial e acreditar que os outros são inferiores.
Os fariseus eram mestres da lei, eles buscavam seguir minuciosamente toda a lei, talvez por isso eles tinham este orgulho e a arrogância de se considerarem os mais corretos às vezes entrava em seus corações. Já os publicanos eram judeus cobradores de impostos, que eram vistos como traidores pelo povo, visto que eles trabalhavam para o Império Romano.
Constate como a oração do fariseu era complicada, ele agradecia a Deus por não ser desonesto, avarento e muito menos adúltero, como os outros eram (v. 11). Ele não estava orando e sim, se comparando aos outros, o fariseu estava se esquecendo de olhar para si e entender quem ele era. Mas ele continua, contudo, agora ele começa a contar vantagem, falando do seu jejum e do dízimo que dava corretamente (v. 12). Não duvido que este homem era correto, creio realmente que ele fazia isto, o problema era que ele se achava especial, uma pessoa totalmente diferente dos outros.
Já o publicano confessava o seu pecado de modo bem sincero, entendendo o quão pecador ele era. A sua oração era um anseio pela misericórdia de Deus (v. 13). E o texto diz que ele foi justificado (v. 14). Marshall explica esta parábola pontuando que:
"Deus está sempre pronto para receber os injustos quando estes apelam a ele, mas fecha seus ouvidos àqueles cujo orgulho por suas práticas religiosas e boas obras fazem com que se sintam autossuficientes" (2012, p. 1518).
Não dá para negar que os fariseus eram muito zelosos, a maioria deles faziam ainda mais do que a lei exigia, contudo, este fariseu mencionado orava de modo arrogante e focado em suas obras. Em sua oração, ele muito mais contava vantagem do que orava.
A parábola deixa uma lição importante para nós, cuidado para não se colocar acima dos outros, só porque você é um cristão dedicado. Somos todos pecadores, sem Deus não somos nada, sendo que esta verdade precisa estar escrita em nosso coração e precisa ser relembrada diariamente. Em contrapartida, Deus ouve uma oração sincera, de alguém que entende realmente quem é.
Em nossos dias, vemos o ser humano se colocar como centro, seja na política ou na religião. Mas o evangelho aponta para Deus, mostrando como, sem ele, nós não somos nada. O mundo é este caos, justamente porque nós, seres humanos pecadores, colocamos nossos desejos e vontades como prioridade.
Aprenda a colocar Deus no centro de tudo e entenda que, sem ele, somos seres egoístas, que insistem em desconstruir tudo à nossa volta.
Este texto foi originalmente publicado no site Teologia na Solitude!
Bibliografia
CARSON. DA.; FRANCE, RT.; MOTYER, J. A.; WENHAM, G. J. Comentário Bíblico Vida Nova. São Paulo, Editora Vida Nova, 2012.
MARSHALL, I. Howard. Lucas. In: CARSON. DA.; FRANCE, RT.; MOTYER, J. A.; WENHAM, G. J. Comentário Bíblico Vida Nova. São Paulo, Editora Vida Nova, 2012.
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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