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Palavra do leitor

Até que ponto a dor nos ensina?

‘’Talvez não precisamos mais de tantas promessas, mas, simplesmente, de pessoas que sentem, ao lado, e escutem, e permitam as lágrimas descer pelas ladeiras da alma, e não venham com uma cartilha de justificativas’’.

Texto Áureo: 2 Samuel 18. 24-33

Até que ponto a dor nos ensina? De certo, muitas pessoas acreditam haver sempre uma lição a ser extraída de situações acarretadoras de dores (as dores da perda de um ente, de uma separação conjugal, de uma falência, de um sonho que se desmancha, de uma profissão que se transforma num peso, de uma leitura da vida, como uma perda de tempo). Afinal de contas, a dor nos mostra questões a serem tratadas, como alguma disfunção, em nosso organismo. Por ora, não adentro nessa dimensão a ser abordada.

Simplesmente, ouso colocar determinadas posições nos seus devidos lugares. Digo isso, adeptos de práticas espirituais veem a dor, como uma forma de nos desprendermos de tudo aquilo, a qual nos faz apegados, nos ajuda a sobrepujar nossos próprios medos e obscuridades. Quantas pessoas participam de encontros voltados a, entre as práticas de enfrentar as mesmas, passarem por um tapete de carvão quente, por exemplo. Não por menos, ouço ecos de que a dor pode representar uma vontade divina, uma forma de evoluirmos, uma oportunidade para sermos melhores.

Sinceramente, finco as estacas na coragem para dizer, em bom e alto som, a vida nem sempre (e porque não é mesmo), como os contos de fadas, por ser aleatória, por não distinguir entre bons e maus, entre ricos e pobres, entre devotos e ateus, entre eu e você.

Devo declarar, com honestidade e sinceridade, sem a intenção de me valer de tratados e teses profundas para reconhecer o quão ainda faz bem viver e ser invadido pelas variações das estações, pelo pôr do sol, pelo sorriso de uma criança, pelas emoções e pelos afetos da paixão, pelo encontro de peles, pelo enlace de lágrimas, pelo abraço de gerações, pelos atos de misericórdia, de justiça, de esperança e, enfim, de ir além de uma existência, sem o lúdico, sem ser um pouco palhaço, sem ser um pouco mágico, sem ser um pouco adolescente, sem ser um pouco e mais e mais um pouco coração.

Sempre é de bom parecer dizer, como somos levados a justificativas para tudo, quando não há. Vou adiante, qual a minha legitimidade para arrazoar, com um homem marcado pela perda de sua companheira? Qual o meu alicerce, diante de uma mãe enlutada, pela perda de seu filho, a efeito de dizer que tudo faz parte de uma permissão de Deus?

Atentemos, não falo, aqui, da dor resultante de anomalias de ordem biológica, genética, mas sim de não aceitar, como se isso nos trouxesse sentido e finalidade, as dores de rupturas que doem e doem mesmo. Tristemente, como somos facilmente persuadidos por soterrar tudo, com as argumentações de que Deus sabe o que é o melhor, de que lá na frente – você vai compreende e será que isso acaba por ser a melhor das respostas.

De observar, eis o desafio de pararmos de esconder acontecimentos que bem que queríamos outros caminhos e encarar isso nos tira muitos anos de por que (s). Lá no fundo, quanto mais teimarmos encontrar Deus, em meio ao emaranhado de justificativas e do destino (como já estava escrito, pré-determinado, tinha de acontecer), vamos nos arrebentar ainda mais.

Não nego a fé na graça das boas novas e isso me faz mergulhar no evangelho da coragem, da transparência para, em determinados momentos, colocar as mãos sobre a pia do banheiro, olhar para o espelho e chorar (chorar, porque aquele sim, no altar, trazia tantas expectativas; chorar, porque aquele ministério despontava para tantas realizações; chorar, porque não tinha a intenção de ver amizades se desfazerem; chorar, porque tinha de ser comigo, sem nenhuma síndrome de vitimização; chorar, porque a morte não poderia vir, numa outra hora; chorar, porque as fotos da alma não se apagam).

Vale anotar, ainda, sejamos humildades e sensíveis, com quem trilha pela dor, deixá-lás sentirem raivas e indignações, não tirar delas que as rasuras ficaram, embora não definem quem são, de não fazer da dor uma experiência acima da Graça das boas novas, acima da vida, acima do nosso encontro, com o próximo.
Baruch Há Shem!
São Paulo - SP
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