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Opinião

Babel: confusão na cidade e no coração

Por Larissa Moreira
 
Confusão na cidade dos homens. Uma das histórias mais conhecidas do Antigo Testamento, descrita em Gênesis 11.1-9, é mais do que uma narrativa sobre a construção fracassada de uma torre na cidade de Babel. Após ser corrompido pelo pecado, o homem se compromete em buscar glória e reconhecimento independentes de Deus. Seus planos e ações são tijolos de um templo em louvor a si próprio, satisfazendo assim os desejos confusos e egoístas do coração.
 
O progresso do pecado
 
Após a queda do homem no jardim do Éden, a narrativa de Gênesis assume uma característica peculiar. Do capítulo 3 ao 10, encontramos de forma progressiva os efeitos desastrosos do pecado na humanidade. “Antes que a obra de redenção avançasse, a tendência do pecado é claramente ilustrada”[1] nesse período. “A terra estava corrompida à vista de Deus e cheia de violência”[2]. Por isso ele resolveu acabar com os seres humanos através do dilúvio. Nas marcas da corrupção humana pós-queda “o pecado se mostra poderoso o suficiente para adulterar os dons da graça comum de Deus na esfera da natureza, para fins malignos”[3]
 
Após o dilúvio, em Gênesis 10 encontramos a descrição de novas gerações que descenderam de Sem, Cam e Jafé, os filhos de Noé. A partir deles surgiram novos povos e nações, cumprindo assim a ordem de Deus a Noé: “… Sejam fecundos, multipliquem-se e encham a terra”[4]. “No entanto, nesse estágio da história não ficamos surpresos em descobrir que esse desenvolvimento positivo – uma grande expansão populacional e progresso cultural – também tem seu lado negativo. O capítulo seguinte de Gênesis narra a história da torre de Babel”[5].
 
Mas qual seria o problema de se construir uma torre? A história de Babel é um exemplo de que até mesmo um bom projeto – como o de erguer uma cidade – pode se tornar pecaminoso se for feito por motivações erradas. Era necessário desfazer a construção egoísta e idólatra que foi erguida no coração. “Babel representa um monumento ao desejo humano perene de construir o nosso próprio reino à parte de Deus”[6].
 
Uma torre diferente
 
Caminhando na direção contrária à vontade de Deus (espalhar e encher a terra), a Mesopotâmia é o destino para onde os descendentes de Noé decidem ir. “A construção de uma cidade e de uma torre foi inspirada, primeiramente, pelo desejo de obter um centro de unidade, de tal modo que isso manteria a raça humana unida”[7].
 
Diferente dos projetos arquitetônicos modernos, a torre de Babel carregava uma conotação religiosa. Considerando que a torre foi construída, no sul da antiga Mesopotâmia (região da suméria), no livro O Drama das Escrituras[8] os autores Craig Bartholomew e Michael Goheen argumentam que provavelmente os homens estavam construindo um zigurate[9], que era “a parte mais proeminente de um templo dedicado à adoração ‘dos deuses’ na antiga Mesopotâmia”[10]. Apesar disso, ao contrário do que se poderia esperar de um templo religioso, os homens desejavam que o nome deles ficasse famoso, e não o de Deus, ou de “outros deuses”. Assim, fica claro que “o verdadeiro propósito era o de promover a possibilidade para a fundação de um império gigantesco, glorificando o homem em sua independência de Deus”[11]. O plano era permanecer unidos em desobediência.
 
A confusão das línguas é o instrumento divino para interferir na edificação dos homens. Como diz a canção, “que sorte a nossa, Deus atrapalhou”[12]. Babel significa “desordenado”, “confuso”. Ela é o símbolo do coração humano afetado pelo pecado e sua busca incansável de fazer oposição à vontade de Deus. Geerhardus Vos diz que a interferência de Deus era uma manifestação da sua graça e “fidelidade à sua promessa de que o desenvolvimento pecaminoso da humanidade não vai resultar, mais uma vez, numa catástrofe da mesma escala de proporção do dilúvio”[13]. Logo, era necessário desfazer a unidade dos povos (e os propósitos perversos dos homens) mantendo-se os desígnios redentivos do Criador.
 
Bagunça no coração
 
A. W. Tozer[14] diz que no fundo do nosso coração, havia um santuário onde somente Deus era digno de entrar. Em nosso interior Deus; fora dele, os presentes que Deus nos agraciou generosamente. Mas o pecado nos trouxe complicações e desordem. Expulsamos Deus do santuário e as outras coisas receberam permissão para ocupar seu sublime lugar. Egoísmo, orgulho, idolatria… Substituímos a glória de Deus pela glória dos homens. E o resultado? Pura confusão. Ah, Babel!
 
