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Palavra do leitor

Caiu do cavalo!

Semana anterior à minha viagem, um pouco antes do almoço, conversávamos minha esposa e eu quando minha sogra chegou. A nossa conversa, como uma metralhadora giratória, cobria uma multidão de assuntos. Entre eles esse: o apóstolo Paulo ‘caíra do cavalo’ a caminho de Damasco, disse minha sogra com a anuência de minha esposa.

Que Paulo fora ‘jogado ao chão’ eu sabia pela descrição textual, mas que estava a cavalo eu achara estranho. Atos não fala isso, lembrei-me. Se você for ao Google e digitar ‘Paulo Damasco cavalo’ você encontrará pilherias contra aqueles que acham que Paulo estava a cavalo. Alguns dirão, “Não interessa! Podia estar a cavalo, a pé, numa liteira...”.

Até aí tudo bem. Podia estar mesmo a cavalo. Mas a conversa esquentou quanto ao assunto foi acrescentado o tradicional ingrediente do chamado ‘argumento da autoridade’.

Funciona assim: uma autoridade (Pastor, por exemplo. O Malafaia é um exemplo perfeito e acabado. Os teólogos ‘Reformados’ então, são os melhores aqui no ULTIMATO!) diz uma coisa e por ser ele o pastor ou o teólogo de plantão, a declaração passa ser verdadeira, consistente ou confiável.

Normalmente a pessoa diz, “é, mas o pastor da minha igreja disse que...”. E no caso o pastor dissera que Paulo caíra do cavalo e não houve meio de convencer a minha sogra de que não tinha cavalo coisa nenhuma.

Por uns bons minutos tentou-se de tudo quanto foi meios legítimos de sair do impasse que enfiasse ou tirasse o cavalo na estrada de Damasco.

A tentativa não era tanto de salvar a conversa, nem Paulo, mas preservar de alguma forma a explicação que o pastor (para não desacreditá-lo) e de quebra manter o texto bíblico enfiando lá uma possibilidade factual (um cavalo) que não fizesse mal ao final da narrativa. Batistas e Presbiterianos são capazes de brigarem por volume de água! Por quê não um quarto de milha em Damasco? Os dois lados apelam à bíblia. Os dois lados (Presbiterianos e Batistas no caso do batismo) alegam fazer justiça ao texto. E justamente quem mais apanha, é a bíblia.

Tirei uma de Paulo e fiz como ele: joguei a questão da ressurreição (no caso, o cavalo) entre Saduceus e Fariseus e deixei o circo pegar fogo!

Veja o caso, por exemplo de Gênesis 12 e Gênesis 20 e as mandrágoras entre Lia, Raquel e Jacó. Abrahão fez um negócio moralmente errado que em português tem um nome muito apropriado, e no caso de Lia e Raquel também tem um nome adequado. Pois bem, o que eu ouvi da minha sogra não estava escrito no texto. De apóstata a infiel, de desrespeitoso com as Escrituras a beócio com respeito a fé, experimentei ranger de dentes.

Faço um puxadinho, saio do cavalo e vou para os textos acima de Gênesis. O que já ouvi de explicação na forma de sermão para dar sentido sobre esses textos que mencionei e uma multidão de outros, é de causar espanto à lógica, à história e sobretudo ao texto.

Basicamente não se admite que a bíblia queira dizer aquilo que está escrito que Abrahão, Sara, Lia, Raquel e Jacó fizeram. Na tentativa de ‘preservar’ o texto bíblico, acaba-se por criar um escândalo maior.

Certo pastor abriu o texto de Gênesis que tratava da criação de Eva, e olhando para o alto, dramatizando o evento da criação da mulher para a alegria de Adão, disse em voz alta, do púlpito, “... e deu Deus Eva a Adão e tinha Eva...”. Ao baixar a cabeça à procura do texto, não percebera que as páginas da bíblia tinham virado e caíra na descrição da Arca de Noé. E continuou: “... e tinha Eva 300 côvados de comprimento, cinqüenta côvados de largura e trinta de altura, e era betumada nas juntas...” .

Pelo olhar dos ouvintes ele percebera que algo errado tinha acontecido e tratou de consertar: 40 anos de pastorado naquela igreja, cabelos brancos, emendou, apelando para o ‘argumento da autoridade’: “Meus irmãos, é verdade que naquela época as mulheres eram gordas, largas e altas; mas que elas eram betumadas nas juntas, só mesmo pela fé!”.

Se há uma coisa que abunda hoje em dia, não é a graça, mas a coisa mais sem graça, sobretudo na TV: o 'argumento da autoridade'.
P - RN
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