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Palavra do leitor

Dois Papas: um filme sobre arrependimento, perdão e graça

Em 2013, o mundo foi pego de surpresa quando o papa Bento XVI anunciou que iria renunciar ao cargo. Dentro da liturgia da igreja romana, tal ato, embora não inédito, era impensável pela simbologia do papado para os católicos romanos.

O filme inicia com a morte de João Paulo II e o início do Conclave que elegeria Bento XVI. O enredo se constrói através de um paralelismo entre trajetórias, com Ratzinger assumindo o cargo em Roma e Bergoglio iniciando o processo de sua aposentadoria, para a qual precisava da aprovação do novo pontífice.

O encontro entre os "dois papas" leva adiante uma conversa teológica, com a devida licença poética, mostrando que a visão da Bíblia e a própria tradição eclesiástica são mutáveis e ajustáveis, abraçando as necessidades dos fiéis em novos tempos à luz dos mandamentos divinos. E embora grande parte do filme seja fictício, esses debates muito reais têm consequências muito além do enclave do Vaticano, com as determinações da Igreja sobre questões como a comunhão de divorciados, o celibato entre padres e o papel das mulheres na Igreja tendo implicações para a vida de mais de um bilhão de católicos romanos pelo mundo.

Este, aliás, é o grande ponto de separação entre os dois religiosos e, apesar da mensagem de amizade e proximidade que o filme nos traz, o fato é que a cisão religiosa prossegue durante todo o papado de Francisco, especialmente pelas declarações de maior acolhimento, assistência, amor ao próximo e a Deus… basicamente a reafirmação do Evangelho proposto por Cristo e que, por um motivo bastante incompreensível, tem gerado um inconformismo notável em certos grupos.

Afinal, "Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros" (Jo 13:35). Não se somos católicos romanos, ortodoxos, reformados ou pentecostais.

Continuamente no filme são repetidos os chamamentos "Santo Padre" e, a partir dessa busca de uma santidade, contraditoriamente são expostas as escolhas políticas e teológicas por trás de dois homens moldados por remorso, revelando sua humanidade.

Atrás dos muros da mais conhecida cidade-Estado do planeta, se inicia um embate de dois homens carregados de culpa, mas dispostos ao perdão, buscando um terreno comum na tentativa de criar um futuro melhor para bilhões de seguidores ao redor do mundo. Lembrando que "Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça" (1 Jo 1:9).

O olhar sempre misericordioso e cheio de bondade de Francisco parece esconder a dor de um passado vexatório, de sua relação com a ditadura argentina nos anos 1970, demonstra a capacidade de viver seu arrependimento e seguir, numa plena compreensão da Graça: "Sendo justificados gratuitamente pela sua Graça, pela redenção que há em Cristo Jesus" (Rm 3:24).

Inclusive um dos momentos mais emocionantes no filme vem dos flash-backs. Quando num abraço da "Paz de Cristo" em outro irmão, algo protocolar em uma missa, Bergoglio sentiu a diferença do que é realmente uma reconciliação.

Dois Papas tem, sim, sua absorção de forma muito fácil tanto junto aos católicos quanto a qualquer público, cristão ou não.

A grande beleza do roteiro (dirigido por um ateu, está justamente em estabelecer tão bem as características de cada um e, a partir delas, apresentar ao espectador diferentes facetas sobre a mesma questão. Mesmo entre os escolhidos por Deus para dirigir o maior rebanho cristão do mundo, serão sempre apenas pessoas que, humanas que são, falham. Simples assim.

"Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia, pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles (2 Co 4.16-17).

Trata-se de uma declaração de compaixão para com aqueles que carregam o fardo da culpa nos ombros, e uma mensagem voltada para o perdão e a esperança no futuro, independente de crença ou denominação.
Curitiba - PR
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