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Palavra do leitor

Jó, perdas e dores, fundamentalismo religioso e nada de conhecimento de Deus

Há alguns anos, uma amiga me disse que pedia para ser parecida com Jó. Ao ouvi-la, estremeci. Percebi o quanto repetimos o que ouvimos e não nos aprofundamos em conhecer antes de acreditar. Jó e uma das personagens mais interessantes da Bíblia. Logo no começo do livro, temos uma descrição interessante a respeito dele: Íntegro, reto, temente a Deus e que se desviava do mal. Até aí tudo bem.
No final do livro, temos uma declaração incrível do nosso amigo aqui apresentado: "Sei que podes realizar tudo quanto desejares. Absolutamente nenhuma das tuas ideias e vontades serão frustradas". Porém, entre as duas declarações muitas águas rolaram. E, ao percorrermos os 42 capítulos de Jó, conhecemos o quanto o homem é livre para questionar, discordar e até mesmo discutir com o Todo-Poderoso.
Em uma angústia, fruto de uma perda atrás da outra, nosso amigo sente-se no direito de questionar o porquê havia perdido tudo em um piscar de olhos: família, saúde, dinheiro, respeito e posição social. No meio do livro, estabelece-se um diálogo, uma provocação a Deus que chegar a ser desrespeitosa em alguns momentos. Percebemos que a humanidade dava a Jó o direito de questionar. Jó hora reconhecia a soberania de Deus e hora se dizia indignado, injustiçado, injuriando, chegando a chamar o Senhor para a briga.

Jó, que até então era equilibrado e tinha posição de autoridade, provoca o Criador a lhe explicar a razão de, mesmo sendo "politicamente", "socialmente" e outros "mentes" correto, mesmo assim ser castigado. Nesta guerra que iniciou no interior da alma de Jó mediante o sofrimento (quem nunca???), aparecem três amigos para colocá-lo no lugar certo. Coitados! Mal sabiam que entraram em uma guerra de gigantes. Não estou comparando Jó a Deus. Mesmo assim, não posso negar que ele foi um gigante aqui. Ao menos, em coragem.

Os amigos de Jó (religiosos, me desculpem), Elifaz, Bildade e Zofar gastaram-se em consolá-lo e em ajudá-lo a vencer aquele momento. Chegaram a chorar com ele. Tiveram pena do amigo. Mas em discursos prontos e fundamentalistas, cheios de boas intenções, diziam a Jó que algo errado ele havia feito. Portanto, era "merecedor" de castigo.
Podemos falar tudo de Jó. Murmurador, indignado, cheio de justiça própria... Mas não neguemos que, por toda a vida, ele tentou ser representação da tradição, do zelo e do politicamente correto. Era um juiz. Um diplomático. Entendia de quase tudo.

Jó ia à igreja, fazia caridade, cuidava da família (leiam sobre isso) e era referência para interferir em questões sérias na sociedade. Mas falta-lhe algo. Jó não conhecia Deus. Era uma amizade e uma admiração de longe, sem intimidade, sem olho no olho. Talvez apenas seguisse o Altíssimo nas redes sociais.
E assim é hoje. Não o conhecemos e colocamos na boca dele palavras de preconceito, fundamentalismo e condenação. Não vejo a Deus como o amiguinho que concorda comigo e dá tapinhas nas costas. Ele é. Sempre foi. Ele sempre será. E aí é que está a complexidade dele. O infinito, o eterno. Jamais o entenderei o suficiente. E é isso que alimenta a minha vontade de estar cada vez mais perto. Mas esse também é outro assunto.

O que me cansa é a religiosidade dos amigos de Jó. "Cara... algo tu aprontou. Tá merecendo isso. Se arrepende. A gente te ajuda". Eles esqueceram que Deus não age de acordo com merecimento. Deus não é manipulado por boas ou más ações ou intenções. Isso se chama graça, favor imerecido, amizade e amor incondicional.
Jó, por vários capítulos, apresenta a própria integridade a Deus. Quer satisfações, livramento, respostas, Quer ser livre, rico, respeitado e ter saúde novo. Não é assim que somos? Tão bons? Tão certinhos? Tão cheios de nós e com tão pouco dele?
E assim como aqueles amigos, condenamos os que estão longe dos nossos padrões de moral e religiosidade. Nosso discurso é "se arrepende e muda. Somente assim Deus vai te abençoar". Quem somos nós? Estaríamos no mesmo grupo de Bildade, Zofar e Elifaz? À roda da mesa com eles, "preocupados" com a sorte de Jó? Preocupados com o que os outros fazem, dizem, andam, pensam e, ao mesmo tempo, tão longe de Deus.

A melhor parte
Deus se apresenta a Jó e o chama para uma conversa de "homem para homem". Jó, se queres explicações, comecemos. Mas antes de tudo farei algumas perguntas e quero me respondas:
"Quem é este que busca turva os meus desígnios com palavras sem conhecimento? Agora, pois, prepara-te como homem; porquanto Eu te questionarei, e tu me responderás. Onde estavas tu quando eu lancei os alicerces da terra? Deus segue por quatro longos capítulos se apresentando a Jó. Que paciência. A religião não teria essa paciência. O Criador desafiou a criatura, mas não lhe excluiu, não o deixou. Deus, em sua infinita sabedoria, apontou para a graça para o Cristo libertador, para perdão e amor. Fico triste quando dizem que Jó recompensou a Deus. Não o fez porque, assim como nós, Jó não merecia. Deus agraciou a Jó por amor. Por querer vê-lo sorrir de novo.

Luisa Neves, jornalista
Santa Maria - RS
Textos publicados: 3 [ver]

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