Opinião
28 de agosto de 2017- Visualizações: 28990
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Valerian e a Cidade dos Mil Planetas
Por Carlos Caldas
Os filmes de ficção científica (FC) estão em alta novamente em Hollywood. A comunidade nerd do planeta, comovida e emocionada, agradece! Em 2017 já vimos o excepcionalmente bom A chegada, de Denis Villeneuve, que reinventa o gênero com um brilhantismo absolutamente original, e, mais recentemente, Planeta dos Macacos: A Guerra, de Matt Reeves, também acima da média em qualidade. Em agosto entrou em cartaz “Valerian e a Cidade dos Mil Planetas”, de Luc Besson, diretor francês com experiência no gênero, pois assinou o consagrado “O Quinto Elemento”, de 1997. O filme é adaptação de histórias em quadrinhos dos quadrinistas franceses Pierre Christin e Jean-Claude Mézières. A obra de Christin e Mézières antecipa Star Wars/Guerra nas Estrelas de George Lucas em pelo menos uma década, e inegavelmente os franceses influenciaram o americano. E muito. Quem assistiu o primeiro Guerra nas Estrelas de 1977 há de se lembrar da cena que se tornou antológica em que Ben Kenobi e Luke Skywalker visitam um bar repleto de alienígenas estranhos em Mos Eisley, no planeta Tatooine (isto “em uma galáxia muito, muito distante...”). A cena foi totalmente inspirada nos quadrinhos franceses.
A FC é bastante arborizada, variando das obras com inclinação metafísica, como as de Arthur C. Clarke, às aventuras leves e despretensiosas do estilo “Space Opera”, como as antigas aventuras de Flash Gordon no Planeta Mongo, as de John Carter em Marte, de Edgard Rice Burroughs (o criador de Tarzan) e, a mais conhecida e icônica de todas, a já mencionada Star Wars. As aventuras de Valerian e Laureline enquadram-se exatamente no gênero Space Opera.
O filme de Besson é um show de imagens e efeitos especiais grandiosos. O enredo é simples, leve e despretensioso. O filme vale como passatempo e diversão. Mais ou menos na metade já dá para saber quem é o vilão da narrativa, e por volta do segundo terço do filme já dá para saber o que este vilão fez de errado – o que deveria ser uma grande revelação no fim da narrativa pode ser deduzido sem muito esforço bem antes do final.
Pois bem, além de um bom passatempo, o que Valerian e a cidade dos mil planetas pode oferecer? Mesmo sendo uma narrativa carente de profundidade e densidade, o filme é uma defesa da utopia da convivência pacífica dos diferentes. Alpha, a “cidade dos mil planetas” do título, é uma estação espacial absurdamente grande na qual alienígenas de todos os tipos, cores e formatos convivem harmoniosamente. Neste sentido, a convivência pacífica dos alienígenas e dos humanos em Alpha é uma alegoria do sonho de como pode, ou deveria ser, a convivência dos humanos. Em uma época como a atual, em que muros são construídos para impedir a entrada do “outro”, o filme Valerian, a despeito de sua leveza, é uma crítica a sistemas que excluem e afastam os seres humanos uns dos outros.
O filme também é uma crítica à estupidez da guerra, que só faz vitimar inocentes. Como bem disse o cantor argentino Leon Gieco, “sólo le pido a Dios que la guerra no me sea indiferente, es un monstruo grande e pisa fuere toda la pobre inocência de la gente...”. Em um tempo de “guerras e rumores de guerras”, somos lembrados do sonho profético de um tempo em que armas de guerra serão transformadas em instrumentos agrícolas. O messia cristão é chamado de Príncipe da Paz. Seus seguidores, ou os que dizem sê-lo, devem ser pacificadores. Pois estes são e serão bem-aventurados. Serão os mansos e humildes, não os violentos e poderosos que conquistarão a terra.
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O filme também é uma crítica à estupidez da guerra, que só faz vitimar inocentes. Como bem disse o cantor argentino Leon Gieco, “sólo le pido a Dios que la guerra no me sea indiferente, es un monstruo grande e pisa fuere toda la pobre inocência de la gente...”. Em um tempo de “guerras e rumores de guerras”, somos lembrados do sonho profético de um tempo em que armas de guerra serão transformadas em instrumentos agrícolas. O messia cristão é chamado de Príncipe da Paz. Seus seguidores, ou os que dizem sê-lo, devem ser pacificadores. Pois estes são e serão bem-aventurados. Serão os mansos e humildes, não os violentos e poderosos que conquistarão a terra.
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É professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da PUC Minas, onde coordena o GPRA – Grupo de Pesquisa Religião e Arte.
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