De 171 para: "preciso de vós!"

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"O pulpito não deve ser um espaço para discussões teológicas, existenciais ou acadêmicas, a priori, simplesmente, a abertura para um caminho de esperança, de fé, de justiça, de unidade, de temperança, de modificação e de transformação, sempre em prol de levar os cristãos a viverem a transcendência pelo outro’’.

O que dizer de um personagem ora relatado nas escrituras sagradas, a qual se descreve sua trajetória na infância, na juventude, quando homem adulto e ancião? O interessante de haver o discorrer de todas as suas tensões, de todos os seus dissabores, enfim, de todas as faces de uma personalidade, com marcas nada convenientes e de não causar fascínio. Eis os meandros ou os enredos do irmão gêmeo que se agarra ao calcanhar do primeiro, vive uma espécie de sempre está a sombra do preferido, de não reunir as particularidades e peculiaridades de ser um desbravador, de ser um caçador, de ser um parrudo e de enfrentar as intempéries da vida. Vou adiante, para obter a benção da primogenitura, se passa pelo irmão e ao ser descoberto, teve de ir embora para casa de seu tio Labão, por ter sido jurado de morte. Após anos na caso do tio, ao vivenciar atos de traição, de ter sido enganado, passado para trás, ainda assim, conseguiu prosperar, progredir e ser uma pessoa bem sucedida. Agora, tornava-se necessário retornar e isto envolvia reencontrar aquele que foi foco dos seus ardis e das suas maquinações. Deve ser dito, no primeiro momento, ao se retirar do convívio familiar, teve uma experiência com Deus e assumiu o compromisso de que se fosse abençoado, por consequência, daria dez por cento de tudo que alcançasse de bens. É bem verdade, uma aparente postura de coragem e gratidão, embora, lá no fundo, era marcado pela ideia de que tudo e todos tinham um preço. Diametralmente oposto, indo ao texto de Gênesis 32.1-20, não age dessa maneira, olha para o espelho da sua vida, reconhece a inquietação e a turbação de sair da sombra e rever o seu irmão Esaú. Sinceramente, até tentou meios para aplacar uma possível fúria de quem foi passado para trás, vitima de uma típica conduta de 171, com agrados e reverências, todavia, compreendia de que nada trazia uma certeza de paz, de reconciliação e recomeço. Sem mais evasivas e esquivações, resume a sua resposta ao Deus Ser Humano Jesus Cristo, com a declaração de que preciso de Vós, porque não sei lidar com essa situação, não sei lidar com esse ato, não sei lidar com essa pessoa, não sei lidar com esse diagnóstico, não sei lidar com essa mudança, não sei lidar com essa perda, não sei lidar com essa decepção, não sei lidar com essa raiva, não sei lidar com a velhice, não sei lidar com a sensação de ter sido esquecido e desprezado, não sei lidar com essa família e por ai vai. Deveras, o nosso personagem, o vetusto ou a figurinha carimbada Jacó adentrou na dimensão de sair da sombra, de não ficar atrás da porta, de encarar a questão de frente e ser alcançado pela coragem e pela força para se reencontrar com Esaú e seguir o seu caminho, como assim aconteceu. Por tal modo, quiçá ou talvez, você, eu e cada um de nós precisamos dessa sinceridade e seriedade para dizer, em bom e alto som, ao nosso ser, despido de formalidades inócuas ou sem efeito, alforriado de liturgias anódinas ou sem eficácia alguma, com todo o ser a mercê para ser abarcado ou abraçado por essa Maravilhosa Graça e Misericórdia Divina e percorremos uma realidade de maior integridade, de maior retidão, de maior verdade, a começar, conosco.

Baruch Há Shem!

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Opinião do leitor