Apoie com um cafezinho
Olá visitante!
Cadastre-se

Esqueci minha senha

  • sacola de compras

    sacola de compras

    Sua sacola de compras está vazia.
Seja bem-vindo Visitante!
  • sacola de compras

    sacola de compras

    Sua sacola de compras está vazia.

Palavra do leitor

Não me envergonho do evangelho, mas de alguns evangélicos

Não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16). Entretanto, confesso minha vergonha diante de atitudes e práticas de certos evangélicos contemporâneos que, em nome de um cristianismo distorcido, promovem espetáculos, manipulam consciências e convertem o púlpito em palco para glórias humanas. O Evangelho de Cristo, revelado nas Escrituras e aprofundado pela tradição reformada, é sublime demais para ser confundido com performances que têm menos de fé e mais de vaidade.

A tradição reformada é categórica ao afirmar que Soli Deo Gloria – somente a Deus seja a glória. Todavia, o que vemos em diversas igrejas de viés pentecostal e, principalmente, neopentecostal, é a glorificação do homem: pastores celebrizados, cultos teatralizados e "boas ações" amplamente divulgadas nas redes como forma de autopromoção. A crítica aqui não recai sobre a ortodoxia ou sobre a fé simples dos fiéis, mas sobre os excessos e os abusos de autoridade que têm corrompido a pureza da adoração e desviado o foco da glória divina.

Jesus advertiu severamente contra práticas religiosas que visam aplauso humano: "Guardai-vos de fazer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte, não tereis galardão junto de vosso Pai que está nos céus" (Mt 6.1). A piedade verdadeira, segundo Cristo, é discreta, humilde e invisível aos olhos públicos – mas visível ao Pai que vê em secreto. No entanto, o que presenciamos são campanhas mirabolantes, atos de caridade acompanhados de câmeras e narrativas que transformam o necessitado em instrumento de marketing religioso.

A programação neurolinguística, frequentemente utilizada em contextos neopentecostais, visa à manipulação emocional do ouvinte, reduzindo o culto ao Senhor a uma sessão de sugestão psicológica, onde a Palavra de Deus é instrumentalizada para gerar sensações, e não para conduzir ao arrependimento. Essa prática é diametralmente oposta à pregação expositiva, que John Piper defende como meio de exaltar a supremacia de Deus em todas as coisas. Como ele afirma: "Deus é mais glorificado em nós quando estamos mais satisfeitos nele" – não em nossos feitos ou performances.

Charles Spurgeon, o príncipe dos pregadores, jamais cedeu ao sensacionalismo. Para ele, a autoridade do pregador estava em sua submissão à Palavra e não em sua eloquência. "Se Deus não está conosco, somos apenas uma companhia teatral", declarou certa vez. Jonathan Edwards, por sua vez, advertiu sobre os perigos de uma religião centrada na experiência emocional sem raízes na verdade bíblica. O verdadeiro avivamento, como ensinou, provém do Espírito operando por meio da Palavra, não de métodos humanos.

A vergonha que confesso não é do Evangelho de Cristo – glorioso, suficiente e transformador –, mas da caricatura que alguns fazem dele. Vergonha dos que usam o nome de Cristo para fins pessoais, que tomam o púlpito como trono, e que transformam a fé em moeda de troca emocional. A tradição reformada nos chama a uma teologia do altar, não da vitrine. Um Evangelho que morre para si mesmo, que serve em secreto, que brilha na humildade e que aponta sempre para o Cordeiro, jamais para o homem.

Que a Igreja retorne à centralidade das Escrituras, à simplicidade do Evangelho e à glória exclusiva de Deus. Pois como Paulo, nós também podemos dizer: "Não me envergonho do Evangelho". Mas não hesitemos, à luz da verdade, em nos envergonhar dos escândalos de um evangelismo que já não é mais Evangelho.
Osasco - SP
Textos publicados: 7 [ver]

Os artigos e comentários publicados na seção Palavra do Leitor são de única e exclusiva responsabilidade
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.

Ultimato quer falar com você.

A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.

PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.


Opinião do leitor

Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta

Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.