Palavra do leitor
17 de fevereiro de 2025
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Conclave: Um filme que fala de cada um de nós
Um dos eventos mais marcantes na história da Igreja Católica Romana é, sem dúvida, a realização de um Conclave que é o conjunto de cardeais reunidos para escolher um novo Papa após a morte ou renúncia deste. É um ritual praticamente inalterado há oito séculos e a etimologia latina da palavra já nos dá uma ideia do seu significado: lugar reservado que se pode fechar "com chaves".
O clima de suspense e mistério que cerca esse acontecimento mexe não apenas com os milhões de crentes católicos ao redor do mundo, mas com milhares de escritores e estudiosos considerando a importância religiosa e política do chefe da igreja de Roma. Centenas de livros e filmes já foram lançados para tratar dessa temática e suas implicações.
Recentemente lançado nos cinemas de todo o mundo, o filme Conclave mantém acesa a chama da curiosidade sobre esta reunião de altos prelados católicos, mas também aproveita para tratar de temas universais como: orgulho, inveja, poder, traição, corrupção etc. Estrelado por atores renomados e com grande qualidade cinematográfica, o enredo destaca as tensões entre os progressistas e tradicionalistas e nos deixa de tal forma envolvidos que não conseguimos desgrudar os olhos da tela na expectativa dos próximos movimentos. As cenas ganham uma beleza particular por nos apresentar a arquitetura do vaticano com suas capelas e salas ornadas de obras de artes, seus corredores e pátios gigantes. Tudo é monumental naquele mundo restrito aos religiosos. Um ar de mistério e suspense perpassa por toda a história que culmina com a escolha do novo "sumo pontífice".
Após a morte repentina do Papa, todos os cardeais são convocados para a suprema reunião. Enquanto o mundo exterior especula sobre o destino dessa que é a maior denominação cristã da História, milhares de fiéis já acampam na praça de São Pedro. Porém, até se chegar ao veredito final, o que acontece após vários escrutínios, muitos encontros, conversas, esquemas, brigas e alianças acontecem entre os cardeais. Alguns são apontados como fortes candidatos ao trono papal e são cortejados por seus pares. Tentando demonstrar uma falsa humildade, eles se dizem não preparados para o cargo, mas o que se vê nas entrelinhas é um desejo latente por poder. De uma forma ou de outra, cada um dos candidatos revela, ao seu modo, o sonho particular de sentar-se na cadeira papal. E para alcançar seu objetivo, eles fazem acordos e promessas demonstrando assim suas reais motivações.
Vale ressaltar que apesar dos capítulos nebulosos vistos em vários conclaves ao longo da história, que foram responsáveis por escolherem alguns papas de vida um tanto duvidosa, a Igreja Católica Romana foi responsável durante muitos séculos por grandes realizações como a criação de hospitais e universidades. As ordens mendicantes, por exemplo, surgidas no século 13, foram uma resposta às dificuldades da população medieval e se opunham ao modo de vida rico do clero da época. Na ausência de outros poderes humanos capazes de levar paz e prosperidade, a figura do Papa sempre foi uma presença marcante capaz muitas vezes de unir povos e nações e manter a ordem num mundo que beirava a autodestruição. Além disso, não esqueçamos da sua contribuição milenar à arquitetura, à música e às artes em geral.
Enfim, o filme mostra mentiras, segredos e mistérios que surgem diante de nós revelando o coração daqueles homens de carne e osso que são, na verdade, uma representação de cada um de nós. Suas belas vestes sacerdotais não conseguem esconder as inclinações que os tornam meros humanos. Quem já não fez ou disse algo (às vezes nem tão moral ou ético) para se alcançar o poder acima de qualquer preço? Desde crianças não fazemos alianças e acordos para sermos aceitos ou para fazermos parte de algo que consideramos importante? Quantos de nós não quer sentar-se na primeira fila e ganhar os holofotes? Atire a primeira pedra quem nunca fez tudo isso…
Não há nada de muito novo no filme Conclave. Não apenas a Igreja de Roma, que sempre se avocou como a verdadeira e pura igreja oriunda dos apóstolos, mas também as ramificações protestantes, sempre se envolveram em divisões e intrigas internas revelando que o pecado que se encontra naquela também reside nestas. Ninguém está imune. Afinal, como já dizia o velho Agostinho de Hipona sobre nossa condição deste lado da eternidade: "non posso non peccare". Ou lembrando outro grande nome do cristianismo, Paulo de Tarso: "quem se encontra de pé, tenha muito cuidado para não cair".
Conclave mostra que apesar de nós, Deus continua soberano, reinando sobre tudo e todos, muitas vezes usando caminhos misteriosos e homens pecadores e limitados para pôr seus eternos planos em ação. Afinal, "o cair é humano, mas o levantar é Dele". Ele é o Deus que intervém na hora exata. Graças a Deus por isso!
