Palavra do leitor
03 de agosto de 2017- Visualizações: 14283
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E a história se repete
E A HISTÓRIA SE REPETE
É um engano achar que a ortodoxia - por si só - é a garantia de uma espiritualidade sadia.
Não houve uma classe tão ortodoxa e confessional quanto a casta dos fariseus e escribas, à época de Jesus.
A ortodoxia dos fariseus estava baseada no Targumin (explicação das passagens lidas ao longo dos séculos antes de Cristo, por Pais rabínicos). Foi a partir do Targumin que a confissão dogmática farisaica surgira. À época de Jesus, recebera outro nome: "tradição dos anciãos". Jesus a rejeitara categoricamente Mc 7, Mt 15.
Há sempre o risco de nossa ortodoxia está contra a verdade. Todos deveriam considerar esta possibilidade.
Para os fariseus, a tradição dos anciãos (Torá Oral) - sua ortodoxia - era a lente que melhor interpretava a Lei de Moisés. Jesus era visto pelos Fariseus como um liberal herético, justamente por não enquadrar-se na ortodoxia farisaica.
Outras ortodoxias surgiram a partir do primeiro século d.C. Tomemos, por exemplo, três delas: a ortodoxia católica, a ortodoxia reformada e a Teologia liberal. A despeito de haver diferenças gritantes entre elas, no final das contas, acabam sofrendo do mesmo mal que a seita dos fariseus sofria à época de Jesus.
E que mal seria este?
Cada uma delas considera "intransigentemente" sua ortodoxia como sendo aquela que melhor explica a mensagem das Escrituras.
Os católicos invocam a tradição dos Pais e dos santos, desde o primeiro século até o dia de hoje como aqueles que, sob a tutela da igreja, melhor expressaram a verdade bíblica.
Posteriormente, após a Reforma Protestante no século XVI, surgem os cristãos reformados que, à luz da dogmática de Calvino, defendem ter a ortodoxia que melhor explica as Escrituras.
Os liberais também têm suas tradições em Semler,
Schleiermacher, Bultmann e cia. Defendem que sua "tradição racionalista" é a que melhor explica as Escrituras.
No final das contas, todo mundo tem a sua ortodoxia e o seu Moisés predileto. Os fariseus tinham a tradição dos anciãos e seus pais rabínicos. Os católicos têm a tradição da Igreja Católica e seus santos. Os cristãos reformados têm a teologia calvinista e Calvino.
Tenho a impressão que se Jesus estivesse hoje no nosso meio, os ortodoxos reformados não o reconheceriam e o considerariam como um liberal, à semelhança do que os fariseus fizeram no passado. Certamente, assim também o faria a Igreja Católica.
É errado ser ortodoxo? Claro que não! O errado é não relativizar sua ortodoxia. O errado é colocá-la como sinônimo das Escrituras. O errado é atribuir a ela a mesma autoridade das Escrituras, quiça até mesmo autoridade superior, assim como os fariseus fizeram no passado, assim como os católicos o fazem abertamente e assim como cristãos reformados o fazem veladamente.
A revelação é absoluta e infalível. Já nossa leitura dela - ou seja, nossa ortodoxia - não o é.
O errado não é ser ortodoxo. O errado é ser cegamente ortodoxo. E desse mal das vistas, sofreram os fariseus; sofrem os católicos; e sofrem os cristãos reformados.
Relativizar a ortodoxia não é o mesmo que relativizar a Revelação. E é bom que se faça tal distinção. Somos salvos por esta e não por aquela. Ortodoxia não salva ninguém. Ela, quando vista como serva da revelação, pode ser muito útil. Mas, quando vista como senhora da revelação, cega e ensurdece os que dela se alimentam.
Pr Edmilson Alves Gouveia
É um engano achar que a ortodoxia - por si só - é a garantia de uma espiritualidade sadia.
Não houve uma classe tão ortodoxa e confessional quanto a casta dos fariseus e escribas, à época de Jesus.
A ortodoxia dos fariseus estava baseada no Targumin (explicação das passagens lidas ao longo dos séculos antes de Cristo, por Pais rabínicos). Foi a partir do Targumin que a confissão dogmática farisaica surgira. À época de Jesus, recebera outro nome: "tradição dos anciãos". Jesus a rejeitara categoricamente Mc 7, Mt 15.
Há sempre o risco de nossa ortodoxia está contra a verdade. Todos deveriam considerar esta possibilidade.
Para os fariseus, a tradição dos anciãos (Torá Oral) - sua ortodoxia - era a lente que melhor interpretava a Lei de Moisés. Jesus era visto pelos Fariseus como um liberal herético, justamente por não enquadrar-se na ortodoxia farisaica.
Outras ortodoxias surgiram a partir do primeiro século d.C. Tomemos, por exemplo, três delas: a ortodoxia católica, a ortodoxia reformada e a Teologia liberal. A despeito de haver diferenças gritantes entre elas, no final das contas, acabam sofrendo do mesmo mal que a seita dos fariseus sofria à época de Jesus.
E que mal seria este?
Cada uma delas considera "intransigentemente" sua ortodoxia como sendo aquela que melhor explica a mensagem das Escrituras.
Os católicos invocam a tradição dos Pais e dos santos, desde o primeiro século até o dia de hoje como aqueles que, sob a tutela da igreja, melhor expressaram a verdade bíblica.
Posteriormente, após a Reforma Protestante no século XVI, surgem os cristãos reformados que, à luz da dogmática de Calvino, defendem ter a ortodoxia que melhor explica as Escrituras.
Os liberais também têm suas tradições em Semler,
Schleiermacher, Bultmann e cia. Defendem que sua "tradição racionalista" é a que melhor explica as Escrituras.
No final das contas, todo mundo tem a sua ortodoxia e o seu Moisés predileto. Os fariseus tinham a tradição dos anciãos e seus pais rabínicos. Os católicos têm a tradição da Igreja Católica e seus santos. Os cristãos reformados têm a teologia calvinista e Calvino.
Tenho a impressão que se Jesus estivesse hoje no nosso meio, os ortodoxos reformados não o reconheceriam e o considerariam como um liberal, à semelhança do que os fariseus fizeram no passado. Certamente, assim também o faria a Igreja Católica.
É errado ser ortodoxo? Claro que não! O errado é não relativizar sua ortodoxia. O errado é colocá-la como sinônimo das Escrituras. O errado é atribuir a ela a mesma autoridade das Escrituras, quiça até mesmo autoridade superior, assim como os fariseus fizeram no passado, assim como os católicos o fazem abertamente e assim como cristãos reformados o fazem veladamente.
A revelação é absoluta e infalível. Já nossa leitura dela - ou seja, nossa ortodoxia - não o é.
O errado não é ser ortodoxo. O errado é ser cegamente ortodoxo. E desse mal das vistas, sofreram os fariseus; sofrem os católicos; e sofrem os cristãos reformados.
Relativizar a ortodoxia não é o mesmo que relativizar a Revelação. E é bom que se faça tal distinção. Somos salvos por esta e não por aquela. Ortodoxia não salva ninguém. Ela, quando vista como serva da revelação, pode ser muito útil. Mas, quando vista como senhora da revelação, cega e ensurdece os que dela se alimentam.
Pr Edmilson Alves Gouveia
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