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Palavra do leitor

Estamos infantilizando a fé?

Crianças, que benção são em nossas vidas! Alegres, sonhadoras, amigas! Amam e reconhecem ao Senhor na sua simplicidade, daí as palavras de Cristo: "Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira alguma entrará nele" (Lucas 18.17). É preciso que sejamos simples como as crianças, que deixemos de viver no periférico da fé, e amemos ao Senhor como crianças, para que entremos no reino dos céus.

Infelizmente, muitos cristãos vivem hoje uma contradição: não são crianças como Jesus nos disse, deixaram de viver um amor simples pelo Senhor, entretanto se infantilizaram no sentido de que vivem buscando “presentes” de Deus. São cristãos infantilizados porque só enxergam a presença maravilhosa de Deus quando existem manifestações, e, diga-se de passagem, desde que sejam as manifestações “esperadas”. Vivem como na infância, associando amor a presentes! Por isto vemos então os “absurdos” da fé.

Desconhecem o que dizia João Calvino: “Quando Deus promete que fará aos crentes conforme a vontade deles, sua indulgência não caminha até submeter-se aos seus caprichos”. Cristãos que, muitas vezes, oram todos os dias, mas orações voltadas para o periférico da fé. Pedindo por futilidades, enquanto o mundo a nossa volta morre sem conhecer a Cristo. Pedindo por banalidades, enquanto há tantos famintos, rejeitados, perseguidos. E não estou falando daqueles que vivem em Darfur ou outro local distante. Os famintos, perseguidos, rejeitados estão ao nosso lado. Se olharmos para dentro de nossas igrejas, quantos estão com problemas de saúde, crises no casamento, crises emocionais. E quantos, incluindo servos de Deus, têm sido assolados por calamidades tremendas. E o que fazemos? Continuamos exercendo “nossa” fé?

Sou grato a Deus por ter nascido num lar evangélico, e desde a infância ter visto os milagres de Deus na vida de minha família. Sim, o Deus que cura, que multiplica o pão, que sustenta, que faz do fraco forte. Porém, mais grato ainda sou por ter aprendido que “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação” (Habacuque 3.17-18). Porém, nestes últimos dias tive oportunidade de analisar a minha vida. Não quero mais enxergar os milagres de Deus apenas nos “presentes” que busco, nas futilidades da vida. Quero sim, orar por milagres, mas enxergá-los nas vidas sendo salvas, nos aflitos sendo amados, nos cansados sendo aliviados. Neste momento onde o costume é determinar, quero orar ROGANDO a Deus, que pela sua maravilhosa graça, enfermos possam ser curados, cativos sejam libertos dos pecados e dos vícios, que casamentos sejam reconstruídos, que a Igreja Militante se santifique.

Irmãos, que possamos, como igreja, refletir nas palavras do apóstolo Paulo em sua primeira carta aos Coríntios 14.20: “Irmãos, em respeito ao mal, sejam crianças, mas quanto ao modo de pensar, sejam adultos”. Urge a necessidade de reaprendermos a pregar que a nossa esperança não se resume nesta vida. Que possamos viver sabendo que “Quem crê em Deus não é um otimista. Ele não precisa do pensamento positivo. Quem crê em Deus não é pessimista. Ele não precisa da lógica da dialética negativa. Quem confia em Deus sabe que Deus aguarda por ele, que ele está convidado para o futuro de Deus e tem em suas mãos, com isso, o mais maravilhoso convite de sua vida.” (Jürgen Moltmann)

Que Deus nos abençoe.
Guarapuava - PR
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