Opinião
26 de junho de 2025- Visualizações: 3054
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Da tela ao abraço: como proteger nossos filhos na era digital
Pais não devem ter medo de dizer: “Sou seu pai, sou sua mãe. A minha missão é cuidar de você"
Por Emiliane Rezende
Sou esposa, mãe, avó e professora. Sobretudo, filha amada de Deus. Amo ensinar: filhos, netos, crianças de modo geral. Amei estar em ambientes escolares e poder influenciar pessoas para o bem. Sempre vou defender a escola e liberá-la de qualquer responsabilidade para também sempre ressaltar o papel dos pais na formação das crianças: Não abro mão disso!
Recentemente assisti à minissérie Adolescência, que já é Top 1 em setenta países desde a sua estreia e a mais assistida na história do stream que a lançou. Creio que todas as sociedades do mundo se chocaram com a história muito bem contada e dirigida. Ela teve o importante papel de mostrar a responsabilidade de todos na tragédia narrada.
Na série, vi muitas semelhanças com o que vivi nas últimas décadas trabalhando na área da educação. Adolescentes abandonados em busca de uma identidade. Doces meninos e meninas numa sala de aula, mas que no turno seguinte eram verdadeiras feras por detrás de uma tela, ofendendo e agredindo seus pares.
Precisamos estar informados sobre o que nossos filhos vivem ou vão viver. Não se pode buscar culpados ou eximir-se de responsabilidades. Pelo contrário, é preciso vê-los como vítimas e agir com urgência para resgatá-los de um universo tão desconhecido para nós. Devemos saber que eles não estão protegidos dentro de casa e reconhecer que é preciso “invadir sua privacidade” para, então, protegê-los.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que menores de 2 anos não tenham contato com telas ou videogames; crianças de 2 a 5 anos, podem usá-las até uma hora por dia; e as de 6 a 10 anos, entre uma e duas horas por dia.
No entanto, estudos indicam que muitas crianças ultrapassam o tempo recomendado: 43% das crianças de 7 a 9 anos passam três horas ou mais por dia no smartphone. Sabe-se que o uso excessivo de telas está associado a: problemas de saúde física e mental; exposição a conteúdos inadequados; maior vulnerabilidade a crimes cibernéticos; prejuízos no desenvolvimento da linguagem, memória e atenção. Além disso, quanto mais tempo as crianças passam em frente às telas, menos interagem verbalmente com os pais, o que pode afetar o desenvolvimento emocional e social.

Em 2024, o Brasil foi o 5º país com mais denúncias de abuso sexual infantil online, com mais de 52 mil páginas denunciadas.1
Crianças e adolescentes ainda estão em processo de desenvolvimento emocional, moral e cognitivo. Eles não têm, por natureza, as mesmas capacidades de julgamento que os adultos, e por isso, dependem dos pais para orientá-los e protegê-los – inclusive no ambiente digital. Monitorar o que eles consomem e com quem conversam online não é uma violação da privacidade, mas sim uma extensão do cuidado que os pais já exercem no mundo offline. Assim como não permitiríamos que um estranho se aproximasse de nossos filhos na rua sem supervisão, também devemos estar atentos ao que acontece no mundo virtual. Dar um celular a uma criança sem qualquer supervisão é como entregar-lhe as chaves de um carro sabendo que não é apta para dirigir.
Sugestões práticas para os pais
Conheça os apps e jogos que os filhos usam;
Estabeleça regras claras de uso (tempo, horários, locais);
Use ferramentas de controle parental (mas sem confiar apenas nelas);
Crie um ambiente seguro e de confiança onde os filhos se sintam à vontade para contar qualquer coisa e saibam que podem recorrer aos pais se algo incomodá-los;
Faça perguntas sem julgamentos (cuidado com o inquérito contra a escola, professores ou os colegas e suas famílias);
Converse abertamente sobre segurança digital, explicando os motivos da supervisão;
O foco não deve estar na "invasão", mas sim no acompanhamento amoroso e responsável. É o equilíbrio entre cuidado e respeito que fortalece o vínculo familiar e protege os filhos.
Uma pesquisa realizada em Israel pelo professor Amos Rolider revelou que os pais passam, em média, apenas 14 minutos diários de tempo de qualidade com seus filhos, uma redução significativa em comparação às duas horas diárias registradas há duas décadas.2 É necessário que haja conexão antes da correção. A criança que se sente vista e ouvida tende a procurar menos atenção em lugares inseguros. O tempo de qualidade reduz a necessidade da "babá digital".
Exemplos práticos
Incentivar atividades físicas e brincadeiras ao ar livre;
Promover momentos de leitura e jogos em família;
Fazer todas ou algumas refeições juntos, sem telas;
Brincar ou fazer atividades (mesmo que rápidas);
Conversar sobre o dia, sobre o que viu e aprendeu na escola.
