Opinião
05 de novembro de 2025- Visualizações: 862
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Fazendo um raio-X das nossas orações
Como dizem por aí, tem oração que não passa do teto
Por Délnia Bastos
É verdade: nem toda oração é respondida. Como dizem por aí, tem oração que não passa do teto. Percorrendo a Bíblia, podemos nos recordar de algumas características das orações que são respondidas e fazer um raio-X das nossas próprias orações. A chave para isso é completar a frase: Deus nos responde quando…
… Oramos em nome de Jesus: “peçam qualquer coisa em meu nome, e eu o farei” (Jo 14.13-14); “para que o Pai lhes dê tudo que pedirem em meu nome” (15.16); “Peçam em meu nome e receberão, e terão alegria completa” (16.24). Pedir em nome de Jesus não se resume a finalizar nossas orações com o clássico “Em nome de Jesus, amém”. Mais do que isso, é orar lembrando da pessoa, do nome e da obra vicária de Jesus Cristo, sem a qual nem poderíamos pensar em orar!
… Oramos diretamente ao Pai. Jesus também diz: “vocês pedirão diretamente ao Pai e ele atenderá” (Jo 16.23). Isso nos lembra uma valiosa herança da Reforma: não precisamos de outros para chegar a Deus – exceto do nosso único Mediador (1Tm 2.5). Temos a incrível liberdade de louvar, agradecer, confessar e pedir diretamente ao nosso Pai.
… Permanecemos em Cristo e suas palavras: “se vocês permanecerem em mim e minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e isso lhes será concedido!” (Jo 15.7). Aqui está um grande desafio: não basta pedir. Permanecer na Videira é pré-requisito para ter nossa oração respondida.
… Adoramos e obedecemos a Deus. De certa forma relacionado ao parágrafo anterior, “Deus não atende a pecadores, mas está pronto a ouvir aqueles que o adoram e fazem a sua vontade” (Jo 9.31). Ou, como disse o Senhor ao povo de Judá: “ainda que ofereçam muitas orações, não os ouvirei, pois suas mãos estão cobertas de sangue” (Is 1.15; cf. Pv 28.9). Ou ainda nos provérbios de Salomão: “ele [o Senhor] tem prazer nas orações dos justos” (Pv 16.8, 29). E, finalmente, Pedro nos lembra: “seus ouvidos [estão] abertos para suas orações” (1Pe 3.12). Justificados pelo sangue de Cristo, podemos pedir e aguardar respostas às nossas orações.
… Oramos com fé, sem duvidar: “se crerem que já receberam, qualquer coisa que pedirem em oração lhes será concedido” (Mc 11.24). Tanto quanto o ponto anterior, o assunto de acompanhar as orações com fé é bastante enfatizado nas Escrituras (Mt 17.20; 21.21-22; Tg 1.6; 5. 14-15, entre outros). Pena que, na nossa prática cristã, talvez enfatizemos muito mais esta verdade, em detrimento daquela – ou seja, falamos muito da fé e pouco da obediência como ingrediente necessário à oração respondida.
… Oramos com a mente alerta e o coração agradecido (Cl 4.2). Em outras versões, “mente alerta” corresponde ao famoso “vigiai”, que foi tão difícil para Pedro, Tiago e João no Getsêmani (Mc 14.33-38). Quanto ao “coração agradecido”, é sempre bom começar nossas orações com ações de graça. A gratidão tem o poder de pôr nosso pedido no devido lugar, dando a medida certa à nossa preocupação. Quando lembramos da “tão grande salvação”, nada é grande demais para Deus não conseguir resolver.
… Oramos com fervor. O próprio Jesus nos dá o exemplo: “Ele orou com ainda mais fervor, e sua angústia era tanta que seu suor caía na terra como gotas de sangue” (Lc 22.44). Jesus foi respondido? Sim, com um NÃO e com forças para enfrentar a cruz (um anjo o fortaleceu). Mais tarde, Lucas usa o mesmo termo para se referir aos irmãos primitivos: “a igreja orava fervorosamente por Pedro” (At 12.5). Muito antes, Esdras relatou: “jejuamos e pedimos com fervor que nosso Deus cuidasse de nós, e ele atendeu à nossa oração” (Ed 8.23).
