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Por Escrito

Até Que Tenhamos Rostos, a obra de ficção mais profunda e bem escrita de C. S. Lewis

Por Lucas Motta

Este ano, eu tinha preparado uma curta lista de livros. Ano passado, devorei muitos livros e queria fazer diferente, ir com mais calma, estudar um pouco mais. Felizmente, nem tudo ocorre como o planejado. Acontece que eu li dois livros que me fizeram repensar meu futuro literário: Até Que Tenhamos Rostos e Phantastes. O primeiro foi uma releitura, mas não foi menos impactante. O segundo me fez decidir mergulhar nos outros livros do autor.
 
É importante falar de George Macdonald porque quanto mais o leio, mais sinto sua influência sobre Lewis e isso será motivo para outro texto. Por hora, quero destacar a importância que ambos os autores davam a dois tópicos: a identidade e o amor. Desses pontos, surge o efeito que cada um deles tem sobre o outro. Penso que Até Que Tenhamos Rostos é exatamente sobre isso.
 
Não tenho a intenção de estragar a leitura de ninguém e penso que o texto abaixo não chega a revelar pontos cruciais do enredo. Mas aviso que há o que os mais sensíveis podem chamar de spoilers, por isso, deixo a todos avisados.
 
Num breve resumo, Lewis reconta o mito de Cupido e Psiquê, registrado no livro O Asno de Ouro, de Lucius Apuleio. No mito original, Psiquê acaba se casando com Cupido que, por causa de sua mãe Afrodite, só pode encontrar a amada às escondidas. As irmãs da menina, ao irem visitá-la e vendo que ela mora num lugar digno de um deus, sendo atendida por servos e comendo do melhor da terra, se enchem de inveja e convencem sua irmã a trair o marido, desmascarando-o contra sua vontade. A jovem cede às ideias que as ardilosas irmãs colocam em sua mente e sofre as consequências.
 
No livro de Lewis, a história é contada da perspectiva de uma das irmãs de Psiquê, Orual. Ela vive em função de Psiquê e se vê arrasada quando a pequena é dada em sacrifício ao deus da montanha. Mais para frente elas se reencontram e, como no mito original, a irmã mais velha põe ideias nada agradáveis na mente da mais nova.
 
A grande jogada de Lewis, entretanto, é brincar com aquilo que a personagem chama de "verdade", de "amor" e de "eu". Todas essas coisas têm um papel importante nas tomadas de decisão. Orual, por exemplo, quando se encontra com Psiquê, não é capaz de ver a moradia divina em que a irmã mais nova afirma viver e estar bem diante das duas. Orual se sente enganada pelos deuses e pela menina. Essa situação (e muitas outras) começam a operar as motivações de Orual que pensa "eu que sempre amei Psiquê; eu que sempre fui boa para ela; eu que sempre fiz de tudo para o seu bem. Estou sendo enganada por eles. Eu não mereço esse tratamento, nem por parte dos deuses, nem por parte de Psiquê."
 
Essas conclusões a que chega Orual, como penso, estão fundamentadas em ideias complexas (e, por vezes, errôneas) da parte dela a respeito de amor, identidade e a relação entre as duas coisas. Lewis costura todas essas coisas de uma maneira dolorosa para todas as partes. O autor expõe a nossa relação com aqueles a quem temos certeza que amamos e por quem juramos dar a vida.
 
Diferentemente do conto original, a suposta inveja de Orual parte de algo aparentemente bom, seu amor por Psiquê. Por boa parte do livro, aliás, o sentimento da irmã mais velha não passa nem perto de ser identificado dessa maneira. É quando as máscaras começam a cair, que começamos a ver a realidade das coisas.
 
Mergulhar nessa leitura é olhar para dentro de cada um de nós, das certezas que temos a respeito das pessoas com quem convivemos, dos nossos amores e do nosso relacionamento com Deus. 
 
Por fim, esse livro é a contra parte ficcional de Os Quatro Amores e transforma em exemplos, máximas como "O amor só cessa de ser um demônio, quando deixa de ser um deus". Ele é, sem dúvida, o trabalho de ficção mais adulto, profundo e bem escrito de C. S. Lewis.

• Lucas Motta, 29 anos, marido da Sarah, engenheiro naval e criador do Cartas de Nárnia, canal que almeja disseminar e facilitar a leitura do autor irlandês que mudou sua vida: C. S. Lewis.

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