Pais não devem ter medo de dizer: “Sou seu pai, sou sua mãe. A minha missão é cuidar de você. E sim, vou querer saber com quem fala e o que você tem visto, porque o mundo nem sempre é seguro – mas o meu amor por você é”.
É preciso abraçar mais, dar mais colo, elogiar mais, ficar mais em casa, assistir mais desenhos animados juntos, jogar videogames, futebol, contar histórias dos avós e bisavós, ver fotos antigas, organizar álbuns, ter um memorial da família em casa, dar identidade às crianças.
No batismo do meu neto, o pastor discorreu sobre o Salmo 78.1-8, que nos lembra sobre a herança que recebemos das antigas gerações e devemos entregar às futuras. É preciso estabelecer um testemunho de geração em geração. Podemos e devemos ensinar a intimidade com Deus. Nossos filhos precisam nos ver lendo a Bíblia e orando. Precisam saber dos nossos desafios e de como entregamos tudo a Deus. A responsabilidade não é da escola ou da igreja. É dos pais!
Sim, é possível ensinar a confiar em Deus. E como seus filhos amados, precisamos confiar que podemos proteger nossos filhos e que Deus também está interessado nisso. Lembrando o provérbio "É preciso uma vila inteira para criar uma criança", vamos nos aliar a outras famílias que também caminham na belíssima jornada de fazer conhecida a herança que recebemos.
Notas
1. Site Agência Brasil.
2. Site São Paulo para crianças.
Imagem: Pixabay.
REVISTA ULTIMATO – ADOLESCÊNCIA – ONLINE E OFFLINE
Muito já se falou da adolescência como uma fase crítica da vida, em que as dificuldades próprias da idade inspiram cuidados especiais – o que é ainda mais importante hoje.
Os adolescentes desta geração são o grupo mais impactado pelo ritmo acelerado das mudanças. A matéria dessa edição oferece subsídio para melhor conhecer e atuar com esse grupo. Nos depoimentos dos 12 adolescentes que participam eles pedem: “Acreditem em nós!”.
É disso que trata a edição 414 de Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» Adolescência – online e offline, edição 414 de Ultimato
» Pais Santos, Filhos Nem Tanto - A trajetória de um pai segundo o coração de Deus, Carlos "Catito" Grzybowski
» Cuidemos de nossos adolescentes, por Carlos "Catito" Grzybowski
» Crianças, adolescentes e o uso excessivo das telas, por Ursula Regina S. Affini
» Continue o Mutirão Mundial de Oração por nossas crianças, blog Mãos Dadas
Por Emiliane Rezende
Sou esposa, mãe, avó e professora. Sobretudo, filha amada de Deus. Amo ensinar: filhos, netos, crianças de modo geral. Amei estar em ambientes escolares e poder influenciar pessoas para o bem. Sempre vou defender a escola e liberá-la de qualquer responsabilidade para também sempre ressaltar o papel dos pais na formação das crianças: Não abro mão disso!Recentemente assisti à minissérie Adolescência, que já é Top 1 em setenta países desde a sua estreia e a mais assistida na história do stream que a lançou. Creio que todas as sociedades do mundo se chocaram com a história muito bem contada e dirigida. Ela teve o importante papel de mostrar a responsabilidade de todos na tragédia narrada.
Na série, vi muitas semelhanças com o que vivi nas últimas décadas trabalhando na área da educação. Adolescentes abandonados em busca de uma identidade. Doces meninos e meninas numa sala de aula, mas que no turno seguinte eram verdadeiras feras por detrás de uma tela, ofendendo e agredindo seus pares.
Precisamos estar informados sobre o que nossos filhos vivem ou vão viver. Não se pode buscar culpados ou eximir-se de responsabilidades. Pelo contrário, é preciso vê-los como vítimas e agir com urgência para resgatá-los de um universo tão desconhecido para nós. Devemos saber que eles não estão protegidos dentro de casa e reconhecer que é preciso “invadir sua privacidade” para, então, protegê-los.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que menores de 2 anos não tenham contato com telas ou videogames; crianças de 2 a 5 anos, podem usá-las até uma hora por dia; e as de 6 a 10 anos, entre uma e duas horas por dia.
No entanto, estudos indicam que muitas crianças ultrapassam o tempo recomendado: 43% das crianças de 7 a 9 anos passam três horas ou mais por dia no smartphone. Sabe-se que o uso excessivo de telas está associado a: problemas de saúde física e mental; exposição a conteúdos inadequados; maior vulnerabilidade a crimes cibernéticos; prejuízos no desenvolvimento da linguagem, memória e atenção. Além disso, quanto mais tempo as crianças passam em frente às telas, menos interagem verbalmente com os pais, o que pode afetar o desenvolvimento emocional e social.

