Palavra do leitor
- 10 de julho de 2012
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“Como é que é?!? Não vai circuncidar o garoto? Chamem ‘seu’ Genésio!”
Era um estudo sobre Gênesis com maioria dos presentes do tipo ‘Cotinha, a demente!’. Dessas que bate palmas e depois se dirige à pessoa ao lado, “Não entendi nadinha!”. Tudo começou quando o preletor citou Gênesis 17:10-14.
Joãozinho pede a palavra e pergunta qual o porquê da abolição da circuncisão, e qual a razão das mulheres não serem circuncidadas?
Estava armado o barraco! O que salvaria o professor seria o final da aula.
Na Alemanha um juiz distrital de Cologne determinou que doravante o ritual da circuncisão é crime: viola o direito fundamental de uma criança à sua integridade física.
Nada de cortar e jogar no lixo a pele dos garotos. No futuro eles decidirão se querem ou não cortar. “Devolvam meu prepúcio!”, diria Joãozinho.
Se há uma coisa que evangélico faz há 500 anos é deitar e rolar em cima da Bíblia e enrolar. Diante de um texto complicado ele amacia e aplica toda sorte de alegorias. Quando conveniente, busca o sentido literal, dependendo do grau de ortodoxia. A tipológica, então, é a preferida nas biografias morais. Davi é sempre a bola da vez.
Os Presbiterianos de todos os matizes fazem, sem pestanejar, aquela ‘ponte’ entre Gênesis 17 e Colossenses 2:11-12 (batismo como substituto da circuncisão), passando ao largo de Atos 16:1-3 (circuncisão de Timóteo).
Os vendedores de bugigangas teológicas vão em I Coríntios 9:19-23 para ‘justificar’ Paulo, fazendo a distinção entre coisas obrigatórias (da Lei), e a liberdade para praticar outras (na Lei).
O Estado entrou nessa de abolir prática com 5000 anos de tradição Judaica, “que tal abolir o batismo dos cristãos também; afinal, crianças já morreram afogadas na pia batismal!”. Joãozinho injeta mais lenha na fogueira.
Presbiteriano que era não deixou por menos, “os Batistas adorariam jogar essa contra nós: batizem adultos para evitar problemas de afogamento!”.
E mais, continuou, “se circuncisão parece coisa de gente não civilizada”, indagou, diante da oposição de muitos ali que achavam que circuncidar um bebê não era legal --- daí justificar o batismo --- sobretudo por causa da dor, do corte, a possibilidade de infecção, perguntou, “qual a razão de muitos aqui colocar brincos na orelha dos bebês! Isso pode, né?!”.
Silêncio geral.
Cotinha --- perdida no meio da confusão geral, ainda estava pensando sobre circuncisão feminina, muito comum em certas interpretações radical do Islamismo e praticada largamente na África --- estava literalmente pálida!
Em algum lugar havia lido que cortar o clitóris das meninas era a mesma coisa que decepar o prepúcio nos meninos!
Já que estavam falando sobre ‘cortar’ isso ou aquilo e o assunto misturava-se com dor, ritual, infecção, batismo e outros babados, novamente Joãozinho intervém: “por que então ‘arrancar’ as amigdalas? Não é a mesma coisa? Dor por dor, ora bolas...”. Joãozinho fora operado da garganta! E doía!
Alguém na hora sugeriu --- com aquele olhar típico de Marina Silva --- quem nem mesmo amigdala infecionada hoje em dia precisava ‘tirar’. Gargarejo com sal e limão resolvia!
A essa altura o professor queria enforcar Joaozinho e chamar um médico para acudir Cotinha que continuava pálida, branca como giz; a qualquer momento apagaria.
“Isso não pode continuar!”, pensou o professor, “a igreja vai dividir-se ao meio por conta de um assunto desses!!”.
Foi quando apareceu Genésio. Presbítero consagrado, homem da paz, muito querido entre os irmãos.
‘Seu’ Genésio, como era chamado por todos, fora profissional competente, agora aposentado, e por anos dono daquilo que antigamente se chamava de ‘açougue’, mas agora tinha o politicamente correto de ‘casa de carnes’.
Joãozinho não disse nada quando Genésio começou a falar. Na verdade, ele sabia, Genésio tinha um apelido, era ‘seu Filizola’. O mesmo nome das balanças que usara por anos no seu comércio. ‘Seu’ Genésio era gordo!
Falando pausadamente como quem afia uma faca, ‘seu’ Genésio, ou ‘Filizola’, como queria Joãozinho, tomou a palavra.
“Meus irmãos e irmãs”, --- o coração de Cotinha pareceu sair-lhe à boca, ela só ouvira a combinação ‘circuncisão-e-açougue’ --- “Judeus e Muçulmanos tradicionalmente circuncidam seus filhos...”.
De vez em quando ‘seu’ Genésio olhava para Cotinha que voltava a entrar em estado de pânico total; lívida, diante das palavras e dos olhares do gordo ‘seu Filizola’, com aquela voz de faca de cozinha no amolador.
Bastava ele repetir, “irmãs”, que Cotinha caia no desespero total.
“Circuncisão, meus irmãos e irmãs” --- já caminhando para a conclusão de seu raciocínio --- tem aquela vantagem da higiene pessoal na vida do bebê, evitando, no futuro, possíveis doenças sexualmente transmissíveis e fazendo com que a relação sexual entre marido e mulher seja prazerosa”. E arrematou: “meus quatro filhos foram circuncidados”.
