Farisaísmo contemporâneo

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Tributo a Francis A. Schaeffer em "Manifesto Cristão"¹

Completamos 31 anos de vigência da Constituição Cidadã, legislação maior da nação e, a despeito dos esforços pelos planos de estabilização econômica e de indivíduos despojados de vaidade pessoal e desejosos de um Brasil mais justo, ainda vivemos polarizações e personalismos que retraem nosso desenvolvimento.

Um exército de hipócritas, cuidando de interesses menos amplos, marcha na contramão da história desdenhando farisaicamente da responsabilidade de construirmos uma nação com menos contrastes. Isto torna a lei distante da prática observada na sociedade.

Este farisaísmo institucionalizado de um dito "mundo cristão" (leis), habitado por não cristãos (sociedade atual), foi expresso na Lex Rex de Samuel Rutherford, um marco histórico, com o título de visão cristã, mas cuja realidade final é a matéria.

A antítese com o cristianismo autêntico é evidente. E por quê? Considera-se o cristianismo como algo apenas espiritual, negligenciando-se a dimensão intelectual do indivíduo.

Ulf Ekman, líder evangélico sueco, em seu livro "Economia Liberada"², afirma oportunamente que "espiritual é tudo aquilo que vem de Deus, pois Ele vê a totalidade". A verdadeira espiritualidade, enfim, cobre toda a vida: o espiritual, a apreensão intelectual e o viver baseado nessa verdade.

A conseqüência disso é revertida para as leis e para o governo. No enfoque cristão, os resultados individuais e sociais são diferentes dos resultados do enfoque materialista. As diferenças ficam claras no governo e no direito.

Qual a base de ambos? A aspiração pela liberdade, sem anarquia e sem tirania arbitrária. Conforme Francis A. Schaeffer, "assim como Jesus poderia ter usado a força e não o fez, o homem não empregará o poder da força e sim a razão da justiça".

O apóstolo Paulo enunciou isto aos romanos quando afirma que Deus remove os pecados não simbolicamente, mas realmente, na prática, limpando a consciência e removendo a culpa. E se isto ocorre individual e intrinsecamente, a comunidade cristã como um todo tem como tarefa principal, após a adoração, a proclamação do evangelho, ou seja: anunciar que o homem é criatura moral, feita à imagem do criador e que há uma lei no universo que, se quebrada, torna o homem culpado. Enquanto isso, a resposta não cristã nega os absolutos morais e o conceito de pecado fica reduzido e, às vezes, até mesmo, desaparece.

A Bíblia e os cristãos não querem colocar o homem na posição desgraçada, muito pelo contrário, querem dar solução ao dilema de quem pode decidir sobre a sua própria vida e da sociedade.

Este é o ponto de tensão. Esta é a incoerência do mundo que precisa ser revelada, a fim de podermos apresentar a Jesus Cristo como unificador de teoria e prática.

A proposta de Deus para o fim do farisaísmo de governos e de leis é um coração transformado, que tem seu absoluto na verdade de quem é Deus, suprindo-nos de responsabilidade como indivíduos e corporações, a manifestar a obra de Deus e Seu poder pela prática de todo o conteúdo evangélico em todos os segmentos da vida.

João Campos é pastor sênior da Igreja 100% VIDA com sede em Santos-SP

Notas:
1. Schaeffer, F.A. (1985). Manifesto cristão. Brasília: Refúgio.
2. Ekman, U. (1993). Economía liberada. Barcelona: Clie.

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