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Dezenas de cristãos presbiterianos são presos na Eritréia

(Portas Abertas) Em uma nova ação da polícia eritréia, as autoridades locais prenderam, no dia 29 de abril, 80 membros da igreja presbiteriana Mehrete Yesus, em Asmara, perto da hora do culto. Um casal norte-americano e diversos professores da Índia que trabalham na Eritréia estão entre os detidos.

Fontes locais confirmaram que quatro dias depois de serem presos, os dois americanos foram soltos e autorizados a voltar para suas casas, em Asmara. “Disseram para eles não ensinarem ou pregarem, mas ainda não exigiram que eles deixassem o país”, informou uma fonte que pediu para não ter o nome divulgado.

Líderes da igreja identificaram que ainda estão sob custódia o reverendo Zecharias Abraham, da igreja presbiteriana, e um antigo membro da igreja, Mikias Mekonnen. Mulheres também estão entre os membros da congregação que foram presos.

Originada a partir de uma missão do interior do Sudão e afiliada à igreja presbiteriana ortodoxa, a igreja local Mehrete Yesus está na Eritréia desde 1940.

De acordo com um comunicado da Release Eritrea, uma entidade de defesa com sede em Londres, Zecharias Abraham era o líder da Aliança Evangélica Eritréia desde maio de 2004, quando seu antecessor, Haile Niazgi, da Igreja do Evangelho Pleno, foi preso.

A última incursão contra a comunidade protestante na Eritréia ocorreu cinco dias depois que o ministro da Informação publicou um comunicando no site do governo (www.shabait.com) informando que a igreja ortodoxa da Eritréia havia elegido um novo patriarca.

Bispo renegado é nomeado patriarca

O comunicado declarou o bispo Dioscoros, de Mendefera, como o quarto patriarca da comunidade ortodoxa, “aprovado por unanimidade” pelo Santo Sínodo da igreja, em uma cerimônia ocorrida em 27 de maio.

Mas segundo informações do site www.asmarino.com, em 23 de abril, houve oposição na nomeação de Dioscoros e os bispos expressaram o desejo de deliberar sobre a questão, mas foram informados de que a questão não estava aberta a discussões.

Assinado por padres, monges, diáconos e outros fiéis da Igreja Ortodoxa Eritréia, o comunicado de Asmarino chamou a atenção dos dois milhões de cristãos ortodoxos para uma nova violação contra os direitos da igreja e o completo controle do governo.

O governo de Asmara, em uma clara violação ao cânone da igreja, depôs o patriarca oficialmente ordenado pelo clero, Abune Antonios, em agosto de 2005, depois que ele protestou contra a prisão de três padres da Igreja Ortodoxa de Medhane Alem.

O governo designou o leigo Yoftahe Dimetros como administrador interino da igreja.

Antonios foi oficialmente afastado do cargo em janeiro de 2006, quando foi colocado em prisão domiciliar. Quatro meses antes, as vestes e a insígnia do patriarca foram levadas dele à força.

De acordo com uma carta enviada pela Anistia Internacional, as autoridades também proibiram Abune Antonios de manter qualquer contato com os seguidores ortodoxos e de participar e dirigir os cultos. Ele não pode mais receber a comunhão desde o ano passado.

Os cânones eclesiásticos da Igreja Ortodoxa Copta proíbem a consagração de um novo patriarca enquanto o antecessor estiver vivo, a menos que ele seja oficialmente considerado culpado pelo conselho da igreja, ao ser pego em flagrante cometendo algum pecado ou heresia.

Antonios ainda é reconhecido como o legítimo patriarca, o cabeça da Igreja Eritréia pelo papa egípcio da Igreja Ortodoxa Copta, Shenoudah III, que presidiu a ordenação do patriarca Antonios em abril de 2004.

Nesse momento, o patriarca é mantido incomunicável. Ele sofre de diabetes e não está recebendo o tratamento médico adequado.

2.000 presos sem acusação

O patriarca Antonios é o mais conhecido, dentre pelo menos dois mil cristãos da Eritréia presos sem acusação ou julgamento formais, por causa de seu credo religioso.

Entre os presos estão dezenas de pastores e padres, detidos em postos policiais e campos militares em 14 diferentes cidades e municípios, alguns há mais de três anos.

O Compass confirmou pelo menos três mortes de cristãos que nos últimos nove meses submetidos a maus tratos.

Há cinco anos, as forças de segurança da Eritréia iniciaram um duro ataque contra a comunidade evangélica, declarando ilegais as igrejas que não estiverem sob a coordenação de ortodoxos, católicos, evangélicos ou denominações luteranas.

Desde maio de 2002, ninguém pode realizar um culto sem a aprovação de uma instituição religiosa do governo, bem como em igrejas já construídas ou residências de fiéis, sob risco de prisão, tortura e extrema pressão para que neguem a sua fé.

Até casamentos e outros eventos sociais mantidos por comunidades cristãs têm sido invadidos e os participantes levados para a prisão.

A repressão religiosa aumentou nos últimos dois anos, sob o regime totalitário do presidente Isaias Afwerki. Os alvos incluem a movimentos renovados da Igreja Ortodoxa, Testemunhas de Jeová e líderes muçulmanos e religiosos que se opõem ao governo.

Pelo menos 40% dos cidadãos da Eritréia se consideram coptas ortodoxos de nascimento e pelo menos metade da população tem origem muçulmana.

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