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Palavra do leitor

A vida na dimensão do lamento

Jesus chorou (Jo 11:35)

Tem momentos em que a vida nos joga na dimensão do lamento.

Esse momento é importante na vida, pois, despedaça castelos de areia, estoura nossas bolhas de sabão, acaba de vez com as ilusões que alimentamos, restando somente pra nós a realidade.

Essa realidade iconoclasta, que despedaça nossas imagens construídas, que triunfa sobre toda projeção que podemos fazer da própria realidade.

A realidade nunca cansa de triunfar sobre a simples ideia que fazemos dela.
(C S Lewis)

Que faz a gente pensar a existência em sua finitude.

Nos joga na dimensão do silêncio, da dor, da qual o próprio salmista encerra seu lamento com uma pergunta pra si: Porque está tão abatida ó minh'alma?
(Salmos 42)

Às vezes a gente passa o dedo na existência e prova e tem gosto de nada.
(Soren Kierkegaard)

Experimentamos o vazio.

Lugar do mistério, onde toda forma de controle é inútil.

Onde não temos conhecimento.

Onde nos resta somente o silêncio e o lamento.

O silêncio do abandono, o silêncio de Deus.

É um silêncio que gera em nós sensibilidade para percebermos que as vezes a vida não requer de nós nada, a não ser o lamento.

O lamento de uma situação inesperada e indesejada.

De uma tragédia.

O lamento da dor, da angústia e do abandono.

Onde o lamento é traduzido em choro.

Esse é momento em que passamos como Brasil e como mundo diante da pandemia, onde mais de dez mil mortes no Brasil nos coloca na vida com os corações aflitos, angustiados, onde não nos resta outra coisa senão o lamento.

O lamento por ver tanta história sendo encerrada, tantas vidas não mais amadas, tantos sonhos encerrados, que agora são lembradas em fotos e nas memórias afetivas dos corações daqueles e daquelas que agora choram e lamentam a perda dessas vidas preciosas.

Mas também é o lamento da sensibilidade da qual podemos sair mais maduros pra vida, mais resolutos, percebendo Deus em nossas dores e andando na vida redescobrindo o lugar de nossa interioridade, de nossas profundezas no qual aquietamos e percebemos o Deus silencioso e presente, imperceptível muitas vezes, mas presente.

Onde percebemos Deus na sua ausência em que fase nenhuma da vida foge ou se esconde diante dele.

Porque nele vivemos, nos movemos e existimos. (Atos 17:28)

Entramos na dimensão da vulnerabilidade, da fraqueza, de nosso ser inacabado.

Então passamos a descobrir a vida nesse paradoxo assim como foi no crucificado.

Anselm Grün comenta: "A transformação das minhas feridas em pérolas significa que eu passo a enxergar minhas feridas como algo precioso. Nas áreas em que eu fui ferido, eu sou mais sensível a outras pessoas. Eu as compreendo melhor. E nos lugares em que eu fui ferido, eu entro em contato com meu próprio coração, com meu próprio ser verdadeiro. Eu desisto da ilusão da minha força, saúde e perfeição. Conscientizo-me da minha fragilidade, e essa consciência me torna mais real, mais humano, mais misericordioso e mais sensível. Meu tesouro se encontra na minha ferida. Aqui, entro em contato comigo mesmo e com minha vocação. Aqui, descubro minhas qualidades. Apenas um médico ferido é capaz de curar."

Aí sim experimentamos a realidade, nossa humanidade, vamos nos tornando seres mais humanos, misericordiosos, empáticos que não desejam se livrar da dor, mas assumi-la, aceitá-la, para então sermos redimidos.

Sermos redimidos de nossas perfeições, presunções, para andarmos despretensiosos e abertos para aprendermos a gestar a vida de outras formas, não como fruto de uma imposição à força, mas fruto de uma vulnerabilidade e fraqueza mansa.

Encontrando dentro de nosso ser inacabado um ponto de partida para uma existência mais qualitativa, viva e solidária com nossas dores.

Uma espiritualidade que não pretende nos levar para céu, mas nos faz experimentar mais o pó da terra, mais o barro, nos tornando mais humanos, na medida em que nos identificamos com o Cristo que chorou e fez do lamento, o ponto em que o silêncio tornou-se um caminho onde nos unimos em nossas decepções e dores, feridas e fracassos, vazios e angústias.

Que a partir desses momentos em que experimentarmos o lamento e o choro de Deus como dimensão de nossa existência, possamos ser conduzidos na fragilidade e vulnerabilidade de nossa humanidade inacabada, mas não sem sermos recriados para uma vivência mais solidária e sensivelmente humana com todas as suas intempéries.
São José Dos Campos - SP
Textos publicados: 18 [ver]
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