Experiências Sobrenaturais

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Diariamente vejo as pessoas buscando uma experiência mais profunda com Deus e uma vivência mais intensa das práticas espirituais que acompanham uma devoção à Jesus. Vejo pessoas buscando uma experiência com o sobrenatural, com o êxtase, próprio das experiências místicas, ou com alguma manifestação audível, palpável e mensurável de Deus.

Encontro também muitos faladores, papagaiando experiências maravilhosas que deixam de queixo caído alguns incautos "caçadores de Deus" ou ardendo de inveja outros "adoradores extravagantes".

O cenário é perturbador, pois a propaganda que se faz de milagres, de êxtases, de visitações angelicais e de manifestações audíveis de Deus, nos mais variados lugares, cultos, e circunstâncias, faz com que o livro de Atos dos Apóstolos mais pareça coisa de escoteiro mirim comparado com o armamento de uma infantaria blindada.

É assustador o que se atribui a Deus no cenário evangélico atual. Desde ordens absurdas, até mesmo a manifestações físicas que mais lembram danças de capoeira ou sessões coletivas de consumo de drogas ou bebidas alucinógenas. Alguns chegam a ficar como que endoidecidos. Uma total falta de bom senso.

Não duvido das verdadeiras experiências com Deus e com o sobrenatural, porém reconheço que quando estas são verdadeiras, deixam uma marca tal ou um impacto tão intenso, que a pessoa de alguma forma é marcada, modificada ou quebrada diante de Deus. E mesmo muitos anos depois essa marca continua tão forte ou tão intensa como quando aconteceu. Foi de fato uma experiência sobrenatural. Não essa coisa de “moleques” feitas em nome Deus que acabam num cafezinho na padaria da esquina. Ou que acabam na sala da tesouraria contando as entradas da noite. Experiências, falsas que são, controláveis e com momento certo pra terminar.

Numa certa ocasião, estava em um famoso encontro quando um rapaz supostamente embriagado pelo Espirito Santo, começou a pular e a gritar rodopiando pelo amplo galpão. O problema é que alguns outros haviam sido, supostamente, arrebatados e estavam como desmaiados caídos no chão. Então meu temor era que este que pulava poderia acabar ferindo gravemente alguns dos que estavam caídos. Então formaram uma roda de obreiros em volta do que pulava para que não saísse de um perímetro seguro. De longe observava a grotesca cena. Então fui até a roda e cheguei no ouvido do que pulava e disse ao moço: “Irmão pare com essa pulação, você vai acabar machucando alguém e isso não vai ficar bem”. Então o embriagado ficou pelo chão como arrebatado. Os obreiros que faziam a roda atribuíram a mim um grande poder, pois alguns até me perguntaram que oração ou que unção eu tinha usado.

Contaram-me de uma certa irmã, que num desses encontros rolava pelo chão, gritando louvores em uma “língua estranha” e assim chamando atenção de todos os presentes. Quando a responsável pela cozinha, desavisada de tamanha manifestação sobrenatural, gritou da porta de cozinha: “o almoço ta pronto”. Foi suficiente para aniquilar tamanha manifestação de louvor e adoração, pois no momento seguinte, como de um salto, lá estava, a que rolava em louvores, com um prato na mão ocupando um dos primeiros lugares da fila.

Creio em manifestações de Deus. Creio em milagres. Creio em curas. Creio em “línguas estranhas”. Creio em êxtases. Não se trata de descrer destas maravilhosas coisas. O meu temor é pela banalização do sagrado. O meu receio é por aqueles que enganam ou são enganados pelos malandros que pensam e dizem poder controlar o sobrenatural. O meu temor que é pessoas sinceras acabem comprando essas maluquices todas como se fossem coisa séria de Deus e confundam a verdade bíblica com as babaquices ensinadas nesses cultos onde a presença de Deus é tida como uma coisa qualquer.

Muitos se acostumaram tanto com o falso que nem sabem que existe um verdadeiro. Creio que Deus se manifesta hoje, fala hoje, toca hoje, cura hoje, porém tudo por iniciativa Dele. Sem endereço certo, sem hora marcada, sem coreografia ensaiada,sem anúncio. Como numa daquelas maravilhosas manifestação bíblicas, onde Deus invadia o mundo natural com uma veemência, com uma força tal, de deixar como morto o visitado. É nisto que creio e pelo que espero. O resto é só arrepio, intuição, pensamento, coisas próprias dos homens.

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Opinião do leitor