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O mundo não seria o mesmo

Astronautas da nave Apolo 11 (da esq. para a dir) : Neil Armstrong, Michael Collins e Buzz Aldrin. Crédito: NASANeste sábado, dia 20 de julho, será relembrado o “pequeno grande passo” dado pela humanidade: chegamos à Lua. Em 1969, há exatos 44 anos, a nave Apolo 11 tocava o solo lunar e o astronauta norte-americano Neil Armstrong dava os seus primeiros passos. A frase dita pelo astronauta entrou para a história: “Esse é um pequeno passo para um homem, um salto gigante para a humanidade”.

Exatamente naquele mês de 1969 o (ainda) jornal Ultimato publicava sua edição de número 19, com destaque principal para o feito científico inédito. O artigo de capa “Os perigos da era espacial” celebrava a conquista, mas antecipava alguns perigos para a fé. Não porque houvesse qualquer espécie de incompatibilidade entre a Ciência e o Cristianismo, mas “por causa do homem em si, sua revolta interior e seu orgulho”.

Resgatamos o artigo da revista e, pela primeira, ele é publicado em nosso portal. Leia a seguir. É uma pérola!

***


Os perigos da era espacial

Algo inédito acaba de ser feito: o homem atravessou o espaço compreendido entre a terra e o corpo celeste mais próximo numa viagem impressionantemente bem-sucedida. Teve a audácia de deixar na lua algumas cousas cá da terra, inclusive a marca de seus próprios pés. Ainda permitiu-se trazer para a terra algumas cousas lá da lua. Se Salomão fosse vivo, ele não se queixaria da eterna mesmice: “Há alguma cousa de que se possa dizer: Vê, isto é novo?” (Eclesiastes 1.10). Entre os descendentes de Adão, esta é a primeira viagem Terra-Lua-Terra. O evento é tão marcante que se fala no início de uma nova era a partir do dia 20 de julho de 1969.

O mundo não será o mesmo. A viagem lunar vai alterar e influenciar o pensamento e o comportamento humano, haverá novos problemas e dificuldades tremendas no campo religioso. Manter a fé que uma vez foi dada aos santos será o maior de todos os desafios. Não porque a ciência espacial e a religião cristã se chocam, mas por causa do homem em si, sua revolta interior e seu orgulho.

O perigo da vitória
Deve-se temer tanto a derrota como a vitória. Às vezes a derrota é mais compensadora do que a vitória. Entre os malefícios acha-se uma cousa boa: a humilhação. Entre os benefícios da vitória acha-se uma cousa má: o orgulho. A humilhação pode erguer um indivíduo ou uma nação. O orgulho pode jogar no chão tanto um como outro.

Amazias foi rei em Judá alguns anos antes de Cristo, fez o que era reto perante o Senhor. Foi obrigado a meter-se numa guerra contra os edomitas e saiu-se vitorioso. Mas, a vitória gerou uma situação de perigo. Ele ensoberbeceu e provocou uma guerra inútil com as dez tribos irmãs, simplesmente para medir forças com Israel. Parece que Amazias criou o vício da vitória e isso é altamente nocivo. É desnecessário dizer que Judá foi derrotado diante de Israel e Amazias preso (2 Reis, 14:1 22.)

A civilização da era espacial precisa enxergar o perigo e evitar adquirir o vício supramencionado. É necessário tomar cuidado com as palavras. O senador Aden Hitchcock, de Connecticut, defendendo a ideia de tornar o dia 20 de julho feriado nacional nos Estados Unidos, declarou: “Se o homem pode visitar a lua – e agora sabemos que ele pode – então não há limite para o que quiser fazer”, também Sir Bernad Lovel, do Observatório Jodrell Bank, explicou que a façanha da Apollo 11 demonstra que os americanos podem “fazer qualquer coisa que desejarem”. E o industrial Henry Ford deixou escapar uma frase semelhante: “Há poucas gerações, a maioria dos homens vivia e morria a poucos quilômetros do seu berço. Agora nossos horizontes não têm limites. Se o homem andou na lua, pode também olhar para além do sistema solar, tal como Colombo deve ter olhado para além do oceano hostil”. A justa euforia da vitória deve ser contrabalançada pelo temor de Deus, pela aceitação tácita da soberania do Altíssimo. Haverá uma situação de perigo eminente e incontido se o homem da era espacial cair na inconsciência de suas limitações A liberdade do homem esbarra na autoridade de Deus. O salmista dizia que um abismo chama outro abismo.

