Liberdade ainda que tardia

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Hoje comemoramos a morte daquele que foi o líder da Inconfidência Mineira, movimento social considerado como um dos mais importantes da história do Brasil. O significado histórico desse movimento marcou a luta do povo brasileiro pela liberdade, contra a opressão do governo português no período colonial. A situação era insustentável. Não tinha mais cabimento, suportar tamanha beligerância e castração de direitos na própria terra. 

Diante de insuportável exploração, surgem os inconfidentes, liderados por Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, homem de coragem e fibra que à frente dos insatisfeitos, comandou briosamente o movimento, que teve como lema a liberdade. Essa liberdade que já devia ter vindo a tempo, estava agora mais perto do que nunca. No auge do movimento, porém, aparece a figura do traidor, Joaquim Silvério dos Reis, que fez adiar o grande sonho da liberdade. Tiradentes assumiu a liderança do movimento e por isso foi enforcado a 21 de abril de 1972. 

Ao parar nesse dia comemorativo (diga-se de passagem, é mais festivo do que comemorativo), muitas vezes não atentamos para o valor significativo desse dia. Homens se doaram para que pudéssemos hoje possuir uma liberdade dos grilhões de uma nação dominante. 

Poderíamos traçar vários paralelos a partir desse momento histórico. Comparar por exemplo, com a pseudo-liberdade em que vivemos hoje como país; Mostrar que existem outros cabrestos que nos prendem. 

No entanto, quero criar uma analogia com aquele dia na cruz do calvário. As histórias são parecidas. Um homem, um grupo, um traidor, um lema. Assim como os inconfidentes lutavam pela liberdade; nos céus, uma tríade indissolúvel chamada trindade, desencadeava o plano de libertação da humanidade que teria o seu apogeu, seu clímax na cruz do calvário e na ressurreição.

Da mesma forma que durante o movimento, surgiria um traidor, tentando por fim ao anelo de liberdade, por pura questão pecuniária; Na trama espiritual, o traidor, incitado pela velha serpente, tentava também destruir o plano redentivo que possibilitaria a toda a humanidade, reconciliação com Deus.

Tiradentes foi enforcado; Jesus Cristo foi crucificado. Tiradentes liderou um movimento que libertaria uma nação; Jesus Cristo comandou não um movimento, mas uma revolução celestial, de dimensões universais. Tiradentes morreu por uma causa; Jesus Cristo morreu por pessoas, por mim e por você.

O lema de Tiradentes e dos inconfidentes era “liberdade ainda que tardia”; o lema da trindade é “e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará, ...pois se o filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João).

Para Jesus não há liberdade tardia, pois a todo o tempo é tempo de libertação. Liberdade da penalidade do pecado, do peso do pecado, do poder do pecado e da presença do pecado. Liberdade dos (pré)-conceitos, das (pré) ocupações da vida, do narcisismo doentio, do hedonismo desenfreado, da síndrome de lúcifer, do egocentrismo enclausurado, da falsa humildade sorridente, dos descaminhos da vida cristã, da miopia ministerial, do fanatismo religioso/fundamentalista, do neoliberalismo cristão, do impostor que vive em mim.

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Opinião do leitor