… Pedimos com humildade e ousadia (ao mesmo tempo!). Davi é um exemplo da convivência dessas duas virtudes em sua jornada. Vemos isso quando se tornou rei (1Cr 17.16-17, 25ss), em suas confissões (Sl 51) e nos salmos que escreveu. Foi com propriedade que declarou: “Tu, Senhor, conheces o desejo dos humildes; ouvirás o seu clamor e os confortarás” (Sl 10.17). Aliás, humildade passa pela confissão. E a coragem é fruto de um coração perdoado.

… Oramos com sensatez e disciplina. Aqui quem nos dá o primeiro exemplo é o filho de Davi, Salomão. Ao iniciar seu reinado, ele tem um sonho em que pede a Deus que lhe dê “coração compreensivo” para governar. “O Senhor se agradou do pedido de Salomão” e o atendeu (1Rs 3.7-12) – não apenas no sonho. A oração disciplinada traz submissão a quem ora, desejando que a vontade de Deus sempre prevaleça e que seu reino avance. Vemos isso novamente em Jesus, no Getsêmani (Lc 22.42), na igreja sob perseguição (At 4.29-30), que não pede livramento das ameaças, mas coragem para testemunhar, e no precioso ensino de Pedro: “sejam sensatos e disciplinados em suas orações” (1Pe 4.7).
… Oramos não pensando em nós mesmos. O apóstolo Tiago é duro ao nos advertir: “[vocês] não têm o que desejam porque não pedem. E, quando pedem, não recebem, pois seus motivos são errados; pedem apenas o que lhes dará prazer” (Tg 4.2-3). Isso é muito sério! Devemos alinhar nossas orações com o céu – pedir pelos motivos de Deus, como a vinda do seu reino e da sua justiça, a prevalência da sua vontade, o avanço do evangelho, o alcance dos povos, as intercessões do povo de Deus espalhado pelo mundo.
… Pedimos com insistência (mas sem “vãs repetições”). Jesus ilustra esse ensino falando de um homem que, de madrugada, pede ao vizinho três pães para um hóspede que chegou de surpresa: “ele [o vizinho] se levantará e lhe dará o que precisa por causa da sua insistência” (Lc 11.5-8). É depois disso que temos os versículos tão conhecidos: “peçam, e receberão. Procurem, e encontrarão. Batam, e a porta lhes será aberta. Pois todos que pedem, recebem. Todos que procuram, encontram. E, para todos que batem, a porta é aberta” (Lc 11.9-10). Por outro lado, Jesus também ensina: “Ao orar, não repitam frases vazias sem parar, como fazem os gentios. […] seu Pai sabe exatamente do que vocês precisam antes mesmo de pedirem” (Mt 6.7-8). Devemos insistir nos assuntos, mas sem recitações vazias, desnecessárias ou sem sentido.
… Seguimos o modelo da Oração do Senhor. Nós oramos tão pouco a preciosa Oração do Senhor (Mt 6.9-13)! Por que não usar o esqueleto do Pai Nosso em nossas orações pessoais? Por exemplo, podemos orar por crianças e adolescentes em vulnerabilidade, pelos migrantes e refugiados, pelos presos, pelos enfermos, por nossos familiares e irmãos em Cristo. ‘Pai nosso que estás no céu, santificado seja o teu nome. Venha o teu reino aqui neste país, desconhecido para os refugiados, e seja feita a tua vontade na vida deles, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia dê a eles; e dá-nos a graça de repartir com eles, se preciso for. Perdoa-lhes os pecados, assim como eles têm perdoado a tantos que os discriminam e rejeitam. Não os deixes cair em tentação, mas livra-os do mal, das armadilhas, do pecado próprio e alheio. Pois teu é o reino – não importa a etnia de ninguém neste reino –, o poder e a glória para sempre. Amém.’
O raio-X das minhas orações mostrou umas manchinhas… Preciso de tratamento. E o seu?