É verdade também que uma altura chama uma altura maior. Não estamos nos referindo tanto ás alturas cósmicas, mas aos voos da soberba humana. Vale a pena reler na Bíblia a história de Nabucodonosor, rei da Babilônia (Daniel capítulos 2,3 e 4). Os compêndios de história secular lamentavelmente omitem certos aspectos da vida de Nabucodonosor: a soberba de seu coração, a doença mental de que foi vítima (licantropia – psicose em que o enfermo se supõe transformado em lobo) e finalmente seu reconhecimento de que quem possui o domínio de tudo e de todos e para todo o sempre não era ele, mas o Altíssimo. Muita gente hoje em dia corre o risco de repetir no coração as mesmas e desastrosas palavras contidas em Isaías 14.13-14:
“Eu subirei aos céus; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte das congregações assentarei, nas extremidades do norte; subirei acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo”.

O perigo da contaminação
Sêneca queria saber o nome daquele impulso interior e exterior, de aspecto negativo: “Oh! Que é isso que, quando queremos ir para um lado, nos arrasta para o lado oposto?”

Esse empurrão é tão forte e frequente que geralmente julgamos possuir duas personalidades distintas. No poema “Quem sou eu? Escrito na prisão no tempo da guerra, o pastor luterano Dietrich Bonhoeffer perguntava-se: “Quem sou eu? Este ou aquele? Sou um hoje, e outro amanhã? Sou eu ambos ao mesmo tempo?” De todos os queixosos desta situação, foi Paulo quem melhor definiu o assunto: “Se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim, o pecado que habita em mim”. O nome, pois, deste estímulo negativo, causador de cousas estranhas, é pecado. Todos padecem desta enfermidade de espírito e todos se prejudicam mutuamente por causa dela. Há poucos dias, o famoso evangelista Billy Graham elogiou os cientistas espaciais por sua preocupação por uma possível contaminação da terra por um germe desconhecido que os astronautas pudessem trazer da lua. Mas, acrescentou que a cautela é um tanto tardia: “já estamos contaminados”. O germe que nos afetou chama-se pecado e “age sobre o coração, provocando a autocentralização”.

A relação entre o pecado e a conquista do espaço é muito triste e precisa ser considerada com seriedade. O s homens põem em quarentena os tripulantes da Apollo II e todos que tocara deliberada ou acidentalmente neles ou no material que eles trouxeram, mas não conseguem isolar o pecado das nações, das autoridades, dos cientistas e dos cosmonautas que estão comprometidos com a corrida espacial. Apenas Jesus Cristo pode fazer isto: Ele é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Mas desgraçadamente, a humanidade tem feito a sua decisão através dos séculos: “Não queremos que ele reine sobre nós”. Isto significa que o pecado acompanhará o homem nas suas novas aventuras e nas suas novas responsabilidades.

