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Opinião

O que te torna grato?

Por Gabriele Greggersen

Todo mundo é grato por opinião. Mas será que é de fato?
A gratidão pode ser uma atitude automática, que flui naturalmente. Ao sair do táxi, ao recebermos o cafezinho, quando alguém nos dá licença, temos oportunidade de agradecer e pessoas dotadas de espírito de gratidão não deixam passar essas ocasiões, enquanto outras se mostram desatentas ou apressadas demais para esses detalhes.

Agradecemos por educação, porque fomos treinados para isso desde cedo; ou quando nos sentimos realmente inspirados para tanto. Há ocasiões em que simplesmente nos alegramos por algum bem feito a nós ou, em nível mais profundo, quando sentimos o dever de retribuição por esse bem feito a nós. Isso é ótimo.

Mas, por vezes ficamos bloqueados e a gratidão só vem a fórceps, principalmente quando as dificuldades parecem falar mais alto do que as coisas boas que nos acontecem. Então, tendemos a cair na lamentação e murmuração, ficamos de mau humor e caímos na autocomiseração e de tão cansados e calejados que ficaram os nossos joelhos achamos que Deus parou de ouvir a nossa oração.

Nessas horas, Deus costuma colocar ao nosso lado pessoas que estão sofrendo mais do que nós, para que aprendamos a sair de nosso emsimesmamento. E quando percebemos o quanto essas pessoas nos ajudam a agradecer, mesmo em meio a dificuldades, começamos a vislumbrar o sentido do nosso próprio sofrimento, uma vez que um dia poderemos ajudar a outros que sofrem menos do que nós. Compreende o ciclo virtuoso?

“Reclamei de não ter sapatos até que vi quem não tinha pés”
A gratidão nos aproxima da teoria da relatividade, pois tudo é uma questão de proporção. Há a frase que costumo recitar de não lembro quem, que dizia: “Reclamei de não ter sapatos até que vi quem não tinha pés”. É verdade, ficamos gratos quanto mais observamos a miséria dos outros. E, como disse, um dia poderemos deixar alguém grato por não estar passando a miséria que já passamos.

Mas será que a gratidão tem apenas essa dimensão relativa, negativa, de olhar para oque não se tem para se ficar grato pelo que se tem, ou será que ela também abarca uma dimensão positiva, proativa? Penso que sim, que ser grato não significa apenas olhar para quem tem menos do que eu, mas também para o potencial de bem que há nas coisas que nos rodeiam. Portanto, a gratidão engloba a capacidade de ver as coisas que ainda não aconteceram, que estão em potencial, o que é a definição de fé:
Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem. (Hb 11.1).

Uma criança mimada facilmente se torna uma pessoa ingrata
E a gratidão muda a forma como você pede as coisas para Deus. Há duas formas de vir a Deus com um pedido de oração: como quem está pedindo uma esmola pelo amor de Deus, e como quem está esperando uma migalha cair da mesa do seu Senhor, porque sabe que a mesa do Senhor é farta. Veja: a diferença é sutil, mas libertadora. Quem pede esmola fica desesperado com os centavos e quer mais. Quem espera as migalhas, esperará contente porque sabe que a migalha faz parte de uma fartura que não tem tamanho e agradecerá por ela, mesmo antes de pô-la na boca.

Assim é a oração daquele que tem fé: não como de uma criança mimada que quer porque quer o novo brinquedo, mas como da criança que confia nos seus pais, que eles terão o melhor para ela, mesmo que não seja aquele brinquedo exato que ela desejava, e que, ao pedir já está agradecendo a bênção que receberá, seja ela qual for.

C.S. Lewis e a gratidão
Então, a gratidão é, ao mesmo tempo, algo espontâneo e algo adquirido: espontâneo pela educação e pelo espírito de gratidão; e adquirido, pelo mesmo espirito de gratidão e pela disposição de agradecer mesmo quando não se está vendo o fruto da oração. C.S. Lewis defendia a ideia do “bom contágio”. De que, mesmo quando não estamos a fim de fazer alguma coisa pelas nossas emoções subjetivas, se o fizermos por uma decisão deliberada da nossa vontade, que pode parecer forçada de início, essa coisa se torna parte de nós e se afeiçoa à nossa face.

Nesse contexto, Lewis menciona aquele mito do rei que era tão feio que usava uma máscara para conversar com os seus súditos, que não suportavam olhar para ele. Com o tempo, o rei decidiu que era hora de ele assumir o seu verdadeiro rosto, pois já havia conquistado a simpatia do povo. E qual não foi a sua surpresa quando ele tirou a máscara: percebeu que seu rosto havia se amoldado a ela.

A ordem, portanto, é ser grato/grata como questão de fato, e não de opinião, mesmo quando não se está a fim e aparentemente não tem motivos para agradecer, que no fim, seremos mais belos e mais felizes do que os ingratos podem sonhar em ser.

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Pensar, ter ou ser? [Jony Almeida]
Quem é grato no sofrimento? [Paulo Brito]
Teologia da Gratidão: A gratidão cura e evita doenças [Elben César]
Para de Conjugar o Verbo Sofrer [Ariovaldo Ramos]
A Oração Nossa de Cada Dia [Carlos P. Queiroz]

Foto: Unsplash.com.
É mestre e doutora em educação (USP) e doutora em estudos da tradução (UFSC). É autora de O Senhor dos Anéis: da fantasia à ética e tradutora de Um Ano com C.S. Lewis e Deus em Questão. Costuma se identificar como missionária no mundo acadêmico. É criadora e editora do site www.cslewis.com.br
  • Textos publicados: 68 [ver]

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