Em um dos seus livros, C.S. Lewis diz que “em Deus defrontamos com algo que é, em todos os aspectos infinitamente superior a nós. Se você não sabe que Deus é assim – e que, portanto, você não é nada comparado a ele – não sabe absolutamente nada sobre Deus”[15].
 
Deus nos formou para Ele. Onde mais poderíamos encontrar descanso para nossas almas cansadas das guerras interiores pela primazia sobre o trono? O pecado escraviza. Em Cristo encontramos liberdade. A Ele pertence todo o nosso ser.
 
A torre de Babel é um reflexo do orgulho construído pelo pecado humano. Um monumento que revelou o desejo por reconhecimento e glória para si, longe de Deus e dos seus bons conselhos. A linguagem deles foi confundida pelo próprio Deus. “A unidade deles quebrou e eles se espalharam”[16].
 
O salmista diz: Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome seja toda a glória, por teu amor e por tua fidelidade[17]. Essa deve ser a satisfação de todo Cristão. Nossos projetos e ações devem refletir o desejo intenso de engrandecer o nome do SENHOR.
 
Em meio a bagunça provocada pelo pecado em nossos corações, que o Espírito Santo transforme nosso orgulho em contentamento. E que o nome de Deus seja louvado, porque grande é o seu amor e a sua fidelidade.
 
“Em Gênesis, Deus desceu e dispersou idiomas para impedir a unidade; em Atos, o Espírito desce e dispersa idiomas para criar uma unidade multicultural”[18]. Mas isso já é assunto para o próximo artigo.
 
Por fim, Soli Deo Gloria[19].
 
• Larissa Moreira, 22 anos, membra da Assembleia de Deus, graduanda em economia pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e estudante de teologia essencial no Invisible College.

Texto originalmente publicado em Invisible College. Reproduzido com permissão da autora.

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NOTAS

[1] VOS, Geerhardus. Teologia Bíblica: Antigo e Novo Testamentos. Trad. Alberto Almeida de Paula. 2. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2019.
[2] Gênesis 6.11, Tradução: Nova Almeida Atualizada (NAA).
[3] VOS, Geerhardus. Teologia Bíblica: Antigo e Novo Testamentos. Trad. Alberto Almeida de Paula. 2. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2019.
[4] Gênesis 9.1, Tradução: Nova Almeida Atualizada (NAA).

[5] BARTHOLOMEW, C.G.; GOHEEN, M. W. O Drama das Escrituras: Encontrando o nosso lugar na história bíblica. Trad. Marcio Loureiro Redondo. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 2017.

[6] Ibidem.

[7] VOS, Geerhardus. Teologia Bíblica: Antigo e Novo Testamentos. Trad. Alberto Almeida de Paula. 2. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2019.

[8] BARTHOLOMEW, C. G.; GOHEEN, M. W. O Drama das Escrituras: Encontrando o nosso lugar na história bíblica. Trad. Marcio Loureiro Redondo. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 2017.

[9] “Na antiga Mesopotâmia, um zigurate era construído para servir de escadaria pela qual o deus ou os deuses poderiam descer do céu para uma cidade e abençoá-la”. Ibidem.

[10] Ibidem.

[11] BARTHOLOMEW, C.G.; GOHEEN, M. W. O Drama das Escrituras: Encontrando o nosso lugar na história bíblica. Trad. Marcio Loureiro Redondo. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 2017.

[12] Vai Babel – Banda Resgate. 

[13] VOS, Geerhardus. Teologia Bíblica: Antigo e Novo Testamentos. Trad. Alberto Almeida de Paula. 2. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2019.

[14] TOZER, Aiden. Em busca de Deus: Minha alma anseia por ti. Trad. Jurandy Bravo. 1. ed. São Paulo: Editora Vida, 2016.

[15] LEWIS, C. S. Cristianismo puro e simples. Trad. Álvaro Oppermann e Marcelo Brandão Cipolla. 3. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes. 2009.

[16] KELLER, TIMOTHY. The Bible and Race. Gospel in life. Disponível em: https://quarterly.gospelinlife.com/the-bible-and-race/. Acesso em: 28 Jan. 2021.

[17] Salmos 115:1 Tradução: Nova Versão Transformadora (NVT). 

[18]  KEENER, Craig. A Hermenêutica do Espírito: Lendo as Escrituras à Luz do Pentecostes. Trad. Daniel Hubert Kroker. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 2018.

[19] Glória somente a Deus.

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