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Palavra do leitor

Jesus e os números (final)

Aliás, falando de frases feitas como "qualidade leva à quantidade", me recordo de duas referências de Jesus a respeito de uma das menores sementes do mundo. O grão de mostarda serviu de imagem para duas parábolas do Filho do homem. Numa o grão é a fé, noutra é o Reino dos céus. As duas, em termos quantitativos, revelam a natureza da fé e do Reino. O mínimo de fé é suficiente para realizações monumentais como lançar montanhas e árvores para os lugares abissais da terra. Aplicada ao Reino, o quanto podemos conquistar em termos de grandiosidade para o Reino (pois é, estamos neste "negócio de fazer o Reino de Deus"), pois a semente cresce e se torna a maior das hortaliças, fazendo-se árvore (Mt. 13.31-32). Mas hortaliça pode se tornar árvore? Sei que Jesus faz milagres, qualquer um. Até mesmo fazer uma folha de mostarda virar um automóvel. Mas se a tradução não estiver errada, a mostarda "faz-se árvore", arvora-se. Jesus não arvora a mostarda.

A interpretação mais comum desta parábola nos leva a entender o Reino dos céus como um sucesso de renda e de público. O Reino dos céus é uma sementinha, irrisória, ínfima, quase invisível e, depois, arvora-se, aninhando aves em seus ramos. A gente sabe que a mostarda no Oriente Médio chega a ter três metros de altura. É bem grande! Mas uma hortaliça é uma hortaliça e nada mais do que uma hortaliça. Árvore é árvore, nada menos que árvore. Apesar da altura, apesar da “grandiosidade” a mostarda é tão frágil quanto a alface! Ademais, arvorar-se é “constituir, formar-se, criar-se, representar, tornar-se, aparecer aos olhos de muitos como, nomear, eleger, julgar-se na condição de” (Houaiss, p. 813). Eu não consegui encontrar a etimologia do verbo arvorar, mas acredito que pode ter sua origem nesta passagem de Mateus 13. Tem muita gente que cresce, aparece e se convence de que é o que verdadeiramente não é. Os mero mortais, não convencidos disso, idolatram, invejam e, desejando a mesma fama e dinheiro, acreditam piamente que esta parábola de Jesus lhes respalda a concupiscência. Será que Tiago errou quando disse que Deus “a ninguém tenta”?
Talvez por isso, Jesus tenha dito que a hortaliça arvorou-se, isto é, considerou ser o que na verdade não era. Assim é o Reino dos céus, plantado entre os homens, também pode ser sujeito à ação megalomaníaca dos homens. Viajei?

Existe outro dado importante nesta minha “viajem”. Qual seria o significado de “aves do céu” na parábola do grão de mostarda? Anjos? Salvos? A boa hermenêutica nos ajuda a entender que “aves do céu” no contexto imediato e no contexto geral da Bíblia, significa “gentio” (não crente) e demônios. Se alguém discorda me contrarie, por favor!

Irrefletidamente, todo pastor que deseja arvorar-se em papa do crescimento, tende a fazer romaria e ir visitar uma tal famosa igreja e registrar o encontro com uma bela fotografia abraçado com o tal guru-pastor. Alimentando, assim, aquela mostarda para que mais e mais aves do céu lá se aninhem. Há demônios e gente não crente? Claro que há! Até as pequeninas igrejas tem. O problema é que é muito difícil admitir que uma igreja bem-sucedida – aos nossos olhos – é ótima para parasitas e para o tipo de gente que adora chamar atenção. Principalmente em congregações onde há muito dinheiro e poder. Isto não é novidade. Mas pela sanha dos números, a impressão que se passa é que os demônios e os não crentes procuram, mesmo, as igrejas pequenas. O diabo é que fecha igrejas. Quanto mais igrejas diminuírem, melhor pro inferno. Quer dizer, as nanicas não interessam a Deus, então o diabo as adota e as indica para um monte de ímpios-aves. Mas, espere aí! Se isto acontecer, esta igrejinha não estará “fadada” ao sucesso de renda e de público? Pois é...

Jesus deve gostar de números, mas deve ter preguiça de contar (o mesmo problema de Lucas, lembra?). Lá no Apocalipse (7.9-17) há uma multidão de homens de “todas as tribos, povos e línguas” vestidos de branco que “ninguém podia contar” (nem Ele?). Um homem da melhor idade que estava próximo do Trono Branco, fez uma pergunta a João: “Quem são estes e donde vem?” Imagino João afetado pelo espírito estatístico de nosso tempo, respondendo: “Das megaigrejas?”
Rio De Janeiro - RJ
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