Jesus Não é o Senhor da Minha Cidade

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“Jesus é o Senhor desta cidade” é uma das frases mais usadas nas faixas de algumas campanhas milagrosas, nas entradas de algumas cidades e principalmente na tão famosa e contraditória “Marcha para Jesus”. Os criadores desta frase pregam que isso é uma declaração de fé, ou seja, aquilo que você diz com fé irá acontecer. Faço aqui, então, algumas observações:
Primeiramente, termos como “eu declaro”, “eu determino” ou “eu ordeno” não devem sequer fazer parte do vocabulário de um cristão sério, que possua pelo menos um pouco de conhecimento bíblico. Pois isso é coisa de gente egocêntrica, que não entende o significado teológico e muito menos prático de soberania divina. Deus é Deus. E se não for da vontade dele, de nada adiantará o meu show, o meu desempenho ou as minhas palavras de ordem.
Em segundo lugar, a frase “Jesus é o Senhor desta cidade”, é tão sem fundamento quanto eu dizer que toda a fortuna do Bill Gates pertence a mim. São apenas palavras. Infelizmente Jesus não é o Senhor da nossa cidade. Não mesmo! Por mais que declaremos, gritemos, determinemos, choremos ou ordenemos.
Em terceiro lugar, sabemos que na nossa cidade, como em qualquer outro município brasileiro, há violência. Aqui há pessoas que tiram a vida de seus semelhantes. E Jesus não é Senhor dos assassinos. Em nossa cidade, há maridos agridem suas esposas, e Jesus não Senhor da violência doméstica. Há adultos que agridem e/ou violentam sexualmente crianças indefesas, e Jesus não é, não mesmo, Senhor destas pessoas. Aqui há corrupção nos órgãos públicos, e Jesus não é Senhor dos corruptos, daqueles que tiram o dinheiro, as oportunidades do nosso povo. Em nossa cidade há tráfico e consumo de drogas, e Jesus não é Senhor de algo tão prejudicial à vida. Aqui há charlatões que enganam pobres coitados em nome da fé, e Jesus não é Senhor desses falsos profetas!
Jesus Cristo é o Senhor daqueles que aqui vivem para a glória dele. Daqueles que entendem a sua soberania. Daqueles que, mesmo com muita dificuldade, esforçam-se ao máximo para negar a si mesmo, para amar os inimigos e orar por aqueles que os perseguem. Daqueles que lutam contra a corrupção, dos caridosos, dos mansos e humildes, dos pacificadores, dos servos. Ele é o Senhor daqueles que não tomam a forma desse mundo.
Em nossa cidade, Jesus é o Senhor da minoria, penso eu! A triste realidade só será mudada quando esta minoria for capaz, pelo poder de Cristo, de influenciar a maioria que está perdida. Ou seja, Jesus será, de fato, o Senhor da nossa cidade, quando pregarmos e vivermos o Evangelho na sua essência e não somente quando declaramos uma frase decorada, um jargão evangélico.

Edson Landi,
pastor da Igreja Batista no Guanabara, Campinas - SP

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Opinião do leitor