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Palavra do leitor

As gavetas para o perdão!

"O nosso maior dilema, quando se fala em perdão, não ocorre fazer a escolha entre algo bom ou mau ou entre o bem e o mal ou entre o certo e o errado, mas sim entre o direito de fazer uma escolha, quando ambas são boas, são legítimas, são válidas e são aceitáveis’’.

Texto Gênesis 50.16-18

O maior dilema, o que mais aflige, o que mais incomoda o ser humano, quando vitima de uma situação de mágoa, de traição, de abandono, de ofensa, de ingratidão, de abuso, de arbitrariedade e outras formas de escolhas, feitas por outros? Quando trago à memória as peças Hamlet, as tragédias gregas de Esquilo, o Conde de Monte de Cristo, percebo o quanto a questão da vingança, de dar o troco, de ir a desforra, de pagar com a mesma moeda mexe e remexe, conosco. A vingança, embora possa ser algo perturbador, atrai-nos, como uma atração, as vezes, irrecusável e até justificável. O escritor Francis Banco, no Século 15 traça quatro aspectos sobre a vingança, como nos sentimos atraídos, pela mesma, como se manifesta naturalmente, em nós, como assemelha-se com a justiça, mas não é a mesma, como tem a capacidade de anular nossas faces mais nobres, mais louváveis, mais virtuosas. De certo, quem não já ouviu, ‘’como é doce a vingança’’ ou ‘’a vingança é um prato que se come frio’’, entretanto, estamos diante de uma expressão errônea, porque suas palavras autênticas apontam para Milton, em Paraíso Perdido: ‘’a vingança, embora no início doce, torna-se amarga quando volta para si mesma.

Eis o embate lacerador e dilacerador, em nosso ser, porque uma parte reivindica a reparação, a punição, não deixar para lá, devido ao que a pessoa nos fez e, em contrapartida, outra parte de nós, do nosso ser, enfrenta a sensação de se rebaixar, de se diminuir, de se desqualificar ao patrocinar, ao redigir, ao atribuir essa dor, aquele que nos atingiu. Então, como proceder, em situações marcadas por rupturas causadas por alguém e, categoricamente, nos arrebentou, nos desfigurou, nos deixou legados profundos de dor e dissabores? Sem sombra de dúvida, não disponho e não tenho nenhuma formula, nenhuma mágica, nenhum antídoto pronto e acabado. Simplesmente, o perdão não representa deletar, apagar tudo, fingir que nada aconteceu e traz a questão da reconciliação para sobrepujar, para superar, para ir adiante, em meio aos estilhaços de quem nos atingiu. Afinal de contas, deveríamos perguntar, como perdoar, como se perdoar, como abrir essas gavetas do reconciliar-se, do se refazer, do redefinir suas leituras da vida?

Particularmente, evito receitas prontas, técnicas e sistemas, como se fosse aplicado para todos. Agora, posso citar a importância de abrirmos as quatro gavetas do perdão. A começar, narre sua história, isso ajuda a olhar para sua realidade e seus escombros, a qual pode ser feita, através de uma agenda, de um caderno, de uma folha ou de folhas e, caso consinta, partilhe com uma pessoa de sua confiança, porque o preserva de mergulhar num trauma de remorso e culpa, de acusação e desgaste de si mesmo. Não fuja da constatação de que os acontecimentos são perceptíveis, desencadearam e desencadeiam momentos de tensões, tanto nas emoções quanto em todo o seu ser. Não se envergonhe de reconhecer, ainda causa dor, ainda dói, ainda bate forte, ainda machuca. É bem verdade, somos propensos a retaliação, a procurar alguma punição, mesmo que haja justificativa para correspondentes posições, ainda assim, todos somos humanos, todos estamos sujeitos a magoar, a acarretar prejuízos uns pelos outros.

Vale anotar, se aceitamos nossa humanidade, nossas vulnerabilidades e fragilidades, de que somos narrativas, com cicatrizes na existência, temos condições de não adotar o direito presumido da vingança, de dar o troco, de ir a desforra e se abrir para a dimensão do se refazer, do renovar, da cura e da reconciliação. Devo pontuar, não quero dizer e muito menos fazer vistas grossas para as escolhas danosas e que devem ser assumidas por seus interlocutores, autores e protagonistas, mas com a consciência de não nos adoecermos num redemoinho de perseguições, de destruições, de ruínas e de um prazer mórbido que não nos faz inteiros.

Deveras, viver ocorre por meio de dramas, de tensões, de oposições e no cenário entre os mais íntimos, os mais próximos, os mais chegados acabamos inclinados a magoar e sermos magoados e a trama percorrida por José descreveu, muito bem, as questões ora levantadas. Sempre é de bom parecer destacar sobre a relevância de respeitarmos aqueles, aos quais mesmo tendo aberto as gavetas do perdão, preferiram não renovar o relacionamento e o encerraram. Ora, será essa afirmação uma contradição, da minha parte? Acredito e reservo-me a admitir o não, uma vez que embora toda a renovação traga mudanças benéficas, do nosso encontro com alguém; as vezes, ao encerramos o relacionamento ou a proximidade ou aquela intimidade, ajuda-nos seguir adiante, com ênfase a querer o melhor para o outro, evitar mais dissabores.
São Paulo - SP
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