O que poderá acontecer todos nós sabemos. E ninguém está absolutamente seguro de que não acontecerá. A ficção científica prevê muitas cousas aparentemente fantásticas. Até as crianças se preocupam com o futuro. A revista “Veja” (30/06/69, pag. 40) citou a sugestão de Allan Bombaldi, residente em São Paulo, de 11 anos: “os cientistas deviam inventar um pó para a gente jogar em todas as nações da ONU e todos ficarem amigos e fazerem as pazes”. Dois dos três desenhos infantis sobre a era espacial que a mesma revista publicou, apresentam cenas de atrito entre os homens tais quais os que agora existem. O próprio Wernher Von Braun, criador dos foguetes Saturno, fez um pronunciamento de vital importância: “Agora trabalho na NASA, que é uma organização civil. Tudo que fazemos é aberto ao público. Estou contente com isso. Não gostaria de voltar a trabalhar em foguetes militares. Finalmente, posso viver e trabalhar em paz, sem me atormentar com considerações morais e religiosas pelo uso que fazem do meu trabalho. Mas não posso dizer que o espaço será um lugar de paz. O espaço é um oceano, o homem põe dentro dele o que tem dentro de si” (o grifo é da redação). Um teólogo não explicaria melhor do que Von Braun a situação em que nos encontramos. O perigo da contaminação do espaço pelo pecado humano “acaba de ser explicado” não por um pregador de escatologia, mas pelo homem-chave do ano I da Era Espacial.

O perigo da interpretação
Na última transmissão de TV da Apollo 11, Neil Armstrong disse: “A todos que nos escutam e nos veem na noite de hoje. Boa noite da Apollo 11”. Edwin Aldrin, que comungou na lua, logo após a descida do módulo lunar (o pão, o vinho e um cálice em miniatura lhe foram dados pelo pastor da Igreja Presbiteriana de Webster), sugeriu lá do Mar da Tranquilidade que todos, onde estivessem, naquele momento rendessem “graças a Deus como qual quiser”. Já Michel Collins recordou e citou o Salmo 8.3 e 4 – “quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabelecestes, que é o homem, que dele te lembres? E o filho do homem que o visites?”. Muitos americanos e outras nações oraram em favor da segurança e do sucesso do voo mais arriscado até então. Este espírito religioso do Ocidente, mais acentuadamente que o norte-americano, enfeita sobremaneira a conquista do espaço e comprova a tese do cientista Warren Weaver: “Estou completamente convencido que ciência e religião não são inimigas. Acredito que a feliz compatibilidade entre a ciência e religião se consegue da mesma maneira por que se obtém êxito no casamento – cada cônjuge dedicando tempo e atenção a aprender bastante sobre o ponto de vista de cada um respeitando o outro”.

Não obstante todos esses fatos de rara beleza permanece o perigo sutil de transferir para o homem, para a máquina e para a ciência a esperança última, que jamais deveria ser retirada da religião cristã e de Deus. Se Isaías estivesse vivo e atualizasse suas palavras, ele nos diria: “Ai dos que confiam nas máquinas, por que são perfeitas, e nos homens de ciência, porque são formidáveis, mas não atentam para Deus, nem buscam ao Senhor” (Is 31.1). O ponto de apoio para Israel naquele tempo era o Egito e para o homem do século XX é o próprio homem. Veja-se a propaganda da Shell logo após o sucesso da Apollo 11: “Aleluia. Louvado seja a vida e o homem. A ciência e a inteligência. A máquina e a televisão”.

Confia-se no bom senso do homem, mas foi Paulo Francis que escreveu que o bom senso é “o mais escasso bem de consumo político do século XX” (o Poder e a Fé em crise”, revista “Realidade”, junho, p 30). “Nesta era de corrida espacial e ameaça de guerra nuclear”, diz Von Braun, “o uso inteligente do poder requer um clima ético e moral que, francamente penso, não temos. Podemos consegui-lo através de muitas horas de profunda concentração que chamamos de oração. A oração pode ser a coisa mais difícil de se praticar, mas certamente é a mais importante que podemos fazer hoje”.

