Opinião
- 25 de outubro de 2023
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John Leighton Wilson – O pai das missões protestantes permanentes no Brasil
Por William Lacy Lane (Billy)
No mês de outubro celebra-se a Reforma Protestante do século 16. Embora diversos movimentos de reforma da igreja tenham ocorrido anteriormente, a data de 31 de outubro de 1517 é considerada o marco da Reforma, quando o monge Martinho Lutero postou na porta da Catedral de Wittenberg, Alemanha, as suas 95 teses contra as indulgências e outras práticas da igreja.
Naquela época, o Brasil era uma terra recém-descoberta e colonizada pelos portugueses sob proteção e missão da igreja de Roma. A Reforma Protestante só chegou por aqui séculos mais tarde com o estabelecimento definitivo de igrejas protestantes de imigração e missão. Contudo, ainda no século 16, por volta do ano de 1555, franceses reformados, chamados huguenotes, tentaram se estabelecer em terras portuguesas deste lado do Atlântico. No século seguinte, em 1640 no Nordeste, holandeses reformados se estabeleceram por curto tempo. Foi somente a partir do século 19 que missões protestantes se estabelecem no Brasil, iniciadas com os metodistas em 1836 no Rio de Janeiro, os congregacionais com a chegada do médico escocês, Dr. Robert Kalley, em 1855, e, logo em seguida, com a chegada do presbiteriano Ashbel Green Simonton, em 1859. Assim, o protestantismo no Brasil tem menos de 170 anos.
Uma figura não muito conhecida, porém, decisiva no estabelecimento das missões protestantes no Brasil é a do Rev. John Leighton Wilson. Ele foi chamado de “pai das missões protestantes permanentes no Brasil” e “fundador” da igreja presbiteriana no Brasil, pelo Rev. J. Aspinwall Hodge (sobrinho do famoso teólogo do Seminário de Princeton, Dr. Charles Hodge).
John Leighton Wilson foi um dos secretários da Junta Presbiteriana de Missões Estrangeiras da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América (PCUSA, sigla em inglês). Foi ele quem recrutou e convenceu pessoalmente Simonton a vir ao Brasil, e dez anos depois da chegada de Simonton, foi quem enviou os primeiros missionários da Igreja Presbiteriana [do Sul] dos Estados Unidos (PCUS, sigla em inglês), os Revs. Edward Lane e George N. Morton.
Sua contribuição à chegada do protestantismo no Brasil se deu em diversas frentes. Até então, a igreja presbiteriana não enviava missionários senão a nações “pagãs”, isto é, sem a presença de qualquer forma da fé cristã. Foi ele, com a influência do teólogo Robert L. Dabney, que convenceu a Junta Missionária a enviar missionários para nações dominadas pelo catolicismo romano. E Simonton foi o primeiro missionário enviado a um pai cristianizado pela igreja romana. De certo modo, a missão dos primeiros presbiterianos no Brasil foi de promover uma Reforma com a propagação da fé protestante.
Ele foi também grande incentivador e apoiador da obra educacional dos primeiros missionários no Brasil, tanto com a iniciativa dos missionários em São Paulo, que deu origem ao que é hoje o Instituto Presbiteriano Mackenzie, quanto com a iniciativa de Lane e Morton em Campinas, que deu origem ao Colégio Internacional, posteriormente transferido para Lavras para se tornar o que é hoje o Instituto Presbiteriano Gammon.
A liderança de Wilson foi ainda decisiva na formação do primeiro Sínodo da Igreja Presbiteriana do Brasil em 1888. Apesar de já falecido na ocasião, foi ele quem se empenhou em traçar uma estratégia de colaboração de igrejas presbiterianas e reformadas no mesmo campo missionário.
Sua experiência de vários anos como missionário na costa Oeste da África, sua luta contra a escravatura, seu trabalho como secretário da Junta de Missões da PCUSA e depois da PCUS, o seu cuidado pelos que sofriam as consequências devastadoras da Guerra Civil dos EUA, e sua visão e liderança na obra missionária certamente faz dele uma peça chave para a chegada da Reforma Protestante no Brasil. 1
Nota
1. Confira mais detalhes sobre a vida de John Leighton Wilson no artigo: Lane, William L. John Leighton Wilson: O “Fundador” do Presbiterianismo no Brasil. Revista Teológica do Seminário Presbiteriano do Sul. Campinas, v.75, n.1. Setembro 2023, p. 7-44. Disponível aqui. Acesso em 20 out 2023.
REVISTA ULTIMATO | DOXOLOGIA NO CULTO PÚBLICO E NA VIDA DIÁRIA
A matéria de capa desta edição convida o leitor ao exercício da doxologia: a afirmação vibrante sobre o que Deus é e o que ele faz. Uma afirmação que traduz a nossa opinião sobre Deus forjada pelas Escrituras e pelas experiências com ele. Isso vai contra a correnteza do mundo em que vivemos, tão pouco propício à solitude, à contemplação e à adoração.