Saiba mais:
» Oração de Petição – Uma investigação filosófica, Sott A. Davison
» Deus espera por nossas orações, edição 366 de Ultimato
» Dez dicas práticas de como orar, Maria Luiza Ruckert
Por Délnia Bastos
É verdade: nem toda oração é respondida. Como dizem por aí, tem oração que não passa do teto. Percorrendo a Bíblia, podemos nos recordar de algumas características das orações que são respondidas e fazer um raio-X das nossas próprias orações. A chave para isso é completar a frase: Deus nos responde quando…… Oramos em nome de Jesus: “peçam qualquer coisa em meu nome, e eu o farei” (Jo 14.13-14); “para que o Pai lhes dê tudo que pedirem em meu nome” (15.16); “Peçam em meu nome e receberão, e terão alegria completa” (16.24). Pedir em nome de Jesus não se resume a finalizar nossas orações com o clássico “Em nome de Jesus, amém”. Mais do que isso, é orar lembrando da pessoa, do nome e da obra vicária de Jesus Cristo, sem a qual nem poderíamos pensar em orar!
… Oramos diretamente ao Pai. Jesus também diz: “vocês pedirão diretamente ao Pai e ele atenderá” (Jo 16.23). Isso nos lembra uma valiosa herança da Reforma: não precisamos de outros para chegar a Deus – exceto do nosso único Mediador (1Tm 2.5). Temos a incrível liberdade de louvar, agradecer, confessar e pedir diretamente ao nosso Pai.
… Permanecemos em Cristo e suas palavras: “se vocês permanecerem em mim e minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e isso lhes será concedido!” (Jo 15.7). Aqui está um grande desafio: não basta pedir. Permanecer na Videira é pré-requisito para ter nossa oração respondida.
… Adoramos e obedecemos a Deus. De certa forma relacionado ao parágrafo anterior, “Deus não atende a pecadores, mas está pronto a ouvir aqueles que o adoram e fazem a sua vontade” (Jo 9.31). Ou, como disse o Senhor ao povo de Judá: “ainda que ofereçam muitas orações, não os ouvirei, pois suas mãos estão cobertas de sangue” (Is 1.15; cf. Pv 28.9). Ou ainda nos provérbios de Salomão: “ele [o Senhor] tem prazer nas orações dos justos” (Pv 16.8, 29). E, finalmente, Pedro nos lembra: “seus ouvidos [estão] abertos para suas orações” (1Pe 3.12). Justificados pelo sangue de Cristo, podemos pedir e aguardar respostas às nossas orações.
… Oramos com fé, sem duvidar: “se crerem que já receberam, qualquer coisa que pedirem em oração lhes será concedido” (Mc 11.24). Tanto quanto o ponto anterior, o assunto de acompanhar as orações com fé é bastante enfatizado nas Escrituras (Mt 17.20; 21.21-22; Tg 1.6; 5. 14-15, entre outros). Pena que, na nossa prática cristã, talvez enfatizemos muito mais esta verdade, em detrimento daquela – ou seja, falamos muito da fé e pouco da obediência como ingrediente necessário à oração respondida.
… Oramos com a mente alerta e o coração agradecido (Cl 4.2). Em outras versões, “mente alerta” corresponde ao famoso “vigiai”, que foi tão difícil para Pedro, Tiago e João no Getsêmani (Mc 14.33-38). Quanto ao “coração agradecido”, é sempre bom começar nossas orações com ações de graça. A gratidão tem o poder de pôr nosso pedido no devido lugar, dando a medida certa à nossa preocupação. Quando lembramos da “tão grande salvação”, nada é grande demais para Deus não conseguir resolver.
… Oramos com fervor. O próprio Jesus nos dá o exemplo: “Ele orou com ainda mais fervor, e sua angústia era tanta que seu suor caía na terra como gotas de sangue” (Lc 22.44). Jesus foi respondido? Sim, com um NÃO e com forças para enfrentar a cruz (um anjo o fortaleceu). Mais tarde, Lucas usa o mesmo termo para se referir aos irmãos primitivos: “a igreja orava fervorosamente por Pedro” (At 12.5). Muito antes, Esdras relatou: “jejuamos e pedimos com fervor que nosso Deus cuidasse de nós, e ele atendeu à nossa oração” (Ed 8.23).