Confia-se nas leis. Antes do homem dar o seu primeiro passo na superfície da lua, as Nações Unidas já haviam entrado em acordo quanto às leis que deviam reger a conquista do espaço. Formulou-se o Direito do Espaço Exterior. As nações – menos a China – se obrigariam, entre outras cousas, a não se apropriar de qualquer corpo celeste, a Lua a e outros corpos celestes não seriam usados para fins militares, as informações derivadas de explorações espaciais seriam de conhecimento de todas as nações membros, evitar-se-ia a contaminação tanto da Terra como da Lua. Se é concreto este tratado, “concreto é também o fato de que o tratado foi assinado por homens comuns, provavelmente honestos de um ponto de vista patriótico e nacional, mas dificilmente honesto do ponto de vista dos interesses de toda a humanidade.” (revista “Veja”, 30/07/69). A lei pode ser boa, mas é o médico-cientista- astronauta Franklin S. Musgrave, de 33 anos, que pretende ir à Marte em 1980, quem explica um detalhe muito importante: “Não se mudam as pessoas fazendo leis. Ei, John, seja amigo deste negro aqui. As pessoas têm de mudar internamente, e a lei já fez o possível; o problema agora é de cada um” (ele se refere ao problema racial). O famoso cientista nuclear e clérigo da igreja Episcopal americana, William Pollard, procura corrigir a rota de nossa esperança: "Os cristãos precisam orar pela paz. A guerra nuclear é uma terrível possibilidade: somente Deus pode nos ajudar. Acredito que os governos estão fazendo todo o possível para alcançar uma paz duradoura, mas eles são homens mortais. Precisamos pedir de joelhos dobrados a Deus sua misericórdia para nós e para a humanidade, por que ele é o único que pode nos salvar”.

Capa da revista Ultimato 19, publicada exatamente no mês em que o homem pisou na Lua (1969)Confia-se num cristianismo sem Cristo, num cristianismo sem escatologia, num cristianismo sem o sobrenatural. Cristo é uma realidade histórica. O homem vai se consertar por conta própria. O momento em que se vive deveria gerar vergonha e a ideia de fracasso, mas o que existe é vaidade e cegueira, de modo geral. Pelé acertou quando declarou ao jornal “El Espectador”, de Bogotá: “É inconcebível que em nossa época ainda existam guerras. Parece que o homem progrediu bastante, porém mudou muito pouco a mentalidade. Eu acreditava que não haveria mais guerras desde os tempos em que matavam os índios”. Não se pode confundir progresso científico, com progresso espiritual. “A ONU tem uma longa tradição em promover tratados de paz e os homens tem a longa tradição de promover a guerra” (“Veja”, 30/07/69). Até o irreverente Millôr Fernandes zomba do fracasso da civilização atômica, dizendo: “Já que não podem proibir as explosões atômicas, as grandes potências resolveram proibir a explosão demográfica”.

A análise de tudo que se apanha aqui e acolá nos leva a concluir pela existência de um conflito, como aquele que houve no tempo de Jeremias. Um conflito entre a verdade e a mentira. Homens habilitados por Deus ao mesmo tempo cientistas não afetados pelo obscurantismo espiritual anunciam a verdade. Outros contradizem e pregam a mentira. Os profetas declaram a respeito dos falsos: é mentira o que eles dizem. Os falsos declaram a respeito dos verdadeiros: é conversa fiada o que eles dizem. Os ministros de religião estão envolvidos no conflito. Alguns deles a serviço da mentira e outros a serviço da verdade. Estes apelam: “Ò terra, terra! Ouve a palavra do Senhor” (Jr 22.29). Aqueles que neutralizam a palavra do Senhor “falam de visões do seu coração, mas não o que vem da boca do Senhor” (23.16) e dizem: “não virá mal sobre nós” (v 17). Cabe a cada um de nós fazer a sua opção e abrigar – em Deus. Ele “é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações. Portanto não temeremos ainda que a terra se transtorne” (Salmo 46.1).

Nota:
Artigo de capa do então jornal Ultimato nº 19 de julho de 1969, dia, mês e ano em que o ser humano pisou pela primeira vez na Lua.


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Deus, a Terra e o Homem (revista Ultimato 260)
O Teste da Fé (Ruth Bancewicz, Org.)
Teologia Pura e Simples (Alister McGrath)
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