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Palavra do leitor

O Reino da louca esperança

A esperança não aparenta ser uma perda de tempo, uma fuga para não enfrentar, sem sublimações, a realidade, como, realmente, ela é? É bem verdade, se olharmos para os acontecimentos, do dia a dia, tristemente, acabamos impelidos a nos filiar a essas afirmações, de a interpretar como uma tola insistência de ainda acreditar em haver algo de bom, por aqui.

Devo dizer, essa palavra não se apresenta, como prioridade, nos tratados, nas argumentações, nos discursos e, enfim, parece ser mesmo um desperdício. Valho – me dessas abordagens e me estribo nas colocações do filósofo marxista Ernest Bloch, conhecido por seu trabalho sobre a esperança direcionado ao ser humano, como ser de vínculos, de interdependência, de permanência, de confiança, de diálogo, de ouvir. Não por menos, segundo suas proposituras, a esperança serve como uma força orientadora e que está presente, em cada um de nós.

O interessante passa por se constatar de que não há como escrever a vida, o viver, a existência sem esperança, sem essa força, sem esse ânimo e que nos faz ir adiante. Diga – se de passagem, por causa dela, as ambiguidades, as tensões, os conflitos e os confrontos, com relação ao futuro, adquirem sentido, sem isso, serão vas. Aliás, sem esperança, terminaríamos em desespero, em indiferença, em conformismo, em desconfiança.

Ora, ao falar de esperança, reporto – me a Abraão, na história de um homem e de uma mulher, ao qual aguardavam a promessa de que serião os celeiros de uma nação incontável. Na mesma linha, somos levados a partir dos relatos bíblicos, a acreditar na esperança de uma restauração ou, por qual motivo não atestar, de uma humanização, de uma espiritualidade, de uma afetuosidade, pelo qual as pessoas desenhem o mundo, a partir de Matues 05, da bem – aventuras, da misericórdia, da justiça, da equidade e das demais utopias possíveis. De certo, essa não se torna na missão, na fé e na esperança dos cristãos ou não deveria ser?

Agora, a realidade pode nos comprovar isso, ou seja, não desistir da esperança de um novo momento? Não somos bombardeados por situações de desesperanças, de indiferenças, de conformismo, de esperar pelo armagedon, pelo fim de tudo? Talvez, também não estamos como os cristãos primitivos, segundo o relato de Romanos 8.24 – 25 e I Pedro 1.3, numa sensação de que a volta de Cristo se resume a uma idéia, nada mais. Sinceramente, não estamos como portadores de uma esperança acomodada, sem a aspiração de uma releitura da vida, de um novo estado de coisas, de humanidade e isto não faz da oração do Pai Nosso, uma falácia, uma bobagem, uma ladainha, porque qual a finalidade de – ‘’seja feita Tua vontade, assim na terra como no céu?’’

Em meio a tudo isso, adentramos nos Salmos 37.7, ‘’descansa no Senhor e espera nele’’, chegamos a esperança vazia, estéril, sem nenhuma tensão, sem nenhum incômodo, sem nos confrontar, sem arriscarmos pelo lutar, pelo trabalhar, pelo perseverar, porque há, em nós, essa força orientadora para amar, para ser misericordioso, para ser palco de justiça, de alegria, de inovação, de bondade, sem a certeza de que tudo poderá vir a acontecer? Afinal de contas, a esperança não nos enche com a ilusão da perfeição, da certeza, de que tudo será infalível e ponto final, mas sim nos ajuda a perceber que na caminhada iremos encontrar derrotas e lutas, as marcas de injustiças, os retratos de sofrimento, de solidão, de prédios desabados e gente, sem saber o que fazer, de uma vereadora e seu motorista assassinados e a impunidade demonstra – se tão forte, tão imponente e intocável, de um mundo de pessoas descrentes. Eis, então, os mosaicos, os fragmentos, as biografias que não nos desanimam, porque a certeza, somente, confirma a certeza de que a esperança nos conclama para uma esperança, no aqui e agora, porque isso abre passagens para o eterno vir e participar, e partilhar e influenciar a vida.

Sem sombra de dúvida, essa esperança não finge, está naqueles momentos, ao qual nos sentimos esquecidos; quando queremos fugir, diante das acusações, das incompreensões, de julgamentos de quem deveria nos ouvir; vem na paixão, no deleite do prazer, na revelação da verdade, na busca pela justiça e pelas relações vitais e, neste ponto, já vivemos a eternidade, em cada momento da vida, com suas incertezas, dúvidas, perdas e decepções. Então, esperamos com a consciência de que a esperança não se prende a si mesmo, em função de que abraça, vai a direção de quem trilha ou não pela esperança, de quem não vê mais nada, na esperança; de quem só tem um gosto amargo, nos lábios; de quem se encontra desapontado, indiferente, ferido, destruído, prejudicado.

Por fim, qual a esperança acalento? Se for aquela voltado a cada um por si ou a quem me é semelhante, quão empobrecida, quão medíocre, quão estúpida, quão desumana e inaceitável esperança é e, lá no fundo, não passa da certeza de uma vida que não vale a pena.
São Paulo - SP
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