É disso que trata a matéria de capa da edição 403 da Revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» A Reforma: O que você precisa saber e por quê. Michael Reeves e John Stott
» Mochila nas Costas e Diário na Mão – A fascinante história de Asbel Green Simonton, Elben Magalhães Lenz César
No mês de outubro celebra-se a Reforma Protestante do século 16. Embora diversos movimentos de reforma da igreja tenham ocorrido anteriormente, a data de 31 de outubro de 1517 é considerada o marco da Reforma, quando o monge Martinho Lutero postou na porta da Catedral de Wittenberg, Alemanha, as suas 95 teses contra as indulgências e outras práticas da igreja.
Naquela época, o Brasil era uma terra recém-descoberta e colonizada pelos portugueses sob proteção e missão da igreja de Roma. A Reforma Protestante só chegou por aqui séculos mais tarde com o estabelecimento definitivo de igrejas protestantes de imigração e missão. Contudo, ainda no século 16, por volta do ano de 1555, franceses reformados, chamados huguenotes, tentaram se estabelecer em terras portuguesas deste lado do Atlântico. No século seguinte, em 1640 no Nordeste, holandeses reformados se estabeleceram por curto tempo. Foi somente a partir do século 19 que missões protestantes se estabelecem no Brasil, iniciadas com os metodistas em 1836 no Rio de Janeiro, os congregacionais com a chegada do médico escocês, Dr. Robert Kalley, em 1855, e, logo em seguida, com a chegada do presbiteriano Ashbel Green Simonton, em 1859. Assim, o protestantismo no Brasil tem menos de 170 anos.
Uma figura não muito conhecida, porém, decisiva no estabelecimento das missões protestantes no Brasil é a do Rev. John Leighton Wilson. Ele foi chamado de “pai das missões protestantes permanentes no Brasil” e “fundador” da igreja presbiteriana no Brasil, pelo Rev. J. Aspinwall Hodge (sobrinho do famoso teólogo do Seminário de Princeton, Dr. Charles Hodge).
John Leighton Wilson foi um dos secretários da Junta Presbiteriana de Missões Estrangeiras da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América (PCUSA, sigla em inglês). Foi ele quem recrutou e convenceu pessoalmente Simonton a vir ao Brasil, e dez anos depois da chegada de Simonton, foi quem enviou os primeiros missionários da Igreja Presbiteriana [do Sul] dos Estados Unidos (PCUS, sigla em inglês), os Revs. Edward Lane e George N. Morton.
Sua contribuição à chegada do protestantismo no Brasil se deu em diversas frentes. Até então, a igreja presbiteriana não enviava missionários senão a nações “pagãs”, isto é, sem a presença de qualquer forma da fé cristã. Foi ele, com a influência do teólogo Robert L. Dabney, que convenceu a Junta Missionária a enviar missionários para nações dominadas pelo catolicismo romano. E Simonton foi o primeiro missionário enviado a um pai cristianizado pela igreja romana. De certo modo, a missão dos primeiros presbiterianos no Brasil foi de promover uma Reforma com a propagação da fé protestante.
Ele foi também grande incentivador e apoiador da obra educacional dos primeiros missionários no Brasil, tanto com a iniciativa dos missionários em São Paulo, que deu origem ao que é hoje o Instituto Presbiteriano Mackenzie, quanto com a iniciativa de Lane e Morton em Campinas, que deu origem ao Colégio Internacional, posteriormente transferido para Lavras para se tornar o que é hoje o Instituto Presbiteriano Gammon.
A liderança de Wilson foi ainda decisiva na formação do primeiro Sínodo da Igreja Presbiteriana do Brasil em 1888. Apesar de já falecido na ocasião, foi ele quem se empenhou em traçar uma estratégia de colaboração de igrejas presbiterianas e reformadas no mesmo campo missionário.
Sua experiência de vários anos como missionário na costa Oeste da África, sua luta contra a escravatura, seu trabalho como secretário da Junta de Missões da PCUSA e depois da PCUS, o seu cuidado pelos que sofriam as consequências devastadoras da Guerra Civil dos EUA, e sua visão e liderança na obra missionária certamente faz dele uma peça chave para a chegada da Reforma Protestante no Brasil. 1
Nota
1. Confira mais detalhes sobre a vida de John Leighton Wilson no artigo: Lane, William L. John Leighton Wilson: O “Fundador” do Presbiterianismo no Brasil. Revista Teológica do Seminário Presbiteriano do Sul. Campinas, v.75, n.1. Setembro 2023, p. 7-44. Disponível aqui. Acesso em 20 out 2023.
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Pastor presbiteriano e doutor em Antigo Testamento, é professor e capelão no Seminário Presbiteriano do Sul, e tradutor de obras teológicas. É autor do livro O propósito bíblico da missão.
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