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Nesta matéria:

• Exercite-se!
• Exercite-se na piedade
• Exercite-se na confissão
• Exercite-se no silêncio e na solitude
• Exercite-se na celebração
• Exercícios de treinamento para a alma
• O caminho da graça disciplinada
• Mantenha os olhos na linha de chegada
• O exercício que nada vale

Por Gerson Borges

De todas as formas de treino espiritual recomendadas nas Escrituras, como na exortação contida na frase de Paulo aos filipenses: “Ponham em ação a vossa salvação” (Fp 2.12), para mim uma das mais centrais e, surpreendentemente, mais desprezadas é a celebração. O que é a disciplina espiritual da celebração senão a prática da alegria? Sim, devemos fazer da alegria uma prática. Filipenses, a “Epístola da alegria” – como descrevia o dr. Russell Shedd –, é um tratado sobre a celebração da alegria e a alegria da celebração. Teimosa diante das circunstâncias. Rebelde diante do noticiário. Viva porque é uma mistura bendita da nossa intencionalidade e obediência e do fruto do Espírito brotando, verdejando miraculosamente em nós. Em seu belo e útil livro Celebração da Disciplina, tornado clássico pelo modo tanto inédito, abrangente e bem fundamentado quanto teologicamente coerente como aborda o tema da espiritualidade cristã clássica, Richard Foster propõe: “A celebração traz alegria à vida, e a alegria faz-nos fortes. A Bíblia nos diz que a alegria do Senhor é a nossa força (Ne 8.10)”. A disciplina da celebração é simplesmente a prática da alegria como descrita e ordenada na Bíblia. A alegria está no coração do evangelho – desde o Advento, a encarnação do Cristo: “O anjo lhes disse: ‘Não tenham medo. Estou lhes trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor’” (Lc 2.10-11).

Não tenha dúvida: a celebração mora no coração da espiritualidade bíblica e evangélica. Agostinho, na força da sua vida de oração e correspondente homilética, costumava bradar: “O cristão é um aleluia da cabeça aos pés”. Porque sabe que tem o nome escrito no Livro da Vida. Sim, o reino de Deus é uma festa! Estar no reino, pela benção da salvação imerecida, é comemorar e comemorar e comemorar! Henri Nouwen, no seu livro mais conhecido e apreciado, A Volta do Filho Pródigo, no qual medita magistralmente na parábola de Lucas 15 e no retrato esplendoroso que Rembrandt fez da parábola das parábolas, é muito feliz ao notar algo que frequentemente nos escapa. Ele diz, comentando a musical e dançante celebração pelo filho que volta para casa: “Admito que não estou acostumado à imagem de Deus dando uma enorme festa. Parece em desacordo com a imagem séria e solene que sempre tive de Deus. Mas quando penso nas diversas maneiras usadas por Jesus para descrever o reino de Deus, sempre encontro no centro um banquete festivo” (Mt 8.11; 22.4, por exemplo). A comemoração faz parte do reino de Deus. Comer e beber com um sorriso largo, santo e grato! Sentar-se alegremente com gente que amamos em torno da Mesa do Senhor e celebrar quem é Jesus, o que ele disse e fez – até que ele volte. Até que ele venha. Nouwen é muito feliz e pastoral ao acrescentar uma metodologia simples para o treino da celebração: “Esta é a verdadeira disciplina. Exige escolher a luz mesmo quando há muita escuridão para me assustar, optar pela vida mesmo quando as forças da morte são tão visíveis e eleger a verdade mesmo quando estou rodeado por mentiras. Sou tentado a ficar tão impressionado pela tristeza óbvia da condição humana que não reconheço mais a alegria que se manifesta de diversas maneiras, singelas, mas verdadeiras. A recompensa por escolher a alegria é a alegria mesmo.” É assim que gosto de pensar, de abraçar e de vivenciar a celebração cristã – a escolha da alegria em Jesus.

• Gerson Borges, carioca, 51 anos, é educador, músico, pastor da Comunidade de Jesus em São Bernardo do Campo, SP, e graduando em psicologia. Casado há 22 anos com Rosana Márcia, é pai de Bernardo e Pablo.

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Leia mais:
» Estudo bíblico “A prática da alegria”

Opinião do leitor