Adoração Racional

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Adorar a Deus não se resume simplesmente a frequentar uma igreja, a cumprir normas estabelecidas e a reproduzir verdades bíblicas ou mesmo proclamá-las fervorosamente com o intuito evangelístico. A adoração a Deus expressa primariamente o encantamento do homem ao vislumbrar aspectos do caráter divino, ou ao vislumbrar expressões exatas do caráter divino, as quais chamamos atributos. É a partir dessa descoberta magnífica que conscientiza o indivíduo da grandeza e infinitude do Ser de Deus e da pequenez e limitação humana, que a adoração se inicia, pois ela se torna racional, consciente, direcionada, espiritual e verdadeira.
A adoração centrada em Deus não enfatiza o homem e nem sequer apela para as suas emoções transitórias. Não é voltada para satisfazer as necessidades humanas, mas é uma demonstração de gratidão e reconhecimento por tudo o que Deus fez, faz e pela pessoa Dele. É uma adoração pautada nos ensinos escriturísticos, desde o louvor, propriamente dito, à pregação - tudo exaltando a pessoa de Cristo. A adoração centrada em Deus não se resume em atos do culto, mas a uma vida cotidiana onde os atributos divinos se expressam nos diversos segmentos da vida, em uma abrangência ampla e testemunhal, seja na família, no trabalho, nos estudos,nos entretenimentos, em todo tempo.
Arthur W, Pink afirma: "As pessoas imaginam que, se elas frequentarem um culto religioso, forem reverentes em seu comportamento, participarem do período de hinos, ouvirem respeitosamente o pregador, e contribuírem com ofertas, então realmente adoram a Deus. Pobres almas iludidas [...] contra toda essa ilusão temos as palavras de Cristo em João 4.24 "Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade"".
A parábola do fariseu e do publicano relatada no Evangelho de São Lucas 18.9-14 descreve a cegueira espiritual do "adorador" que se exaltava pela condição que lhe proporcionava a confiança: ele orava, cumpria a Lei, jejuava e dizimava. A condição que lhe proporcionava confiança era o fato de ser um "cumpridor da Lei". Ainda há cristãos e não poucos que da mesma forma compreendem. Tentam cumprir a Lei, se submetem à Palavra, compreendem o Senhor como soberano criador, mas não compreendem as suas próprias limitações, que os fariam entender a profunda necessidade de um relacionamento íntimo que ultrapassa ritos e normas.
Arthur W. Pink também cita alguns obstáculos no que diz respeito a adoração, dentre os quais destaco um: a falha em julgar a nós mesmos. Assim como a parábola do fariseu, não são poucas as pessoas que possuem extrema dificuldade de uma autoanálise, uma autoavaliação. No entanto, as Escrituras afirmam tal necessidade: "examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos..." 2 Co 13.5
"Examine-se pois o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice" . Há uma necessidade do autoexame para estar em comunhão com Cristo.
A adoração se firma pelo conhecimento que invade não só a mente, mas o coração. Ou seja, toda racionalidade se faz desejosa não apenas do conhecimento teórico, mas do conhecimento experiencial, onde a verdade é vivida e não apenas entendida.

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Opinião do leitor