O Estado e a bíblia, o cristão e a política

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‘’Fazer da bíblia um manual para o certo e o errado, para o bom e o mal, o que não pode e o que pode, tira toda sua referência de respeito e dignidade pela vida’’.

O adágio popular de não se discutir sobre religião, política e futebol cai como uma luva para não mexer num vespeiro, não adentrar em atritos e desavenças. De certo, não posso negar, trilhamos por um momento de ebulições, com relação a presentes retratos de conceber o ser humano, não como o fim em si mesmo, a finalidade de todos os nossos atos e práticas.

Nesse caldeirão, a violência, a hostilidade, os abusos, as arbitrariedades, as insanidades de se valer de armas químicas, como, mais recentemente, o triste episódio ocorrido na Síria, de milhões expulsos de suas terras e na condição de refugiados, sujeitos as mais vergonhosas situações, de registros de assassinatos, de homicídios e outros acontecimentos que nos dão o script e os roteiros de uma humanidade desesperançada, descrente, refém do individualismo, da solidão, das tendências, dos interesses, das vontades, das preferências.

Então, essa questão deve reverberar, por todos os cantos e recantos do nosso ser, no que toca ao papel do cristão na política? Afinal de contas, não me refiro a política delimitada as articulações partidárias, as defesas ideológicas, mas sim a proposta de uma política, conforme pode se extrair do texto de Jeremias 22. 13 – 16, voltado a promover a convivência harmoniosa entre os indivíduos, a trabalhar por uma liberdade que não exclua, que não desfigure, que não oprima, que não arruíne o outro, que não reduza o binômio – ‘’respeito e dignidade’’, como meras palavras e nada mais.

Parto dessas abordagens, estribado ao texto dito, acima, e o correlaciono a Zacarias 7. 8 – 10, com uma mensagem retumbante a um não, a não aceitar as faces de uma sociedade adoecida, com gente rebaixada, com gente escravizada nas Cracolândias, com gente, num fogo cruzado, nos morros, legado das indiferenças daqueles que , em tese, a princípio, deveriam cumprir com seu papel de ir a direção dos menos favorecidos.

Ora, tais colocações, visam nos chamar com a ideia fundamental do evangelho, ou seja, sua teimosa decisão pelo servir, sua teimosa direção pelo respeito, ou seja, ver o outro como ele é – ‘’ser humano, imagem e semelhança de um ato inspirativo criador’’. Sem sombra de dúvida, em ano de eleições, (para Presidente da República, Governador, Deputado Federal e Senador) não podemos nos esquivar, dizer que o meu mundo está no porvir, que tudo, aqui, não passa de uma perda de tempo, que todas as coisas servem para cumprir os últimos tempos, de que mundo jaz no maligno.

Evidentemente, eis o desafio de ajudar e participar dessa Graça que resgata a consciência de que somos livres para a liberdade intimamente ligada, conectada, casada com a liberdade do outro, porque isso nos faz seres racionais, lúdicos ou criativos, sencientes ou com sentidos, dotados de uma transcendência, ao qual não me anula, não me aliena, não me deforma.

Enfim, o papel do Estado, com a personificação de todos aqueles incumbidos de, a partir da referência bíblica, servir, em função de ser essa sua gênese e destino teleológicos, ou seja, sua finalidade e, mormente Jesus não tivesse trazido nenhuma plataforma de esquerda, de direita, de centro ou sei lá o mais o que, ainda assim, nos estimula a não perder de vista o outro. Ademais, no desdobrar dessa manhã de domingo, 15 – 04 – 2018, essa verdade posso o e nos alcançar, desfazer com os ferrolhos de toda resignação ou conformismo e desaguar vida para nos renovar, mesmo em meio a todos os alaridos ou gritos da desistência.

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Opinião do leitor