Opinião

30 de julho de 2025
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Graça irresistível

Naquela noite entreguei a Deus uma singela oração e com leveza de alma, sem o tormento do vazio, dormi

Por Cristian Hueb Dib Assunção

Depois de anos frios, sem luz e na desesperadora procura por sentido e compreensão da vida, a graça irresistível do Redentor trouxe a primavera para a minha existência.

Após a missa de domingo, eu me sentava nas escadarias da igreja matriz para curtir a brisa noturna e ver as famílias na praça, um costume dos mineiros do interior. Os presbiterianos sempre passavam por ali a caminho de casa, sempre com alegria contagiante.

Nossa paróquia recebia a revista Ultimato como cortesia bimestralmente, mas sempre que a recebíamos, o lixo era seu destino sem nem sequer ser folheada – sabíamos que era uma revista protestante.

Semana após semana, envolvido com os afazeres da vida religiosa, fervoroso na minha devoção, dedicado à minha vocação, eu era fragorosamente atormentado por um vazio existencial que as penitências, as rezas contínuas e angustiantes, as disciplinas espirituais e algumas crenças dogmáticas do catolicismo romano não foram capazes de preencher.

Mais uma Ultimato chegara à nossa paróquia e novamente jogada no cesto de lixo. Só que, desta vez, depois de alguns minutos, fora resgatada de lá, retirada do plástico, colocada sobre a mesa do escritório paroquial e, acompanhado por uma chávena com chá de cidreira, li toda a revista.

Eis a matéria de capa: O reino de Deus é maior que a igreja católica, que as igrejas ortodoxas, que a igreja protestante. Algumas perguntas foram respondidas por clérigos católicos e pastores protestantes. Ler as respostas dos pastores presbiterianos, bem como as posições nos textos publicados expondo a maravilhosa graça, e conferir os textos bíblicos com minha Bíblia Ave Maria, foi de fato um ultimato.

Continuei lendo as Escrituras Sagradas – o Evangelho de João, a Carta aos Romanos, a Carta aos Efésios, as cartas do apóstolo Pedro. O dia passou e naquela noite, com tamanha alegria por ter sido encontrado por Cristo, alcançado pela graça, entreguei a Deus uma singela oração e, com leveza de alma, sem o tormento do vazio, dormi, descansei.

No domingo seguinte, deixei os meus afazeres na paróquia, esperei o senhor Moacir de Castro Moura, diácono da Igreja Presbiteriana do Brasil, passar pela rua e lhe perguntei se poderia acompanhá-lo à escola dominical em sua igreja. Surpreso, ele aceitou.

Ocupando o quarto banco do lado esquerdo do templo protestante, ouvi a lição baseada no Evangelho Segundo João 10.1-18 (um bálsamo) e pela primeira vez o belíssimo hino 144 do hinário Novo Cântico, meu predileto:

Que segurança tenho em Jesus,

Pois nele gozo paz, vida e luz!

Com Cristo herdeiro, Deus me aceitou

Mediante o Filho que me salvou!

Entendi a alegria contagiante dos cristãos presbiterianos, agradeci ao Senhor por sua imensa misericórdia. O chamado eficaz me abençoou com a salvação em 1996, a profissão de fé e o batismo ocorreram em 1997. Casei-me em 2003 com Laudeci Dias de Souza Assunção. Em 2005 fui aprovado pelo Presbitério do Alto Paranaíba e enviado ao Seminário Presbiteriano do Sul em Campinas, SP. Em 2008 (ano da formatura) fomos também abençoados com o nascimento de nossa filha, Camila. No dia 2 de maio de 2010, fui ordenado pastor presbiteriano pelo Presbitério do Alto Paranaíba, MG, pela graça e para a glória do soberano Deus.

Cristian Hueb Dib Assunção

Artigo publicado originalmente na edição 414 de Ultimato.

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Saiba mais:
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