Negando a objetificação

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Nesta casa eu mando tanto quanto ele. Aqui eu posso ter o que quiser, menos a senhora, pois é mulher dele. Sendo assim, como poderia eu fazer uma coisa tão imoral e pecar contra Deus?"
‭‭(Gênesis‬ ‭39:9‬)

A fala de José diante da tentação da mulher de Potifar nos revela como devemos olhar a mulher em nossa sociedade.

José se recusa a tratá-la como habitualmente aconteciam com as mulheres nas primeiras civilizações: que eram utilizadas como um objeto, como uma propriedade, apenas. Negou a possibilidade de reduzi-la à classificação de ser meramente um utensílio sexual da época (Gn ‭39:10).

Era como se a cada vez que José fugisse ele dissesse a mulher de Potifar: "Para! Você não é esse objeto, você é um ser humano!"
(Aliás nem nome essa mulher tinha, ela era uma referência proprietária de um oficial egípcio).

Toda a fuga de José era muito mais do que não cair na imoralidade sexual, era pra antes não entrar num jogo de desumanos, no qual os envolvidos de tanto se utilizarem, se reduzem à categoria dos prazeres e desejos animais, entrando num estado de bestialização, no sentido de viverem a partir dos seus instintos (Gn 39: 11 e 12). José se recusa em chamar a mulher de Potifar de "Eva", como fez Adão quando naquele momento pós queda atribui uma função dada por Deus para dar nome somente aos animais passa a estabelecer o mesmo critério nas dimensões e relações humanas, visto que o ser humano era chamado de humanidade e quando chamado só se entendiam na relação de um para com o outro e nunca numa relação de não iguais, hierarquizada, mas no complemento de suas funções como pessoas. Havia nobreza e dignidade humana que emanava de uma consciência que não tinha se corrompido pelas influências da época apesar de toda estruturação social.

José, em sua pergunta retórica, não só se lembra diante de quem está, mas também de quem é que o ser humano é feito à imagem e semelhança.

Que frente aos estupros por nós cometidos - que antecedem o toque - e a desumanização que começa no coração, possamos ser resgatados e resgatadores, à semelhança de José, este que se perguntou: "como podemos nós pecar contra nosso Deus?", e possamos também dar um grito que ecoa dentro de nós, nos fazendo recusar a proposta de perpetuar ciclos que promovam a degradação do ser e a objetificação do ser humano.

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Opinião do leitor