Palavra do leitor
- 28 de janeiro de 2017
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Murros e Pontapés
Na antiga escola Virgílio Távora (nome de militar? Ditador?) onde meninos crescem mais rápido, vez por outra nossa querida Tia Rose (preta e forte) era impedida de prosseguir com suas explicações sobre regras de sintaxe, para "descolar" um aluno do outro. Alguns de nossos antigos colegas de sala eram "mestres" na oficio de conferir títulos esdrúxulos ao restante dos nossos companheiros: cabeça-de-lata, perna-torta, e zé-colmeia são alguns exemplos. Eu, não sai ileso desse momento, também ganhei uma dessas qualificações, estão todas registradas no currículo da existência, a palavra "sapo" é uma delas, até hoje tento entender o porquê de ser chamado de sapo. O problema era que nem todos os infantes aceitavam de bom grado esses "mimos afetivos" e eram aqui onde surgiam os combates, que começavam mais ou menos dessa forma.
-E ai Mosca-morta, me empresta a borracha.
- É a sua vó.
-Repete.
-Vó, tia, todo mundo.
-No recreio eu te pego.
A noticia de que haveria "briga" se espalhava rapidamente em toda a escola, o algoz, valente e destemido como sempre se dirigia calmamente para o fundo da escola, longe dos olhos dos magistrados e lá permanecia aguardando a chegada do pequeno mártir. O publico era encarregado de animar a vitima, que no intimo clamava: "Quero minha mãe".
- Vai abrir? Mosca-morta?
-Não.
- Vamo lá.
E lá se ia, nosso amigo, conduzido pela balburdia, e em poucos segundos lá onde os olhos dos professores não alcançavam, as duas crianças eram envolvidas pela poeira que se formava devido os atos daqueles dois corpos jogados no mundo. Eu também tive (tenho) meus momentos de combate, de poeira, de ser jogado no mundo, no entanto, nenhum de nós, nem ontem e nem hoje acalentamos em nosso peito o desejo pela vingança, magoas, ressentimentos. Quando andamos pelas ruas é comum reencontrar esses amigos, que agora estão de barba no rosto, filhos no colo, etc, ao lembrar desses acontecimentos o que resta é um sorriso no rosto, sorriso desarmado. Bons tempos esses, onde as palavras não eram motivo de morte. A poeira é testemunha de que nossos socos e pontapés misteriosamente eram desprovidos de ódio.
-E ai Mosca-morta, me empresta a borracha.
- É a sua vó.
-Repete.
-Vó, tia, todo mundo.
-No recreio eu te pego.
A noticia de que haveria "briga" se espalhava rapidamente em toda a escola, o algoz, valente e destemido como sempre se dirigia calmamente para o fundo da escola, longe dos olhos dos magistrados e lá permanecia aguardando a chegada do pequeno mártir. O publico era encarregado de animar a vitima, que no intimo clamava: "Quero minha mãe".
- Vai abrir? Mosca-morta?
-Não.
- Vamo lá.
E lá se ia, nosso amigo, conduzido pela balburdia, e em poucos segundos lá onde os olhos dos professores não alcançavam, as duas crianças eram envolvidas pela poeira que se formava devido os atos daqueles dois corpos jogados no mundo. Eu também tive (tenho) meus momentos de combate, de poeira, de ser jogado no mundo, no entanto, nenhum de nós, nem ontem e nem hoje acalentamos em nosso peito o desejo pela vingança, magoas, ressentimentos. Quando andamos pelas ruas é comum reencontrar esses amigos, que agora estão de barba no rosto, filhos no colo, etc, ao lembrar desses acontecimentos o que resta é um sorriso no rosto, sorriso desarmado. Bons tempos esses, onde as palavras não eram motivo de morte. A poeira é testemunha de que nossos socos e pontapés misteriosamente eram desprovidos de ódio.
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