Opinião
17 de novembro de 2025- Visualizações: 793
comente!- +A
- -A
-
compartilhar
Mobilização não pode ser mera cooptação
Não é sobre formar grupos de apoio, e sim sobre gerar consciência, corresponsabilidade e unidade no testemunho
Por Felipe Perrelli
A palavra mobilização tem sido usada com frequência em conferências, congressos e campanhas missionárias. No entanto, seu sentido original pode se perder no caminho. Em muitos contextos, mobilizar se tornou sinônimo de convencer pessoas a aderirem a projetos prontos ou a contribuírem financeiramente com causas específicas.
Mas a mobilização missionária vai muito além disso. Ela é um movimento espiritual e comunitário que desperta a igreja a participar daquilo que Deus já está fazendo no mundo. Não é sobre formar grupos de apoio, e sim sobre formar consciência – consciência de que cada discípulo de Cristo é parte ativa do propósito de Deus para todas as nações.
Repensar a mobilização é, portanto, um chamado à maturidade: da cooptação à cooperação, da adesão superficial à participação significativa, da urgência numérica à fidelidade relacional.
1. O risco de confundir mobilização com adesão
Em muitos contextos missionários, a palavra mobilização tem sido usada para descrever qualquer esforço que resulte em mais pessoas envolvidas em um projeto. O sucesso é medido pela quantidade dos que “abraçaram a causa” – mas raramente pela profundidade do entendimento ou pela transformação relacional que ocorreu no processo. Substituímos a mobilização bíblica por uma lógica de marketing, na qual o mobilizador é visto como um vendedor de ideias e o participante como um consumidor engajado. Esse modelo até gera movimento, mas dificilmente gera maturidade.
2. Mobilizar é despertar consciência, não recrutar força de trabalho
A verdadeira mobilização missionária nasce da convicção de que cada membro do Corpo de Cristo tem um papel singular na missão de Deus. Ela não busca apenas adesão, mas compreensão bíblica – o entendimento de que Deus chama, envia e sustenta a Sua obra por meio da igreja toda. Como lembra Ronaldo Lidório, o foco da missão hoje está entre os povos com maior grau de complexidade das regiões mais complexas. Isso exige mais do que recursos financeiros: requer discernimento, alianças e fé madura. Mobilizar, portanto, é educar para a obediência missionária, não apenas convocar para a ação.
3. Ambientes de interação: da cooptação à colaboração
Ao repensar nossas práticas, podemos substituir o modelo da adesão pelo da interação. Que tal criar ambientes de diálogo em que igrejas, agências e vocacionados descubram, juntos, como suas experiências e dons podem se complementar? Em vez de convidar alguém para “entrar no nosso projeto”, podemos perguntar: Como a sua vocação se conecta com o que Deus já está fazendo aqui? Essa mudança de postura transforma o mobilizador em facilitador de conexões, não em recrutador de causas.
4. Desacelerar para discernir
A pressa é inimiga da comunhão. Quando medimos o êxito da mobilização apenas por resultados rápidos – novos parceiros, novas ofertas, novas viagens – perdemos o que mais importa: as alianças duradouras. Desacelerar não é paralisar; é criar espaço para escuta, confiança e inovação. Sem isso, continuaremos reagindo a demandas emergenciais, sem formar bases sólidas de cooperação e sustentabilidade.

5. Sustentabilidade e vocação: um mesmo desafio
O problema do sustento missionário é, em grande parte, um problema de mobilização. Enquanto tratarmos a contribuição como apoio a projetos e não como participação na missão de Deus, continuaremos sobrecarregando os que estão no campo e frustrando os que enviam. Precisamos de mobilizadores que ajudem a igreja a pensar – não apenas a doar – e de missionários que saibam compartilhar sua vocação de modo educativo e relacional.
6. O mobilizador como discipulador
Mobilizar é um ato pastoral. Exige escuta, discernimento e coragem para unir visões. É tarefa de quem acredita que o Espírito fala com todos os filhos e filhas de Deus e que duas visões unidas continuam a promover unidade. A missão não é propriedade de uma agência, mas obra coletiva de um Deus que chama Seu povo à cooperação.
