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Palavra do leitor

Velocidade da Web causará perda de memória

…e Jesus Cristo faz parte dela.

Domingo passado, o caderno “Mais” do jornal “A Folha de São Paulo” reproduziu uma entrevista com Umberto Eco , dada ao jornal espanhol “El País” com o título: “Velocidade da WEB causará perda de memória, diz Umberto Eco”. Acho que esse é o autor secular atual que mais gosto.

Então, em velocidade muito maior que a da WEB, pensei (sei que é raro, não precisa vir com piadinhas sem graça): Velocidade da Web causará perda de memória e Jesus Cristo e toda a epopeia cristã religiosa fazem parte dela.

Destaquei alguns trechos dessa entrevista

–E tudo que existe agora será obsoleto dentro de pouco tempo. Até o E-mail será obsoleto, porque tudo será feito com o celular.

-Sim, parece que tudo é certo, que você dispõe de toda a informação, mas não sabe qual é confiável e qual é equivocada. Essa velocidade vai provocar a perda de memória.

– Talvez as novas gerações se acostumem a isso, mas existe uma velocidade do processo que é de tal calibre que a psicologia humana talvez não consiga adaptar-se. Estamos em velocidade tão grande que não existe nenhuma bibliografia científica americana que cite livros de mais de cinco anos atrás.

O que foi escrito antes já não conta, e isso é uma perda também quanto à relação com o passado.

– Quando eu era criança, chegavam à livraria talvez três livros novos por mês; hoje chegam mil. E você já não sabe que livro importante foi publicado há seis meses. Isso também é uma perda de memória. A abundância de informações sobre o presente é uma perda, e não um ganho.

– É a história de “Funes, o Memorioso”, de Borges: aquele que tem toda a memória é um estúpido.

– As gerações mais jovens simplesmente deixaram de ler jornais e se comunicam por meio de mensagens de texto.

Alguns anos atrás, fui à casa de um amigo para jantar com ele e a sua família. Enquanto tudo estava sendo preparado, a filha mais nova dele ficou fazendo sala para mim. Bem falante e simpática começou a falar de música e, ao responder, citei o compositor e cantor Guilherme Arantes e ela observou: Não sei quem é. Essa frase ficou em minha mente e tenho observado essa perda de memória recente das novas gerações.

Mas essa velocidade da WEB altera muito mais temas e áreas importantes da vida da raça humana. Creio ser importante perguntar como isso afetará a educação, a saúde, o governo, a família e também a nossa vida religiosa. Minha sensação é de que nossos jovens passam muito mais tempo na WEB do que na Igreja e com o tempo, darão total preferência à primeira, se já não o fazem, com a vantagem de que ela não cospe quando fala. Mesmo nos sites e blogs cristãos a observação de Eco sobre a consistência das informações na WEB é verdadeira. Se já eram problemáticas na igreja, imagine na WEB.

Outra coisinha a se pensar é que toda a agenda e estratégias missionárias e evangelísticas da igreja podem estar ameaçadas com a velocidade cibernética que estamos vivendo e presenciando. Não é à toa que podemos notar um claro recrudescimento dessas atividades religiosas. Pior é perceber que a turma parece meio bêbada e perdida, feito cego em tiroteio, sem saber direito o que está acontecendo e o que dever ser feito. Enquanto ficam por aí perguntado qual o último livro que você leu ou o seu cantor preferido, o ônibus espacial da WEB passou.

Posso afirmar, sem medo de errar, que isso me irrita muito mais do que qualquer outro dos itens reprováveis na igreja dos dias de hoje. Até mesmo quando noto meus irmãos na fé preocupados com a Casa de Deus e seus periféricos, sem se dar conta que ela “já era” sob o rolo compressor da WEB, fico absolutamente desanimado e enjoado. A Igreja pode estar no corredor da morte e com ela todos os babacas que não sabem ligar um computador, ou ligam para jogar video-game e ler textos insossos dos pastores mais que vencedores com o cordão de bajuladores pendurados.

Até Jesus pode ter adiado sua volta ao planeta para fazer um curso avançado em informática na Compuserv , na Austrália, porque ele não é bobo de fazer aqui. Quando ele reencarnar, caso aconteça, para desespero dos calvinistas, virá com um super celular onde poderá manter um link direto com o Pai dele, bastando apenas um toque na tecla T. Nada daquelas longas orações difíceis, sofridas e complicadas no alto de alguma montanha fria e distante.

Penso que nossa tarefa agora é repensar a nossa religião em termos da WEB. Nem que seja para concluirmos que ela terá duração limitada, pelo menos poderemos planejar como atravessar esse tempo.

Agradeço ao Umberto Eco por ter confirmado o que eu já suspeitava. Inclusive, a partir de agora, decidi orar via WEB. Coloco no meu blog todas as minhas queixas, necessidades e agradecimentos. Percebi, enfim, porque Deus não respondia mais as orações que fazia no quarto durante as madrugadas frias ou calorentas: Deus passa vinte e quatro horas conectado e adora ler “A Gruta do Lou”.
São Paulo - SP
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Site: http://agrutadolou.com.br
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