Palavra do leitor
01 de julho de 2025- Visualizações: 1029
comente!- +A
- -A
-
compartilhar
A voz que vem do coração
Quando a palavra é semente e o silêncio, oração
Por Valdecio Gama
"A boca fala do que está cheio o coração."
(Lucas 6:45, NVI)
Há palavras que perfuram, e outras que cicatrizam. Algumas nos atravessam como lanças; outras, nos envolvem como um cobertor quente numa noite fria. Vivemos imersos em um mundo falante, barulhento, saturado de sons que se atropelam.
É necessário silenciar o barulho externo e voltar ao centro de nós mesmos, onde a palavra nasce — não do ego — mas do silêncio que escuta, da dor que compreende, da presença que acolhe.
No Evangelho, Jesus não foi apenas o Verbo encarnado — Ele foi a palavra encarnada no gesto, o silêncio encarnado no olhar, o amor encarnado na fala. Quando dizia "Bem-aventurados os puros de coração" (Mateus 5:8), não falava ao intelecto, mas à consciência profunda, onde mora a inteireza do ser.
Falar com o coração começa no exato instante em que aprendemos a ouvir com o espírito. Ouvir não só o que o outro diz, mas o que o outro cala — palavras que ainda não foram ditas, aguardando serem escolhidas com amor.
Falar com o coração não é dizer tudo o que se pensa. É pensar com compaixão o que se diz. É examinar o coração como um lugar sagrado — mantendo-o limpo, puro, livre de vaidade, rancor e orgulho. Assim, a palavra deixa de ser ruído e se torna semente.
As Escrituras nos recordam:
"Se eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, mas não tivesse amor, seria como um sino que soa vazio."
(1 Coríntios 13:1, NVI)
Não é o volume que toca, é o conteúdo que vibra.
Vivemos dias em que ter ideias se tornou mais comum do que viver ideias. A superficialidade das conversas revelou um abismo: sabemos nomear os sentimentos, mas poucos os habitam.
Melhor ser a voz que clama no deserto do que um eco num salão vazio.
Viver o que se diz, dizer o que se vive.
A palavra que cura é a palavra vivida.
O Cristo, ao dizer "Pai, perdoa-lhes" (Lucas 23:34), não apenas ensinou o perdão — Ele entregou o perdão com a própria voz. Sua palavra foi cruz, foi sangue, foi entrega.
Falar com o coração, portanto, é deixar um rastro de bem, mesmo sem saber onde cairá a semente.
É não buscar convencer, mas entregar.
É transformar a palavra em oferta de amor, não para aplausos, mas para silêncio interior.
E quando finalmente silenciamos o ruído do ego, ouvimos a batida mansa de Deus que ainda fala.
E fala com o coração.
Oração
Senhor,
eu venho a Ti,
sem ruídos,
sem pressa,
sem defesas.
Hoje, eu não venho falar muito…
venho só ficar.
Ficar Contigo.
Sentar-me à beira da Tua presença
como quem escuta uma canção suave
vinda do céu.
Eu calo a minha alma,
para ouvir o que só o Teu silêncio diz.
Aquieto meus pensamentos,
para que o Teu Espírito tenha espaço para sussurrar.
Fala comigo, Pai,
não com trovões,
mas com a brisa leve.
Não com fórmulas,
mas com a melodia que toca onde ninguém mais alcança.
Afina meu coração ao som do Teu amor.
Rege meus passos com a harmonia da Tua vontade.
Guia-me como quem guia uma canção:
com cadência,
com propósito,
com beleza.
No compasso do Teu tempo,
descanso.
Na nota da Tua graça,
me refaço.
Na pausa do Teu cuidado,
sou inteiro.
Hoje, não quero correr,
nem pedir,
nem me explicar.
Só quero Te ouvir.
Mesmo que seja em silêncio.
Mesmo que seja com lágrimas.
Mesmo que seja apenas com um suspiro.
Porque quando o Senhor fala,
mesmo o que é mudo ganha som.
E mesmo o que é quebrado
se refaz em paz.
Amém.
Nota de inspiração
Este texto é fruto de uma reflexão pessoal provocada pela palestra "A Arte de Falar com o Coração", de Lúcia Helena Galvão (Nova Acrópole, 2025). As ideias aqui apresentadas foram desenvolvidas à luz da espiritualidade cristã e da meditação bíblica.
Referências:
Bíblia Sagrada, Nova Versão Internacional – NVI
Galvão, Lúcia Helena. A Arte de Falar com o Coração. Nova Acrópole, 2025.
Evangelhos Sinóticos (Mateus, Lucas).
Cartas Paulinas (1 Coríntios)
Por Valdecio Gama
"A boca fala do que está cheio o coração."