7. Da divulgação à mobilização
Boa parte do que chamamos hoje de mobilização é, na verdade, divulgação. Apresentamos projetos, reservamos espaço para novos apoiadores e chamamos isso de parceria. Mas mobilizar é muito mais do que divulgar: é gerar consciência, corresponsabilidade e unidade no testemunho. Quando a mobilização é relacional, ela se torna educativa. E quando é educativa, ela produz frutos permanentes – na vida de quem vai, de quem envia e de quem permanece intercedendo.
Conclusão: unir para fortalecer
A mobilização missionária é um convite à comunhão. Ela existe para tornar visível a unidade do Corpo de Cristo e para afirmar que a missão não é um departamento, mas a razão de ser da Igreja. Unir é fortalecer. E quando fortalecemos relacionamentos, proclamamos – juntos – Aquele que nos salvou.
Nota sobre o uso de inteligência artificial
Este artigo contou com o apoio da ferramenta ChatGPT (OpenAI) apenas para revisão de estilo e aprimoramento da estrutura editorial. Todo o conteúdo, argumentos e redação final são de autoria integral do autor.
REVISTA ULTIMATO - A IGREJA EM MISSÃO
Ultimato celebra a igreja em missão, a missão da igreja e o movimento missionário brasileiro, cuja história é quase tão longeva quanto a do Brasil.
Ao longo de mais de 10 páginas, o leitor vai encontrar parte das palestras do 10ª edição do Congresso Brasileiro de Missões (CBM 2025), que aconteceu em outubro, em Águas de Lindóia, SP, e lerá, no "Especial", um painel com uma avaliação ampla e crítica do movimento missionário brasileiro.
É disso que trata a edição 416 de Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» O Mundo - Uma missão a cumprir, John Stott e Tim Chester
» O Evangelho em uma Sociedade Pluralista, Lesslie Newbigin
Por Felipe Perrelli
A palavra mobilização tem sido usada com frequência em conferências, congressos e campanhas missionárias. No entanto, seu sentido original pode se perder no caminho. Em muitos contextos, mobilizar se tornou sinônimo de convencer pessoas a aderirem a projetos prontos ou a contribuírem financeiramente com causas específicas.
Mas a mobilização missionária vai muito além disso. Ela é um movimento espiritual e comunitário que desperta a igreja a participar daquilo que Deus já está fazendo no mundo. Não é sobre formar grupos de apoio, e sim sobre formar consciência – consciência de que cada discípulo de Cristo é parte ativa do propósito de Deus para todas as nações.Repensar a mobilização é, portanto, um chamado à maturidade: da cooptação à cooperação, da adesão superficial à participação significativa, da urgência numérica à fidelidade relacional.
1. O risco de confundir mobilização com adesão
Em muitos contextos missionários, a palavra mobilização tem sido usada para descrever qualquer esforço que resulte em mais pessoas envolvidas em um projeto. O sucesso é medido pela quantidade dos que “abraçaram a causa” – mas raramente pela profundidade do entendimento ou pela transformação relacional que ocorreu no processo. Substituímos a mobilização bíblica por uma lógica de marketing, na qual o mobilizador é visto como um vendedor de ideias e o participante como um consumidor engajado. Esse modelo até gera movimento, mas dificilmente gera maturidade.
2. Mobilizar é despertar consciência, não recrutar força de trabalho
A verdadeira mobilização missionária nasce da convicção de que cada membro do Corpo de Cristo tem um papel singular na missão de Deus. Ela não busca apenas adesão, mas compreensão bíblica – o entendimento de que Deus chama, envia e sustenta a Sua obra por meio da igreja toda. Como lembra Ronaldo Lidório, o foco da missão hoje está entre os povos com maior grau de complexidade das regiões mais complexas. Isso exige mais do que recursos financeiros: requer discernimento, alianças e fé madura. Mobilizar, portanto, é educar para a obediência missionária, não apenas convocar para a ação.
