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Palavra do leitor

Assistencialismo eclesiástico

Inicio essa reflexão fazendo uma breve distinção entre Assistência Social e Assistencialismo: Assistência Social é direito e está na Constituição Federal de 1988 (Art. 203), já Assistencialismo é uma prática individual e voluntária direcionada a pessoas vulneráveis social e/ou economicamente.

Pois bem, falado isso digo que recentemente li o tuíte de um líder religioso brasileiro que incentivava a comunidade cristã a atentar-se ao pobre, conforme nos instrui o texto sagrado, e considerando o nosso contexto político nacional que anda preso na dicotomia partidária que encerra qualquer tentativa de debate público entre: "isso é pauta de esquerda ou isso é pauta de direita" a postagem rendeu vários comentários, críticos e de apoio. Mas o que mais me chamou a atenção foi o comentário do perfil de um homem que questionava se esse tipo de observação - o cuidado com o pobre - era parte da tarefa da igreja. Veja, estamos em 2020 e essa dúvida persiste!

Pensei vários dias acerca desse comentário e acredito profundamente que a prática da fé cristã no Brasil ainda sofra os reflexos de um processo colonizador e catequizador/evangelizador europeu, ou seja, a herança colonial interfere na maneira como nos percebemos enquanto povo, e também reflete nas nossas práticas religiosas.

O que quero dizer é que o comportamento "Brasil colônia" ainda persiste no "Brasil República" e de forma contundente, afinal como poderíamos melhor traduzir a fragilidade de apropriação dos direitos civis nessa nação? Posso lhes fazer uma provocação simples: você acredita que o Programa Bolsa Família é um direito ou um favor? Você entende que esse Programa Federal de Transferência Direta de Renda é benéfico ou maléfico para a economia nacional?

Ao que me parece a igreja cristã brasileira tem um histórico longo com a prática do "Assistencialismo" e caminha a passos lentos no seu envolvimento com a construção de Políticas Públicas, ou seja, não é de hoje que a prática assistencialista apazigua corações cristãos, afinal o compromisso com a provisão de algumas dezenas de cestas básicas para a comunidade vizinha tranquiliza muito mais rápido as nossas consciências de bons e piedosos cristãos do que o compromisso com a construção de uma sociedade equitativa, não é mesmo?! As tais cestas básicas são um favor, porque nós somos pessoas boas, estamos salvos da condenação eterna e o outro precisa dessa salvação, eu posso ajudar a salvá-lo e de quebra, alimentá-lo.

Então, a igreja precisa mesmo investir recursos para acudir ao pobre? Devemos nos "preocupar" com isso? Não seria a igreja apenas um lugar onde tratamos de assuntos espirituais? Por que o favor para o pobre deve ser um problema também da igreja?
Há quem diga que não é um problema da igreja, há quem diga que isso é um dever exclusivo do Estado, há quem queira massagear o ego religioso dizendo:" Vejam, coitados! São menores do que nós, precisam do nosso favor!" Tal qual o processo colonizador nos ensinou muito bem!

Finalizo afirmando que diante da problemática sugerida, não quero condenar as ações voluntárias das igrejas, isso não faria sentido. Sugiro apenas que a tarefa da igreja não se encerra nelas, sendo necessário debruçar-se sobre os aspectos do exercício pleno da cidadania e de direitos já garantidos por lei.
Quem sabe assim não precisemos mais ter dúvidas sobre a responsabilidade eclesiástica para com todos os indivíduos?

O que lemos em Provérbios 22:9 "O homem generoso será abençoado, porquanto reparte seu pão com o necessitado", serve tanto para práticas assistencialistas quanto para a estruturação da assistência social de um país. Pois posso dividir o meu alimento particular como também posso pensar em como não faltar alimento na mesa de ninguém no Brasil.

Será que a igreja pode avançar nesse debate?
Niterói - RJ
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