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Palavra do leitor

Ecoética e a Bíblia

Logo em seu início, as Escritas Sagradas nos revelam como tudo começou, pois provavelmente essa seria sempre uma das primeiras perguntas para um novo estudante das Escrituras. Interessante observar que Deus após a criação de todo um jardim com recursos florestais, hídricos, animais e demais condições que permitiriam uma confortável vida humana, cria então o ser humano, inicialmente o gênero masculino e posteriormente o gênero feminino (Gênesis 1). Isso de forma literal, pois anteriormente o Senhor já havia dado a criação a Adão e Eva em Gênesis 1. Eles já existiam para Deus, mas ele ainda não os havia executado, criado literalmente, o que ocorre no capítulo posterior, em Gênesis 2.

Após concluir a criação, Deus determina que o homem domine a Terra criada, a natureza e tudo o que a envolve, desde os animais até os recursos naturais, podendo extrair dela o seu alimento de subsistência. Fica assim bem claro que Deus não fez o homem para o jardim, mas o jardim para o homem. Ou seja, tudo o que existe no planeta foi pensado na sobrevivência e desenvolvimento do homem.

Isto posto, não podemos cair no erro de achar que por ser assim, podemos explorar desordenadamente o "jardim", "a Terra". Embora eu coloque isso no futuro, sabemos que isso já ocorreu e de fato a criação já extrapolou todos os limites. Atualmente o planeta sofre, agoniza e tenta se equilibrar diante de tantos despejos tóxicos que o ser humano tem lançado sobre o planeta.

O termo ecoética é um neologismo que faz referência a uma ética ecológica e que nos coloca diante das questões éticas referentes ao cuidado da nossa casa comum. A ecoética deverá levar em consideração aspectos ambientais, econômicos e sociais. Pois a responsabilidade humana com a casa comum vai além das nossas ações individuais e pontuais. Em suma, falar de uma ecologia integral é falar do bem comum, "um princípio central e unificador na ética social".

Tratando sobre o conceito de ecologia, o mesmo é apresentado como a parte da biologia que se preocupa com o estudo das relações estabelecidas entre os seres vivos e destes com o meio ambiente em que vivem, ou seja, é a simbiose, a sinergia que existe entre o ser humano e o ambiente que ele ocupa. Quando alia-se a esse termo o conceito da ética, traz um viés de responsabilidade, ou seja, de auto avaliação quanto ao cuidado e zelo por esse ambiente entregue pelo Criador à sua criatura, nós.

Chama a atenção um relato que descreve que a relação do ser humano com a natureza foi vista por muito tempo como uma zona neutra, não se constituindo num domínio eticamente significativo. Como segundo fator podemos pontuar a própria concepção moderna, que está na base de grande parte do desenvolvimento científico dos últimos séculos, de que a natureza oferece somente matéria e energia e que importa apenas dominar e explorar. Essa relação se deu com base no interesse de dominação do humano sobre a natureza com vistas a atender seus projetos técnicos, um olhar antropocêntrico para com a natureza.

Imagino eu que quando criado, Adão de fato por determinado espaço temporal que as Escrituras não revelam, cuidou, zelou e dominou a Terra conforme a ordem do Criador. Contudo, com a invasão do pecado na natureza humana, creio que essa mentalidade ou sensibilidade à cerca do cuidado com a criação de Deus, que é a natureza, também foi abandonada ou esquecida pelo homem, isso como consequência também do pecado.

No pós revolução industrial acompanhamos conferências mundiais e debates internacionais para tratar sobre o clima, a situação do planeta, nossas possível saídas e soluções. Entretanto, tais iniciativas não partem de uma ideia altruísta, de cuidar da natureza, mas sim do medo de que esse ambiente que habitamos venha perder suas condições ideais para que vivemos nele, tais como a temperatura e qualidade da água. Dentre outros motivos, creio que o egocentrismo continua sendo o centro do debate, lá no fundo, o homem está preocupado apenas com ele mesmo e não com a natureza.
Palmas - TO
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