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Palavra do leitor

A perpetuidade na história: A última ceia

A última ceia de Yeshua com seus discípulos, trazida, a princípio, como uma história tratada num livro (em um termo bem amplo), torna-se uma memória, já que para cristãos é um momento realizado (mantendo o roteiro original) periodicamente, a fim de relembrar e manter vivo o cenário da ceia. Yeshua almejava que os discípulos repetissem os seus feitos – mimese – assim, tornando a Ceia algo sempre presente ocorrido naquela época, além de estar cumprindo um mandamento, de acordo com a Bíblia:
Também, pegando um pedaço de matzah (pão sem fermento), disse a brakhah (benção), partiu-a e, dando a eles, disse: "Isto é meu corpo, dado por vocês; façam isto em memória de mim". (BÍBLIA, Lucas 22, 19).

Estas ocorrências de memória, tidas como algo para ser repetido e lembrado podem ser observadas em outros momentos, ao longo de todo o livro sagrado. Essa última ceia, por exemplo, que Yeshua realizou é chamada Pessach (Páscoa), que além de um mandamento, é uma festa bíblica, como podemos observar no livro de Vayikra (Levítico) 23, 15: [...] "Guarde a festa de Matzah: durante sete dias, como eu ordenei a você, coma matzah no determinado do mês de aviv (primavera), pois nesse mês, vocês deixaram o Egito". Ressaltando que a última ceia entre Yeshua e seus discípulos refere-e à celebração da Páscoa, mesmo dia em que ele seria crucificado.

Para os judeus, a Páscoa é um memorial (do hebraico: zikkaron), que retoma ao presente a ação que se iniciou quando ocorreu a saída do povo de Deus do Egito - Isso é por causa do que Adonai (o Senhor) fez por mim quando eu saí do Egito. (Sh’mot [Êxodo]) 13, 8) - trazendo a ideia para nós de que o passado está presente, como uma lembrança a ser recordada, relatada na primeira carta de Sha’ul (Paulo) à comunidade de Corinto . "Porque, todas as vezes que vocês comerem este pão e beberem do cálice, anunciam a morte do Senhor até ele vir." (BÍBLIA, 1 Coríntios 11, 26).

Todos os anos, a Páscoa é celebrada durante sete dias, recordando aquele acontecimento ocorrido no século 38, por volta do ano 3790, conforme análise do calendário judaico. A celebração de Pessach inicia-se no dia 15 e vai até o dia 22 do mês de Nissan (meados de Março e Abril, no calendário gregoriano), na qual, como já dito, comemora-se e relembra a libertação do povo judeu da escravidão. Durante este sete dias, retira-se das casas todos os alimentos fermentados (isso inclui-se: biscoitos, pães, farinhas, etc.) e come-se apenas o matzá (pão sem fermento ou pão ázimo). No primeiro dia, então celebra-se o Seder (ceia) em memória ao que aconteceu na época de Yeshua, que tem seu enredo narrado em Lucas 22, 1-20. (detalhado mais adiante).

Além das festas bíblicas, temos outros períodos que nos remetem a noção de memória relatados ao longo de todo o livro sagrado. No Tanack (Antigo Testamento), por exemplo, nos é falado de memória (heb. zeker) ou recordar-se (heb. zakar), tendo estas duas palavras a mesma base zkr (lembrar). Esse lembrar não é apenas relembrar o passado, mas um lembrar atual e ativo, como algo que está sempre presente. Em Sh’mot (Êxodo), capítulo 13, versículos 9 e 10, é trazida a ideia de lembrança, da seguinte forma:
Além disso, isso servirá a você de sinal sobre sua mão e de recordação entre seus olhos, para que a Torah (Lei) de Adonai esteja em seus lábios; pois com mão forte tirou-o do Egito. Portanto, você deve guardar este regulamento no tempo apropriado, ano após ano. (BÍBLIA, Êxodo 13, 9-10, grifos nossos).

A metáfora de que a Lei estará sempre em nossos lábios remete a ideia de memorizarmos e guardarmos os mandamentos de DEUS. O ato de guardar e repetir ano após ano reforça ainda mais o conceito de memória, no sentido de repetir sempre para que não haja esquecimento daquilo que nos foi ordenado.

Outro momento encontra-se em Yirmeyahu (Jeremias), capítulo 31, versículo 33, o qual diz: "Pois esta é a aliança que farei com a casa de Ysra’el (Israel) depois daqueles dias", diz Adonai (o Senhor); "porei minha Torah dentro deles e a escreverei em seu coração; serei o DEUS deles, e eles serão meu povo." Podemos deferir, nesses versículos, que quando DEUS diz que colocará as leis no coração, trata-se de uma forma de memorizar e guardar as leis, a nova aliança .

Em Mishlei (Provérbios) 7, 2-3 isso se complementa, trazendo a noção de guardar as leis em tábuas do coração, vejamos: "Obedeça a meus mandamentos e viva; guarde meus ensinamentos como a menina dos meus olhos. Amarre-os a seus dedos; escreva na tábua do seu coração." Essa imagem é usada como algo para materializar o lugar aonde a Lei será escrita e guardada, ou seja, usada por meio de uma metáfora, no caso, a tábua. Tal assunto tratado por Assman (2011) em seu livro "Espaços da recordação: formas e transformações da memória cultural" (p. 165).
Mariana - MG
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