… Pedimos com humildade e ousadia (ao mesmo tempo!). Davi é um exemplo da convivência dessas duas virtudes em sua jornada. Vemos isso quando se tornou rei (1Cr 17.16-17, 25ss), em suas confissões (Sl 51) e nos salmos que escreveu. Foi com propriedade que declarou: “Tu, Senhor, conheces o desejo dos humildes; ouvirás o seu clamor e os confortarás” (Sl 10.17). Aliás, humildade passa pela confissão. E a coragem é fruto de um coração perdoado.

… Oramos com sensatez e disciplina. Aqui quem nos dá o primeiro exemplo é o filho de Davi, Salomão. Ao iniciar seu reinado, ele tem um sonho em que pede a Deus que lhe dê “coração compreensivo” para governar. “O Senhor se agradou do pedido de Salomão” e o atendeu (1Rs 3.7-12) – não apenas no sonho. A oração disciplinada traz submissão a quem ora, desejando que a vontade de Deus sempre prevaleça e que seu reino avance. Vemos isso novamente em Jesus, no Getsêmani (Lc 22.42), na igreja sob perseguição (At 4.29-30), que não pede livramento das ameaças, mas coragem para testemunhar, e no precioso ensino de Pedro: “sejam sensatos e disciplinados em suas orações” (1Pe 4.7).
… Oramos não pensando em nós mesmos. O apóstolo Tiago é duro ao nos advertir: “[vocês] não têm o que desejam porque não pedem. E, quando pedem, não recebem, pois seus motivos são errados; pedem apenas o que lhes dará prazer” (Tg 4.2-3). Isso é muito sério! Devemos alinhar nossas orações com o céu – pedir pelos motivos de Deus, como a vinda do seu reino e da sua justiça, a prevalência da sua vontade, o avanço do evangelho, o alcance dos povos, as intercessões do povo de Deus espalhado pelo mundo.
… Pedimos com insistência (mas sem “vãs repetições”). Jesus ilustra esse ensino falando de um homem que, de madrugada, pede ao vizinho três pães para um hóspede que chegou de surpresa: “ele [o vizinho] se levantará e lhe dará o que precisa por causa da sua insistência” (Lc 11.5-8). É depois disso que temos os versículos tão conhecidos: “peçam, e receberão. Procurem, e encontrarão. Batam, e a porta lhes será aberta. Pois todos que pedem, recebem. Todos que procuram, encontram. E, para todos que batem, a porta é aberta” (Lc 11.9-10). Por outro lado, Jesus também ensina: “Ao orar, não repitam frases vazias sem parar, como fazem os gentios. […] seu Pai sabe exatamente do que vocês precisam antes mesmo de pedirem” (Mt 6.7-8). Devemos insistir nos assuntos, mas sem recitações vazias, desnecessárias ou sem sentido.
… Seguimos o modelo da Oração do Senhor. Nós oramos tão pouco a preciosa Oração do Senhor (Mt 6.9-13)! Por que não usar o esqueleto do Pai Nosso em nossas orações pessoais? Por exemplo, podemos orar por crianças e adolescentes em vulnerabilidade, pelos migrantes e refugiados, pelos presos, pelos enfermos, por nossos familiares e irmãos em Cristo. ‘Pai nosso que estás no céu, santificado seja o teu nome. Venha o teu reino aqui neste país, desconhecido para os refugiados, e seja feita a tua vontade na vida deles, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia dê a eles; e dá-nos a graça de repartir com eles, se preciso for. Perdoa-lhes os pecados, assim como eles têm perdoado a tantos que os discriminam e rejeitam. Não os deixes cair em tentação, mas livra-os do mal, das armadilhas, do pecado próprio e alheio. Pois teu é o reino – não importa a etnia de ninguém neste reino –, o poder e a glória para sempre. Amém.’
O raio-X das minhas orações mostrou umas manchinhas… Preciso de tratamento. E o seu?
- Délnia Bastos é casada, mãe de três filhos e avó de seis netos, e é membro do Conselho Missionário da Igreja Presbiteriana de Viçosa.
Saiba mais:
» Oração de Petição – Uma investigação filosófica, Sott A. Davison
» Deus espera por nossas orações, edição 366 de Ultimato
» Dez dicas práticas de como orar, Maria Luiza Ruckert
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