Foi nessa hora que Cotinha subitamente viu a luz!
Cotinha era noiva de Asdrúbal, o filho mais novo do ‘seu’ Genésio... e o casamento estava marcado para o mês seguinte!
Joãozinho pede a palavra e pergunta qual o porquê da abolição da circuncisão, e qual a razão das mulheres não serem circuncidadas?
Estava armado o barraco! O que salvaria o professor seria o final da aula.
Na Alemanha um juiz distrital de Cologne determinou que doravante o ritual da circuncisão é crime: viola o direito fundamental de uma criança à sua integridade física.
Nada de cortar e jogar no lixo a pele dos garotos. No futuro eles decidirão se querem ou não cortar. “Devolvam meu prepúcio!”, diria Joãozinho.
Se há uma coisa que evangélico faz há 500 anos é deitar e rolar em cima da Bíblia e enrolar. Diante de um texto complicado ele amacia e aplica toda sorte de alegorias. Quando conveniente, busca o sentido literal, dependendo do grau de ortodoxia. A tipológica, então, é a preferida nas biografias morais. Davi é sempre a bola da vez.
Os Presbiterianos de todos os matizes fazem, sem pestanejar, aquela ‘ponte’ entre Gênesis 17 e Colossenses 2:11-12 (batismo como substituto da circuncisão), passando ao largo de Atos 16:1-3 (circuncisão de Timóteo).
Os vendedores de bugigangas teológicas vão em I Coríntios 9:19-23 para ‘justificar’ Paulo, fazendo a distinção entre coisas obrigatórias (da Lei), e a liberdade para praticar outras (na Lei).
O Estado entrou nessa de abolir prática com 5000 anos de tradição Judaica, “que tal abolir o batismo dos cristãos também; afinal, crianças já morreram afogadas na pia batismal!”. Joãozinho injeta mais lenha na fogueira.
Presbiteriano que era não deixou por menos, “os Batistas adorariam jogar essa contra nós: batizem adultos para evitar problemas de afogamento!”.
E mais, continuou, “se circuncisão parece coisa de gente não civilizada”, indagou, diante da oposição de muitos ali que achavam que circuncidar um bebê não era legal --- daí justificar o batismo --- sobretudo por causa da dor, do corte, a possibilidade de infecção, perguntou, “qual a razão de muitos aqui colocar brincos na orelha dos bebês! Isso pode, né?!”.
Silêncio geral.
Cotinha --- perdida no meio da confusão geral, ainda estava pensando sobre circuncisão feminina, muito comum em certas interpretações radical do Islamismo e praticada largamente na África --- estava literalmente pálida!
Em algum lugar havia lido que cortar o clitóris das meninas era a mesma coisa que decepar o prepúcio nos meninos!
Já que estavam falando sobre ‘cortar’ isso ou aquilo e o assunto misturava-se com dor, ritual, infecção, batismo e outros babados, novamente Joãozinho intervém: “por que então ‘arrancar’ as amigdalas? Não é a mesma coisa? Dor por dor, ora bolas...”. Joãozinho fora operado da garganta! E doía!
Alguém na hora sugeriu --- com aquele olhar típico de Marina Silva --- quem nem mesmo amigdala infecionada hoje em dia precisava ‘tirar’. Gargarejo com sal e limão resolvia!
A essa altura o professor queria enforcar Joaozinho e chamar um médico para acudir Cotinha que continuava pálida, branca como giz; a qualquer momento apagaria.
“Isso não pode continuar!”, pensou o professor, “a igreja vai dividir-se ao meio por conta de um assunto desses!!”.
Foi quando apareceu Genésio. Presbítero consagrado, homem da paz, muito querido entre os irmãos.
‘Seu’ Genésio, como era chamado por todos, fora profissional competente, agora aposentado, e por anos dono daquilo que antigamente se chamava de ‘açougue’, mas agora tinha o politicamente correto de ‘casa de carnes’.
Joãozinho não disse nada quando Genésio começou a falar. Na verdade, ele sabia, Genésio tinha um apelido, era ‘seu Filizola’. O mesmo nome das balanças que usara por anos no seu comércio. ‘Seu’ Genésio era gordo!
Falando pausadamente como quem afia uma faca, ‘seu’ Genésio, ou ‘Filizola’, como queria Joãozinho, tomou a palavra.
“Meus irmãos e irmãs”, --- o coração de Cotinha pareceu sair-lhe à boca, ela só ouvira a combinação ‘circuncisão-e-açougue’ --- “Judeus e Muçulmanos tradicionalmente circuncidam seus filhos...”.
De vez em quando ‘seu’ Genésio olhava para Cotinha que voltava a entrar em estado de pânico total; lívida, diante das palavras e dos olhares do gordo ‘seu Filizola’, com aquela voz de faca de cozinha no amolador.
Bastava ele repetir, “irmãs”, que Cotinha caia no desespero total.
“Circuncisão, meus irmãos e irmãs” --- já caminhando para a conclusão de seu raciocínio --- tem aquela vantagem da higiene pessoal na vida do bebê, evitando, no futuro, possíveis doenças sexualmente transmissíveis e fazendo com que a relação sexual entre marido e mulher seja prazerosa”. E arrematou: “meus quatro filhos foram circuncidados”.
Foi nessa hora que Cotinha subitamente viu a luz!
Cotinha era noiva de Asdrúbal, o filho mais novo do ‘seu’ Genésio... e o casamento estava marcado para o mês seguinte!
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