Palavra do leitor
17 de maio de 2012- Visualizações: 1397
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Eu e o meu umbigão
Estava eu refletindo sobre a capacidade do capitalismo de insensibilizar pessoas. É o que Gramsci chama de a quantificação do homem. Ele se torna quantidade, números, estatísticas. Não seres com sentimentos, que sofrem, se alegram, tem necesssidades e possibilidades. Prova disso é a maneira como as estatísticas são avaliadas ao retratar os números da violência.
Mas enfim, estava eu refletindo sobre isso, no Terminal do Campina do Siqueira. Sozinho, com meus pensamentos, esses sim companheiros apesar de desobedientes as vezes, um rapaz, bem vestido, barba feita, tipo um trabalhador, bêbado, veio andando cambaleando e caiu se resbalando na menina que estava atrás de mim. A menina levou um susto, deu um pulo, se sentiu além de assustada, enojada, indignada, porque alguém perturbou seu final de tarde após o trabalho, e pior, ultrapassou seu campo de força invisível, o seu espaço. Isso era inaceitável.
Olhei, o rapaz no chão, o segurança do terminal chegando........estendi minha mão, - quer ajuda para levantar? Levantei-o: - Eu só quero ir embora, aonde passa o Montana? mal podia ficar de pé sozinho, precisei ficar o segurando: - ali ó, te levo ali....
E o rapaz foi agradecendo o tempo todo enquanto eu o levava. O deixei no ponto, o apoiei nas pilastras do terminal, falei que o ônibus ja vinha. O rapaz me respondeu que eu era um anjo de Deus. Quem dera amigo......refleti como sou pecador. Voltando ao tubo o segurança veio até mim, minha atitude tinha o constrangido. Mas como um homem pago para defender a ordem estabelecida e a paz mundial dentro do terminal me disse: -Esse cara ia urinar (ele usou outro termo) lá embaixo...eu ia dar um chute bem naquele lugar( também usou outro termo) que ia aleija ele....bem naquele lugar. Olhei para ele, não sabia se concordava, ou se discordava. Após alguns segundos de dúvida decidi. Baixei a cabeça e continuei andando sem dizer nada.
Cheguei novamente onde ia pegar o ônibus. Uma mulher tinha guardado meu lugar. Fiquei feliz. A fila tinha aumentado consideravelmente. Ela me falou que nunca na vida tinha visto alguém ajudar outra pessoa.- Nunca? perguntei. -Nunca. Meu Deus, em que ponto estamos. Na minha concepção ultrapassada, fora de moda, irreal, aquilo era apenas uma obrigação. Um raciocínio lógico. Alguém precisava de ajuda. Alguém precisava ajudar. Ambos se complementam, e pronto. Mas a forma que a mulher ficou impactada com algo tão simples, uma obrigação me mostrou a nossa capacidade(eu me incluo) de sermos insensíveis. De nos preocupar com nosso emprego, nossa aula, minha casa, meu umbigão(porque para ocupar tanto tempo como tem ocupado em nossas vidas nossos umbigos devem ser pelo menos do tamanho da cabeça). Todos ainda me olhavam como se eu fosse uma espécie de herói, ou como se eu tivesse feito algo proibido. Me senti bem....já no ônibus olhei pela janela, moradores de rua, viciados, pessoas que sofrem, lágrimas que são derramadas, feridas da alma, dor, olhei para baixo e vi meu umbigão.
Jefferson Turbay escreve o jornal cristão Luz no mundo. Acesse no WWW.issuu.com/luznomundo
Mas enfim, estava eu refletindo sobre isso, no Terminal do Campina do Siqueira. Sozinho, com meus pensamentos, esses sim companheiros apesar de desobedientes as vezes, um rapaz, bem vestido, barba feita, tipo um trabalhador, bêbado, veio andando cambaleando e caiu se resbalando na menina que estava atrás de mim. A menina levou um susto, deu um pulo, se sentiu além de assustada, enojada, indignada, porque alguém perturbou seu final de tarde após o trabalho, e pior, ultrapassou seu campo de força invisível, o seu espaço. Isso era inaceitável.
Olhei, o rapaz no chão, o segurança do terminal chegando........estendi minha mão, - quer ajuda para levantar? Levantei-o: - Eu só quero ir embora, aonde passa o Montana? mal podia ficar de pé sozinho, precisei ficar o segurando: - ali ó, te levo ali....
E o rapaz foi agradecendo o tempo todo enquanto eu o levava. O deixei no ponto, o apoiei nas pilastras do terminal, falei que o ônibus ja vinha. O rapaz me respondeu que eu era um anjo de Deus. Quem dera amigo......refleti como sou pecador. Voltando ao tubo o segurança veio até mim, minha atitude tinha o constrangido. Mas como um homem pago para defender a ordem estabelecida e a paz mundial dentro do terminal me disse: -Esse cara ia urinar (ele usou outro termo) lá embaixo...eu ia dar um chute bem naquele lugar( também usou outro termo) que ia aleija ele....bem naquele lugar. Olhei para ele, não sabia se concordava, ou se discordava. Após alguns segundos de dúvida decidi. Baixei a cabeça e continuei andando sem dizer nada.
Cheguei novamente onde ia pegar o ônibus. Uma mulher tinha guardado meu lugar. Fiquei feliz. A fila tinha aumentado consideravelmente. Ela me falou que nunca na vida tinha visto alguém ajudar outra pessoa.- Nunca? perguntei. -Nunca. Meu Deus, em que ponto estamos. Na minha concepção ultrapassada, fora de moda, irreal, aquilo era apenas uma obrigação. Um raciocínio lógico. Alguém precisava de ajuda. Alguém precisava ajudar. Ambos se complementam, e pronto. Mas a forma que a mulher ficou impactada com algo tão simples, uma obrigação me mostrou a nossa capacidade(eu me incluo) de sermos insensíveis. De nos preocupar com nosso emprego, nossa aula, minha casa, meu umbigão(porque para ocupar tanto tempo como tem ocupado em nossas vidas nossos umbigos devem ser pelo menos do tamanho da cabeça). Todos ainda me olhavam como se eu fosse uma espécie de herói, ou como se eu tivesse feito algo proibido. Me senti bem....já no ônibus olhei pela janela, moradores de rua, viciados, pessoas que sofrem, lágrimas que são derramadas, feridas da alma, dor, olhei para baixo e vi meu umbigão.
Jefferson Turbay escreve o jornal cristão Luz no mundo. Acesse no WWW.issuu.com/luznomundo
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