Palavra do leitor
- 01 de abril de 2014
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Histórias de amor não contadas num domingo
Ela acordou assustada com o que parecia um barulho de gato no telhado. Depois, a picada de um pernilongo em suas costas. Eram seis e dez de uma manhã embaçada de domingo. Lentamente, vestiu uma camiseta azul, os chinelos remendados e a mochila que foi aprontada na noite anterior. Deixou sua casa sem que ninguém percebesse.
Nas ruas, o calor como incêndio. Nas esquinas, brigas de cães. Nos olhos, lágrimas quase secas. E seu coração palpitava de agonia. Sua mãe sobreviveria ao acidente?
Dona Maria caiu de uma pequena escada há três dias enquanto limpava a estante da sala de estar. Quebrou o fêmur. Ficou desacordada por uns minutos. Foi levada às pressas ao único hospital da cidade. Passou por uma cirurgia delicada e enfrentou a possibilidade de morrer e deixar sua filha, uma linda moça que tinha síndrome de Down, lançada à sorte.
O quarto cheirava uma mistura de comida e remédio. Mamãe, você está bem? Um sorriso de lá, outro de cá. Um silêncio que cura. Na mesa, a jovem colocou um pedaço molhado de pão. Na palma de uma de suas mãos, um rabisco forte, rasurado de caneta de tinta azul, algo parecido com orar, orlar, o lar, texto da vida que ali se reproduzia em camadas e camadas, como se não tivesse fim.
Nas ruas, o calor como incêndio. Nas esquinas, brigas de cães. Nos olhos, lágrimas quase secas. E seu coração palpitava de agonia. Sua mãe sobreviveria ao acidente?
Dona Maria caiu de uma pequena escada há três dias enquanto limpava a estante da sala de estar. Quebrou o fêmur. Ficou desacordada por uns minutos. Foi levada às pressas ao único hospital da cidade. Passou por uma cirurgia delicada e enfrentou a possibilidade de morrer e deixar sua filha, uma linda moça que tinha síndrome de Down, lançada à sorte.
O quarto cheirava uma mistura de comida e remédio. Mamãe, você está bem? Um sorriso de lá, outro de cá. Um silêncio que cura. Na mesa, a jovem colocou um pedaço molhado de pão. Na palma de uma de suas mãos, um rabisco forte, rasurado de caneta de tinta azul, algo parecido com orar, orlar, o lar, texto da vida que ali se reproduzia em camadas e camadas, como se não tivesse fim.
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