Tony Oliveira - Autor dos livros "Pingos da Graça" e "Cartas do Atlântico".
Para outros textos do autor, acesse: https://pingosdagraca.wordpress.com/
@tonyoliveira_69
O clima de suspense e mistério que cerca esse acontecimento mexe não apenas com os milhões de crentes católicos ao redor do mundo, mas com milhares de escritores e estudiosos considerando a importância religiosa e política do chefe da igreja de Roma. Centenas de livros e filmes já foram lançados para tratar dessa temática e suas implicações.
Recentemente lançado nos cinemas de todo o mundo, o filme Conclave mantém acesa a chama da curiosidade sobre esta reunião de altos prelados católicos, mas também aproveita para tratar de temas universais como: orgulho, inveja, poder, traição, corrupção etc. Estrelado por atores renomados e com grande qualidade cinematográfica, o enredo destaca as tensões entre os progressistas e tradicionalistas e nos deixa de tal forma envolvidos que não conseguimos desgrudar os olhos da tela na expectativa dos próximos movimentos. As cenas ganham uma beleza particular por nos apresentar a arquitetura do vaticano com suas capelas e salas ornadas de obras de artes, seus corredores e pátios gigantes. Tudo é monumental naquele mundo restrito aos religiosos. Um ar de mistério e suspense perpassa por toda a história que culmina com a escolha do novo "sumo pontífice".
Após a morte repentina do Papa, todos os cardeais são convocados para a suprema reunião. Enquanto o mundo exterior especula sobre o destino dessa que é a maior denominação cristã da História, milhares de fiéis já acampam na praça de São Pedro. Porém, até se chegar ao veredito final, o que acontece após vários escrutínios, muitos encontros, conversas, esquemas, brigas e alianças acontecem entre os cardeais. Alguns são apontados como fortes candidatos ao trono papal e são cortejados por seus pares. Tentando demonstrar uma falsa humildade, eles se dizem não preparados para o cargo, mas o que se vê nas entrelinhas é um desejo latente por poder. De uma forma ou de outra, cada um dos candidatos revela, ao seu modo, o sonho particular de sentar-se na cadeira papal. E para alcançar seu objetivo, eles fazem acordos e promessas demonstrando assim suas reais motivações.
Vale ressaltar que apesar dos capítulos nebulosos vistos em vários conclaves ao longo da história, que foram responsáveis por escolherem alguns papas de vida um tanto duvidosa, a Igreja Católica Romana foi responsável durante muitos séculos por grandes realizações como a criação de hospitais e universidades. As ordens mendicantes, por exemplo, surgidas no século 13, foram uma resposta às dificuldades da população medieval e se opunham ao modo de vida rico do clero da época. Na ausência de outros poderes humanos capazes de levar paz e prosperidade, a figura do Papa sempre foi uma presença marcante capaz muitas vezes de unir povos e nações e manter a ordem num mundo que beirava a autodestruição. Além disso, não esqueçamos da sua contribuição milenar à arquitetura, à música e às artes em geral.
Enfim, o filme mostra mentiras, segredos e mistérios que surgem diante de nós revelando o coração daqueles homens de carne e osso que são, na verdade, uma representação de cada um de nós. Suas belas vestes sacerdotais não conseguem esconder as inclinações que os tornam meros humanos. Quem já não fez ou disse algo (às vezes nem tão moral ou ético) para se alcançar o poder acima de qualquer preço? Desde crianças não fazemos alianças e acordos para sermos aceitos ou para fazermos parte de algo que consideramos importante? Quantos de nós não quer sentar-se na primeira fila e ganhar os holofotes? Atire a primeira pedra quem nunca fez tudo isso…
Não há nada de muito novo no filme Conclave. Não apenas a Igreja de Roma, que sempre se avocou como a verdadeira e pura igreja oriunda dos apóstolos, mas também as ramificações protestantes, sempre se envolveram em divisões e intrigas internas revelando que o pecado que se encontra naquela também reside nestas. Ninguém está imune. Afinal, como já dizia o velho Agostinho de Hipona sobre nossa condição deste lado da eternidade: "non posso non peccare". Ou lembrando outro grande nome do cristianismo, Paulo de Tarso: "quem se encontra de pé, tenha muito cuidado para não cair".
Conclave mostra que apesar de nós, Deus continua soberano, reinando sobre tudo e todos, muitas vezes usando caminhos misteriosos e homens pecadores e limitados para pôr seus eternos planos em ação. Afinal, "o cair é humano, mas o levantar é Dele". Ele é o Deus que intervém na hora exata. Graças a Deus por isso!
Tony Oliveira - Autor dos livros "Pingos da Graça" e "Cartas do Atlântico".
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