Palavra do leitor
04 de novembro de 2011- Visualizações: 1589
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E o Verbo se fez carne
Sem dúvida, a bíblia é o documento mais importante para o cristianismo. De tal modo que a maneira pela qual se entende as escrituras acaba por influenciar a própria maneira de se viver o cristianismo. Em linhas gerais, pode-se dizer que o centro da discussão é a inerrância da bíblia. Para muitos, ainda que ela não seja essencial para a salvação, negar a inerrância das escrituras "pode eventualmente trazer prejuízos para a vida espiritual da igreja, abrindo a porta para males morais e espirituais".
Um dos problemas de se assumir a bíblia como palavra literal (sem tirar nem pôr) de Deus é transformar o logos divino em logos proposicional. E, dessa maneira, transformar o verbo divino em signo. Entre a proposição e a coisa há uma cisão, como observa Agostinho em sua obra "O mestre". Ele procura mostrar, em seu diálogo, que há uma separação entre o signo e o significado, separação que é resultado da natureza mesma do signo, como é assinalado em dois textos: “O signo é uma coisa que, além da imagem que propõe aos sentidos, faz vir de si ao pensamento algo” e “O signo é aquilo que tanto se mostra aos sentidos, como além de si mostra algo ao espírito”. Em suma: “o que faz de algo um signo é o fato de se duplicar, o fato de sua presença apresentar a si mesmo e simultaneamente apresentar outra coisa”. É próprio do signo significar o significado. Ora, é justamente no verbo divino que essa duplicidade se desfaz.
Mas então, como ficamos? Devemos esquecer essa história de palavra de Deus? Afinal de contas, a inerrância da bíblia é a única maneira de interpretá-la, não é? Estamos diante do tudo ou nada, certo? Errado!
A grande mudança na fé começa no Iluminismo, “também chamado, muito significativamente, de Idade da Razão – movimento que afetou irresistivelmente a ciência, a política, as artes e o comportamento da porção ocidental do planeta, consolidando as tendências do que ficaria estabelecido como era Moderna”. É nesse momento que o “pensar de modo científico, racionalista e mecanicista” domina o Ocidente. É aqui que as coisas se complicam. Fomos fortemente influenciados pelas idéias racionalistas, a tal ponto que nosso critério de verdade mudou. A definição tomista de verdade (adequatio intellectus ad rem, adequação entre o intelecto e a coisa) foi conduzida a outro campo teórico, no qual coisa (res) se restringe àquilo que pode ser percebido pelos sentidos. Desse modo, paulatinamente, verdade acabou por se identificar com factualidade. Tudo que existe pode ser medido.
O que João nos diz, contudo, é que o Verbo se fez carne, e não ele se fez bíblia. A Palavra de Deus se fez homem! A revelação de Deus é Jesus! Sua misericordiosa condescendência para com a humanidade. A revelação nos fala do totalmente Outro que se coloca contra nós e ao mesmo tempo que nos diz NÃO nos diz SIM. É disso que as escrituras falam. É isso que elas testemunham. Elas testemunham a ENCARNAÇÃO da palavra de Deus. Elas testemunham um campo de batalha existencial.
Um dos problemas de se assumir a bíblia como palavra literal (sem tirar nem pôr) de Deus é transformar o logos divino em logos proposicional. E, dessa maneira, transformar o verbo divino em signo. Entre a proposição e a coisa há uma cisão, como observa Agostinho em sua obra "O mestre". Ele procura mostrar, em seu diálogo, que há uma separação entre o signo e o significado, separação que é resultado da natureza mesma do signo, como é assinalado em dois textos: “O signo é uma coisa que, além da imagem que propõe aos sentidos, faz vir de si ao pensamento algo” e “O signo é aquilo que tanto se mostra aos sentidos, como além de si mostra algo ao espírito”. Em suma: “o que faz de algo um signo é o fato de se duplicar, o fato de sua presença apresentar a si mesmo e simultaneamente apresentar outra coisa”. É próprio do signo significar o significado. Ora, é justamente no verbo divino que essa duplicidade se desfaz.
Mas então, como ficamos? Devemos esquecer essa história de palavra de Deus? Afinal de contas, a inerrância da bíblia é a única maneira de interpretá-la, não é? Estamos diante do tudo ou nada, certo? Errado!
A grande mudança na fé começa no Iluminismo, “também chamado, muito significativamente, de Idade da Razão – movimento que afetou irresistivelmente a ciência, a política, as artes e o comportamento da porção ocidental do planeta, consolidando as tendências do que ficaria estabelecido como era Moderna”. É nesse momento que o “pensar de modo científico, racionalista e mecanicista” domina o Ocidente. É aqui que as coisas se complicam. Fomos fortemente influenciados pelas idéias racionalistas, a tal ponto que nosso critério de verdade mudou. A definição tomista de verdade (adequatio intellectus ad rem, adequação entre o intelecto e a coisa) foi conduzida a outro campo teórico, no qual coisa (res) se restringe àquilo que pode ser percebido pelos sentidos. Desse modo, paulatinamente, verdade acabou por se identificar com factualidade. Tudo que existe pode ser medido.
O que João nos diz, contudo, é que o Verbo se fez carne, e não ele se fez bíblia. A Palavra de Deus se fez homem! A revelação de Deus é Jesus! Sua misericordiosa condescendência para com a humanidade. A revelação nos fala do totalmente Outro que se coloca contra nós e ao mesmo tempo que nos diz NÃO nos diz SIM. É disso que as escrituras falam. É isso que elas testemunham. Elas testemunham a ENCARNAÇÃO da palavra de Deus. Elas testemunham um campo de batalha existencial.
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