A barraca do anjo

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Em qualquer idade, vez ou outra, cada um de nós pode passar por alguma questão de declínio da condição de saúde como uma anomalia gastrointestinal, tida há poucos dias [aos 84 anos]; ora um resfriado, ora uma gripe, ora uma dorzinha aqui, outra ali, outra acolá - vide meu artigo "A democracia [geográfica] da dor", de 29.10.2024.

Há cerca de 30 anos passei por pequenos problemas dessa natureza; quem não os tem? – falei com um dos filhos, hoje Pastor e Médico, à época ainda estudante.

Disse-lhe que havia compartilhado com a equipe de trabalho que eu coordenava na Igreja; citara para os colaboradores o versículo: "O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem e os livra" (Sl. 34. 7).

Mencionara, ainda, o versículo que aponta com clareza a procedência dos riscos que todos correm: "O diabo é como um leão que ruge ao derredor procurando a quem possa tragar" (I Pe. 5.8).

Entendia eu que "ao redor" e "ao derredor" significam diâmetros diferentes, ou seja, "ao redor" mais próximo e "ao derredor" pouco mais distante, o que me apontava para a seguinte situação: enquanto tememos a Deus, O buscamos, o anjo do Senhor monta a sua barraca "ao nosso redor" e nos livra dos perigos e dos males que nos assediam "ao derredor".

Prevalecendo esse raciocínio, o assédio do diabo, como um leão que ruge, buscando a quem possa tragar, é "ao derredor" - não é um leão, é como se fosse um leão - e o diâmetro dista um pouco mais adiante do que o anjo, pois o maligno anda "ao derredor", enquanto o anjo do Senhor acampa-se "ao redor".

Ouvida a narrativa do meu testemunho junto à equipe de trabalho, meu filho que vinha orando por minha saúde, bem reflexivo, tirou do bolso um desenho que acabara de fazer no intervalo das aulas, na faculdade.

O desenho era justamente a cena de uma pessoa, de joelhos, orando sob uma barraca de camping que era formada pelo corpo e asas de um anjo "ao redor"; um pouco mais distante um leão caminhava "ao derredor" do acampamento à espera de um descuido, de uma brecha, para poder agredir o filho de Deus que se encontrava em comunhão com o Pai, orando e confiando sua vida às mãos e cuidados do Senhor.

Tendo em vista que já havia testemunhado com a equipe, encomendei um "banner" com aquele desenho e voltei ao assunto com esses colaboradores, na Igreja, explicando-lhes a diferença entre o "ao redor" e o "ao derredor".

Naquele momento, entre mim e meu filho, havia uma comunhão de sentimentos e reflexões que confirmaram a presença de Deus me guardando dos males que me ameaçavam naquele momento de minha vida.

Em outra ocasião, uns 10 anos após, passei pela mesma situação, quando de uma crise coronariana; mas Deus, na sua fidelidade, no seu amor, na sua graça, na sua misericórdia, como dantes, acampou o seu anjo ao meu redor e me livrou; foi como se eu tivesse ido à farmácia da esquina, ingerido um analgésico, e voltado; ou seja, passei por essa nova crise sem sequer tê-la percebido ou sentido, de fato, exceto nos fortes minutos em que ela se instalou e, de imediato, se foi totalmente afastada com a exitosa cirurgia realizada.

No desenho, que ainda guardo, coincidentemente [não há coincidências para o nosso Deus], há a citação de outros versículos que descrevem essa minha história de vida, o que passou a ser uma reflexão constante em meu dia a dia, conforme abaixo:

"O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem e os livra" (Sl. 34.7).

"Pois disseste: o Senhor é o meu refúgio. Fizeste do Altíssimo a tua morada. Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à tua tenda" (Sl. 91. 9-10, que é um resumo da Promessa de Deus em todo esse salmo).

"Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes, Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca" (I Jo. 5. 18).

"Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo" (I Pe. 5. 8-9).

Reiterando, Deus tem alimentado a minha fé, dia-a-dia, para que eu receba, com gratidão e paz, tudo o que Ele tem para a minha existência, quer seja bom, quer não, conforme diz a Sagrada Escritura:

"Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito" (Rm. 8. 28).

Há uma convicção de que em tudo Deus tem um propósito e sabe o que é melhor para a minha vida, o que tem me mostrado a sua sabedoria, a sua bondade, a sua misericórdia, a sua fidelidade.

O Senhor tem me abençoado em tudo o que tem proporcionado e permitido em minha existência.

Ouvi, há dias: "Deus habita entre os louvores’ (Sl. 22. 3); logo, o inimigo habita nas murmurações" (sic).

Devo concluir declarando toda honra, todo louvor e toda glória ao Senhor Jesus, sempre, pois "Ele é o mesmo ontem, hoje e o será eternamente" (Hb. 13. 8).

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Opinião do leitor