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Palavra do leitor

Não sei o que falar, melhor assim! (quando um pastor se suicida)

‘’Que o nosso dizer e o nosso agir se encontrem e seja coerente, assim, nossa mensagem terá alguma serventia. ’’

A notícia do suicídio cometido por um pastor, nesta semana, causou e tem causado uma série de interpretações e questionamentos. Afinal de contas, como encarar uma decisão e uma resposta tão radical, ou seja, estabelecer a interrupção da vida? Sinceramente, muitos pontuam ser um ato desprovido de qualquer condição de haver o perdão, como se já estivesse condenado e ponto final. Sem sombra de dúvida, vem-nos a tona o por qual motivo Deus não interveio ou será que o pastor estava distante da fé ou vivia de aparências? Não sei, não sei o que falar, não tenho nenhuma intenção de lançar especulações ou conspirações. Agora, essa situação nos mostra e demonstra como todos nós somos merecedores de um recomeçar, de perceber o quanto o outro, seja um líder ou não, também necessitam de alento, de momento de pausa e de ser ouvido. Eis as tristes marcas de uma geração tão cheia de suas conquistas, de seus avanços, de seus progressos e, mesmo com tudo isso, vira as cotas para ouvir, fecha as portas para dialogar, corre tresloucada atrás dos ventos de um consumismo descartador, apega – se a tantas verdades e abandona a verdade do compromisso com o outro.

Tristemente, queremos nossos ícones, nossos bodes expiatórios, nossos culpados, nossos meios para nos justificarmos e nos vermos um pouco melhor, ao invés de abrir o jogo, encarar as rachaduras ou as crateras de nossa existência, de nossas emoções, de nossos afetos e parar de tampar o sol com a peneira. Devo concordar e assino com Dietrich Bonhoeffer, não faz bem e não é bom, quando uma pessoa passa a ser o ouvido dos outros, porque isso desagua em uma prática inútil e sem efeito. Não para por aqui, muitos são persuadidos e levados ao engano de que está no púlpito traz uma imunidade aos momentos de perdas, de não (s), de parece que a fé não passa de mero paliativos, de tudo ser um desperdício, de o eco para se refazer nos assusta. Aliás, o que os outros acharão e, em tal situação, chega – se a conclusão de o meu eu ter entrado num labirinto de incertezas e inquietudes, de uma insegurança para rogar por alento, pelo frescor do recomeçar, do vinde a mim – todos os que estais cansados.

De uma forma triste, ainda ouvimos o evangelho como uma sina de fardos e pesos, de retaliações e solidão, ainda aceitamos a divinização dos púlpitos, defendemos uma salvação de compensações para dizer a Deus – ‘’olha, seu sacrifício não foi em vão, valeu a pena’’, de ficar acuado e não saltar (segundo as palavras de Soren Kierkegaard) e se esconder nas máscaras de que tudo suporta, de que no fim – tudo vai dar certo, de que para tudo – há um propósito maior, de que todas as coisas cooperam – para aqueles que amam ao Senhor. Quantos suicídios não fluem e confluem, em nosso meio? São os suicídios de quem abriu mão de sonhar, de imaginar, de, após o desmoronar de um casamento, se refazer, de não carregar as lágrimas das decepções, como forma de penitência. São os suicídios de culpas e condenações, de quem abortou, de quem faz pactos espirituais, de quem fez uma tatuagem, de quem errou e cometeu equívocos, de quem se encontra abatidos, de quem enfrenta o isolamento, de quem tem sido assolado pela depressão (por essa raiva de si mesmo), de quem não consegue mais amar, rir, sentir e desfrutar o prazer da vida.

Nessa direção, trilhamos pelos enredos de um evangelho de divisas, de fronteiras, de homens e mulheres, acima do bem o de mal, que, caso venham espelhar qualquer fragilidade, de imediato e prontamente, serão descartados, porque no mercado da fé dos ideais, gente não pode aparecer, mas sempre figuras com o rosto resplandecente e que tudo suporta, tudo aguenta, tudo atura, tudo releva, tudo absorve, ali, firme, intacto, como o atalaia, o escolhido. Aproveito o texto de Mateus 27.05 e trago a tona a pessoa de Judas, não o personagem, mas o ser humano e, no mais agudo estado de falência, como se o chão não existisse mais, parte para uma decisão radical. Por ora, paro, aqui, porque não sei mais o falar, não me veio nenhuma revelação, não encontrei nenhuma deslumbrante e mirabolante interpretação, e, apenas, possamos perceber o quanto nossos irmãos (sejam pastores ou não), amigos, conhecidos também carecem de nossa tolerância, de nosso abraço, de nosso alento, de nosso (vamos juntos, não sei o que falar, mas estou, aqui).
São Paulo - SP
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