(Lucas 6:45, NVI)
Há palavras que perfuram, e outras que cicatrizam. Algumas nos atravessam como lanças; outras, nos envolvem como um cobertor quente numa noite fria. Vivemos imersos em um mundo falante, barulhento, saturado de sons que se atropelam.
É necessário silenciar o barulho externo e voltar ao centro de nós mesmos, onde a palavra nasce — não do ego — mas do silêncio que escuta, da dor que compreende, da presença que acolhe.
No Evangelho, Jesus não foi apenas o Verbo encarnado — Ele foi a palavra encarnada no gesto, o silêncio encarnado no olhar, o amor encarnado na fala. Quando dizia "Bem-aventurados os puros de coração" (Mateus 5:8), não falava ao intelecto, mas à consciência profunda, onde mora a inteireza do ser.
Falar com o coração começa no exato instante em que aprendemos a ouvir com o espírito. Ouvir não só o que o outro diz, mas o que o outro cala — palavras que ainda não foram ditas, aguardando serem escolhidas com amor.
Falar com o coração não é dizer tudo o que se pensa. É pensar com compaixão o que se diz. É examinar o coração como um lugar sagrado — mantendo-o limpo, puro, livre de vaidade, rancor e orgulho. Assim, a palavra deixa de ser ruído e se torna semente.
As Escrituras nos recordam:
"Se eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, mas não tivesse amor, seria como um sino que soa vazio."
(1 Coríntios 13:1, NVI)
Não é o volume que toca, é o conteúdo que vibra.
Vivemos dias em que ter ideias se tornou mais comum do que viver ideias. A superficialidade das conversas revelou um abismo: sabemos nomear os sentimentos, mas poucos os habitam.
Melhor ser a voz que clama no deserto do que um eco num salão vazio.
Viver o que se diz, dizer o que se vive.
A palavra que cura é a palavra vivida.
O Cristo, ao dizer "Pai, perdoa-lhes" (Lucas 23:34), não apenas ensinou o perdão — Ele entregou o perdão com a própria voz. Sua palavra foi cruz, foi sangue, foi entrega.
Falar com o coração, portanto, é deixar um rastro de bem, mesmo sem saber onde cairá a semente.
É não buscar convencer, mas entregar.
É transformar a palavra em oferta de amor, não para aplausos, mas para silêncio interior.
E quando finalmente silenciamos o ruído do ego, ouvimos a batida mansa de Deus que ainda fala.
E fala com o coração.
Oração
Senhor,
eu venho a Ti,
sem ruídos,
sem pressa,
sem defesas.
Hoje, eu não venho falar muito…
venho só ficar.
Ficar Contigo.
Sentar-me à beira da Tua presença
como quem escuta uma canção suave
vinda do céu.
Eu calo a minha alma,
para ouvir o que só o Teu silêncio diz.
Aquieto meus pensamentos,
para que o Teu Espírito tenha espaço para sussurrar.
Fala comigo, Pai,
não com trovões,
mas com a brisa leve.
Não com fórmulas,
mas com a melodia que toca onde ninguém mais alcança.
Afina meu coração ao som do Teu amor.
Rege meus passos com a harmonia da Tua vontade.
Guia-me como quem guia uma canção:
com cadência,
com propósito,
com beleza.
No compasso do Teu tempo,
descanso.
Na nota da Tua graça,
me refaço.
Na pausa do Teu cuidado,
sou inteiro.
Hoje, não quero correr,
nem pedir,
nem me explicar.
Só quero Te ouvir.
Mesmo que seja em silêncio.
Mesmo que seja com lágrimas.
Mesmo que seja apenas com um suspiro.
Porque quando o Senhor fala,
mesmo o que é mudo ganha som.
E mesmo o que é quebrado
se refaz em paz.
Amém.
Nota de inspiração
Este texto é fruto de uma reflexão pessoal provocada pela palestra "A Arte de Falar com o Coração", de Lúcia Helena Galvão (Nova Acrópole, 2025). As ideias aqui apresentadas foram desenvolvidas à luz da espiritualidade cristã e da meditação bíblica.
Referências:
Bíblia Sagrada, Nova Versão Internacional – NVI
Galvão, Lúcia Helena. A Arte de Falar com o Coração. Nova Acrópole, 2025.
Evangelhos Sinóticos (Mateus, Lucas).
Cartas Paulinas (1 Coríntios)
Os artigos e comentários publicados na seção Palavra do Leitor são de única e exclusiva responsabilidade
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
01 de julho de 2025- Visualizações: 1029
comente!- +A
- -A
-
compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.

Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Revista Ultimato
- +lidos
- +comentados
(31)3611 8500
(31)99437 0043





 copiar.jpg&largura=49&altura=65&opt=adaptativa)


