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A Ciência e os cientistas

Por ocasião da morte, nesta quarta-feira, dia 08, do filósofo e escritor cristão, Dallas Willard, republicamos o prefácio que ele escreveu para o livro Ciência, Intolerância e Fé, de Phillip Johnson – uma sensata reflexão sobre a cultura científica contemporânea. No texto, Willard advertia que “a ciência não diz nada. Ela mesma não pode fazer declarações. Somente os cientistas dizem as coisas. E estes podem ser surpreendentemente nada científicos e muitas vezes cometem erros incríveis”. Leia o texto completo a seguir.
 
 
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Ao ler este livro, não podemos perder de vista o que realmente está em discussão: a autoridade que certo “estilo” intelectual e moral conquistou em nossos dias. É ele que define o que é “aceitável” ou “bem-sucedido” nas atuais instituições acadêmicas e organizações profissionais. Será que esse estilo tem o direito de determinar as conclusões definitivas sobre a realidade e a vida da razão?
 
A razão é a capacidade humana de determinar, por meio do “pensamento”, o que é ou não real. Séculos atrás, o pensador honesto tinha de estar disposto a seguir a pergunta ainda que esta conduzisse a um Universo sem Deus. O mesmo se dá com o pensador honesto de hoje. Ele tem de se dispor a seguir a pergunta ainda que esta conduza a um Universo governado por Deus. Atualmente, esta última possibilidade é o motivo de aqueles que se julgam responsáveis por tudo que é razoável e certo se tornarem intolerantes e arrogantes. Eles não suportam estar errados sobre a não existência de um Deus real, pois agora todo o nosso sistema educacional é baseado nessa suposição, como há algum tempo tinha como base a hipótese da existência de Deus.
 
Assim, como Phillip Johnson explica e ilustra tão bem, a razão vem sendo trocada pela racionalização. E racionalizar é usar o raciocínio para assegurar que se chegue ao lugar “certo”. Não faz muito tempo, os intelectuais achavam que o mais importante era avaliar a conclusão pelo método que fora empregado para se chegar até ela. Caso o método fosse aprovado, a conclusão receberia aceitação, mesmo que provisória. Hoje em dia, infelizmente, o que se avalia é se o método conduz à conclusão “certa”, em conformidade com o consenso institucional firmado em torno de grandes personalidades. Se não chegamos à conclusão “correta”, nosso método é errado, e, provavelmente, somos maus. E, sendo assim, passarão a usar de ironia ao se referir a nós.
 
É claro que essa conduta é algo muito antigo na história humana, mas é sempre difícil identificá-la. As certezas atuais nunca parecem racionalizações, senão, não seriam convicções contemporâneas. O caráter da racionalização se oculta sob uma capa de autoridade benigna.
 
Para nós hoje, a autoridade é a ciência. A “ciência”, nos disseram, declara isso ou aquilo. É melhor acreditarmos nisso. Entretanto, a ciência não diz nada. Ela mesma não pode fazer declarações. Somente os cientistas dizem as coisas. E estes podem ser surpreendentemente nada científicos e muitas vezes cometem erros incríveis – como os eventos sempre revelam com o tempo. Além do mais, muitos porta-vozes da ciência não são cientistas ou não possuem qualificações dentro da área em que se pronunciam. Contudo, se conseguem assumir de alguma forma uma aura de “científico”, são capazes de racionalizar à vontade e, com isso, ainda encontrar quem os ouça.
 
Phillip Johnson é implacavelmente lógico. Isso quer dizer que ele insiste que se tenha uma boa ou, pelo menos, uma mínima evidência para se sustentar uma alegação — apresentar evidência é contrário ao método que conduz à conclusão chamada “correta”. Essa característica é irritante, e muitas pessoas se incomodam com sua insistência na apresentação de evidência. Mas essa persistência é o que, desde a Antiguidade, caracterizou a obra científica – não um conjunto de conclusões que deva ser defendido a todo custo. É a evidência que dirige a “cunha” da verdade.
 
Na cultura ocidental de hoje, a questão real é saber quem tem o direito de estabelecer as normas políticas. O conhecimento confere o direito de agir e de dirigir. Então, a pergunta se torna esta: Quem pode dizer o que é conhecimento? Quem consegue definir o conhecimento de forma bem-sucedida, de forma que suas convicções sejam tidas como conhecimento e as dos outros não o sejam, essa pessoa conseguirá estabelecer as normas políticas e dirigir a vida humana.
 
Contudo, se o indivíduo conseguir definir com sucesso o conhecimento em termos de “ciência” materialista, não haverá mais conhecimento para nortear a vida, pois a “ciência” interpretada de forma materialista nada diz sobre como a vida deve ser vivida. Só pode ajudá-lo se ele já souber como a vida deve ser vivida. É exatamente isso o que o naturalismo, de forma inconsistente, admite, porque as “suas” respostas a respeito de como a vida deve ser vivida — e certamente ele as tem — não podem derivar da ciência que ele proclama ser a fonte de todo conhecimento. Desse modo, leva-se à racionalização em vez do raciocínio. E assim, como perspectiva intelectual, tem-se apenas um estilo, sem nenhum conteúdo.
 
Ao ler este livro, examine a evidência e aspire a intelectualidade que mantém a mente genuinamente aberta.
 
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Dallas Willard era filósofo e escritor cristão. Faleceu nesta quarta-feira, dia 08, vítima de câncer.
 
Em tempo: No próximo mês, Ultimato vai lançar “Teste de Fé – os cientistas também creem”, um livro com reflexões de renomados cientistas cristãos sobre a fé. Aguarde.
Equipe Editorial Web
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