Em 2024, o Brasil foi o 5º país com mais denúncias de abuso sexual infantil online, com mais de 52 mil páginas denunciadas.1
Crianças e adolescentes ainda estão em processo de desenvolvimento emocional, moral e cognitivo. Eles não têm, por natureza, as mesmas capacidades de julgamento que os adultos, e por isso, dependem dos pais para orientá-los e protegê-los – inclusive no ambiente digital. Monitorar o que eles consomem e com quem conversam online não é uma violação da privacidade, mas sim uma extensão do cuidado que os pais já exercem no mundo offline. Assim como não permitiríamos que um estranho se aproximasse de nossos filhos na rua sem supervisão, também devemos estar atentos ao que acontece no mundo virtual. Dar um celular a uma criança sem qualquer supervisão é como entregar-lhe as chaves de um carro sabendo que não é apta para dirigir.
Sugestões práticas para os pais
Conheça os apps e jogos que os filhos usam;
Estabeleça regras claras de uso (tempo, horários, locais);
Use ferramentas de controle parental (mas sem confiar apenas nelas);
Crie um ambiente seguro e de confiança onde os filhos se sintam à vontade para contar qualquer coisa e saibam que podem recorrer aos pais se algo incomodá-los;
Faça perguntas sem julgamentos (cuidado com o inquérito contra a escola, professores ou os colegas e suas famílias);
Converse abertamente sobre segurança digital, explicando os motivos da supervisão;
O foco não deve estar na "invasão", mas sim no acompanhamento amoroso e responsável. É o equilíbrio entre cuidado e respeito que fortalece o vínculo familiar e protege os filhos.
Uma pesquisa realizada em Israel pelo professor Amos Rolider revelou que os pais passam, em média, apenas 14 minutos diários de tempo de qualidade com seus filhos, uma redução significativa em comparação às duas horas diárias registradas há duas décadas.2 É necessário que haja conexão antes da correção. A criança que se sente vista e ouvida tende a procurar menos atenção em lugares inseguros. O tempo de qualidade reduz a necessidade da "babá digital".
Exemplos práticos
Incentivar atividades físicas e brincadeiras ao ar livre;
Promover momentos de leitura e jogos em família;
Fazer todas ou algumas refeições juntos, sem telas;
Brincar ou fazer atividades (mesmo que rápidas);
Conversar sobre o dia, sobre o que viu e aprendeu na escola.
Pais não devem ter medo de dizer: “Sou seu pai, sou sua mãe. A minha missão é cuidar de você. E sim, vou querer saber com quem fala e o que você tem visto, porque o mundo nem sempre é seguro – mas o meu amor por você é”.
É preciso abraçar mais, dar mais colo, elogiar mais, ficar mais em casa, assistir mais desenhos animados juntos, jogar videogames, futebol, contar histórias dos avós e bisavós, ver fotos antigas, organizar álbuns, ter um memorial da família em casa, dar identidade às crianças.
No batismo do meu neto, o pastor discorreu sobre o Salmo 78.1-8, que nos lembra sobre a herança que recebemos das antigas gerações e devemos entregar às futuras. É preciso estabelecer um testemunho de geração em geração. Podemos e devemos ensinar a intimidade com Deus. Nossos filhos precisam nos ver lendo a Bíblia e orando. Precisam saber dos nossos desafios e de como entregamos tudo a Deus. A responsabilidade não é da escola ou da igreja. É dos pais!
Sim, é possível ensinar a confiar em Deus. E como seus filhos amados, precisamos confiar que podemos proteger nossos filhos e que Deus também está interessado nisso. Lembrando o provérbio "É preciso uma vila inteira para criar uma criança", vamos nos aliar a outras famílias que também caminham na belíssima jornada de fazer conhecida a herança que recebemos.
- Emiliane Rezende, esposa do Angelo, mãe do Mateus e da Marta e avó de Rebeca, Benício, Elias e Nícolas, é membro da Igreja Presbiteriana de Viçosa e pedagoga pela Universidade Federal de Viçosa. Trabalhou como coordenadora pedagógica por 22 anos.
Notas
1. Site Agência Brasil.
2. Site São Paulo para crianças.
Imagem: Pixabay.
REVISTA ULTIMATO – ADOLESCÊNCIA – ONLINE E OFFLINEMuito já se falou da adolescência como uma fase crítica da vida, em que as dificuldades próprias da idade inspiram cuidados especiais – o que é ainda mais importante hoje.
Os adolescentes desta geração são o grupo mais impactado pelo ritmo acelerado das mudanças. A matéria dessa edição oferece subsídio para melhor conhecer e atuar com esse grupo. Nos depoimentos dos 12 adolescentes que participam eles pedem: “Acreditem em nós!”.
É disso que trata a edição 414 de Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» Adolescência – online e offline, edição 414 de Ultimato
» Pais Santos, Filhos Nem Tanto - A trajetória de um pai segundo o coração de Deus, Carlos "Catito" Grzybowski
» Cuidemos de nossos adolescentes, por Carlos "Catito" Grzybowski
» Crianças, adolescentes e o uso excessivo das telas, por Ursula Regina S. Affini
» Continue o Mutirão Mundial de Oração por nossas crianças, blog Mãos Dadas
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