Opinião
28 de agosto de 2019
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Como cultivar o silêncio em uma sociedade barulhenta
Por Luiz Fernando dos Santos
“Mas o Senhor está em seu santo templo; diante dele fique em silêncio toda a terra" (Hc 2.20).

Transportamos essa patologia do barulho também para a hora da adoração. Já não somos mais um povo contemplativo, não existe mais espaço para o ‘silêncio sagrado’, a meditação, a quietude. Nem mesmo conseguimos saborear a palavra de Deus. Nossos cultos refletem, muitas vezes, os desarranjos estruturais de nossas emoções e de nossa psique adoecida pelo caos do barulho. Por isso, as nossas músicas são tão altas, os cantores fazem questão de soltar as vozes o quanto podem nos microfones e as guitarras e baterias não poupam ninguém da sua fúria.
Com o culto assim e com louvores tão agressivos, as coisas que ficam partidas e quebradas dentro de nós, bem como os nossos sentimentos e as nossas emoções desajustas, não conseguem pacificar-se em nosso interior. Por isso, a sensação de incomodo, irritação, cansaço e, porque não, tédio, quando somos convidados a pensar e refletir na Palavra de Deus e nas orientações gerais do sermão.
Contudo há um barulho ainda mais ensurdecedor, aquele que verdadeiramente compromete a nossa capacidade de ouvir com discernimento a voz do bom pastor Jesus. Este barulho provém do nosso coração agitado e sobressaltado pelas preocupações da vida, a depressão ocasionada por um passado não reconciliado, a ansiedade por um presente que não se consegue viver de maneira plena e o pânico quanto às incertezas de um futuro que não se pode projetar com segurança.
Essas vozes falam todas ao mesmo tempo dentro de nós e conseguem nos confundir, desorientar e até mesmo nos paralisar em face da vida que não conseguimos viver. Essas vozes precisam ser caladas, pois de outra maneira não ouviremos a doce voz de Jesus no Evangelho sendo sussurrada pelo Espírito Santo em nosso coração. Sem o discernimento de quem nos fala o que, somos suscetíveis a ouvir qualquer orientação e seguir qualquer sugestão que nos pareça mais imediata, mais prática, ainda que não seja conforme a verdade e a justiça.
Precisamos cultivar uma espiritualidade do silêncio exterior, físico, que trará equilíbrio, sanidade, calma, paz, aglutinação das forças e energias da alma e concentração nas coisas essenciais da vida. Precisamos desse silêncio exterior para aprender a contemplação, para nos deixar encantar pela criação e elevar o pensamento às alturas, onde Cristo está.
Precisamos cultivar a quietude, o silêncio interior, fazer calar e sossegar as vozes que gritam dentro de nós, aprendendo a meditar nas promessas, contar as muitas bênçãos e perceber o murmúrio do Espírito Santo dentro de nós nos convencendo do amor do Pai.
Quem sabe, além de começarmos isso em casa, no dia a dia, também pudéssemos transferir essa serenidade terapêutica para os nossos cultos, para aprendermos de fato o que significa descansar em Deus?
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É ministro da Igreja Presbiteriana Central de Itapira (SP) e professor de Teologia Pastoral e Bioética no Seminário Presbiteriano do Sul, de Filosofia na Faculdade Internacional de Teologia Reformada (FITREF) e de História das Missões no Perspectivas Brasil.
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