3. Ambientes de interação: da cooptação à colaboração
Ao repensar nossas práticas, podemos substituir o modelo da adesão pelo da interação. Que tal criar ambientes de diálogo em que igrejas, agências e vocacionados descubram, juntos, como suas experiências e dons podem se complementar? Em vez de convidar alguém para “entrar no nosso projeto”, podemos perguntar: Como a sua vocação se conecta com o que Deus já está fazendo aqui? Essa mudança de postura transforma o mobilizador em facilitador de conexões, não em recrutador de causas.
4. Desacelerar para discernir
A pressa é inimiga da comunhão. Quando medimos o êxito da mobilização apenas por resultados rápidos – novos parceiros, novas ofertas, novas viagens – perdemos o que mais importa: as alianças duradouras. Desacelerar não é paralisar; é criar espaço para escuta, confiança e inovação. Sem isso, continuaremos reagindo a demandas emergenciais, sem formar bases sólidas de cooperação e sustentabilidade.

5. Sustentabilidade e vocação: um mesmo desafio
O problema do sustento missionário é, em grande parte, um problema de mobilização. Enquanto tratarmos a contribuição como apoio a projetos e não como participação na missão de Deus, continuaremos sobrecarregando os que estão no campo e frustrando os que enviam. Precisamos de mobilizadores que ajudem a igreja a pensar – não apenas a doar – e de missionários que saibam compartilhar sua vocação de modo educativo e relacional.
6. O mobilizador como discipulador
Mobilizar é um ato pastoral. Exige escuta, discernimento e coragem para unir visões. É tarefa de quem acredita que o Espírito fala com todos os filhos e filhas de Deus e que duas visões unidas continuam a promover unidade. A missão não é propriedade de uma agência, mas obra coletiva de um Deus que chama Seu povo à cooperação.
7. Da divulgação à mobilização
Boa parte do que chamamos hoje de mobilização é, na verdade, divulgação. Apresentamos projetos, reservamos espaço para novos apoiadores e chamamos isso de parceria. Mas mobilizar é muito mais do que divulgar: é gerar consciência, corresponsabilidade e unidade no testemunho. Quando a mobilização é relacional, ela se torna educativa. E quando é educativa, ela produz frutos permanentes – na vida de quem vai, de quem envia e de quem permanece intercedendo.
Conclusão: unir para fortalecer
A mobilização missionária é um convite à comunhão. Ela existe para tornar visível a unidade do Corpo de Cristo e para afirmar que a missão não é um departamento, mas a razão de ser da Igreja. Unir é fortalecer. E quando fortalecemos relacionamentos, proclamamos – juntos – Aquele que nos salvou.
Nota sobre o uso de inteligência artificial
Este artigo contou com o apoio da ferramenta ChatGPT (OpenAI) apenas para revisão de estilo e aprimoramento da estrutura editorial. Todo o conteúdo, argumentos e redação final são de autoria integral do autor.
- Felipe Perrelli é diretor executivo da Missão Evangélica BASE e coordenador nacional de Mobilização da Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB).
REVISTA ULTIMATO - A IGREJA EM MISSÃOUltimato celebra a igreja em missão, a missão da igreja e o movimento missionário brasileiro, cuja história é quase tão longeva quanto a do Brasil.
Ao longo de mais de 10 páginas, o leitor vai encontrar parte das palestras do 10ª edição do Congresso Brasileiro de Missões (CBM 2025), que aconteceu em outubro, em Águas de Lindóia, SP, e lerá, no "Especial", um painel com uma avaliação ampla e crítica do movimento missionário brasileiro.
É disso que trata a edição 416 de Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» O Mundo - Uma missão a cumprir, John Stott e Tim Chester
» O Evangelho em uma Sociedade Pluralista, Lesslie Newbigin
17 de novembro de 2025- Visualizações: 793
comente!- +A
- -A
-
compartilhar

Leia mais em Opinião
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
- + vendidos
- + vistos
Revista Ultimato
Oramos para que Deus faça aquilo que so Deus pode fazer.
Ricardo Barbosa
(31)3611 8500
(31)99437 0043
Ludas
Deus proverá
O segredo para vencer as doenças da sociedade contemporânea
Adoração na igreja evangélica contemporânea





 copiar.jpg&largura=49&altura=65&opt=adaptativa)


