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Opinião

Dicas para uma aula de EBD (parte 1): Planeje a aula e o seu preparo pessoal

A aula é a entrada em outro mundo, e o professor é o guia

Por Délio Porto

A EBD (Escola Bíblica Dominical) conta com voluntários leigos que, apesar de possuírem boa bagagem bíblica e experiência de vida cristã, ainda se ressentem da falta de aperfeiçoamento na arte do ensino. Com base nas observações que fiz por aí, preparei algumas sugestões voltadas para os que desejam melhorar suas aulas. Várias delas servem também para o preparo e a ministração de um sermão. Se escrevo sobre o assunto não significa que eu já tenha alcançado a excelência. Há mais de quatro décadas sou professor de EBD e me aposentei como docente em uma carreira universitária (na área de tecnologia), mas até hoje considero que a minha próxima aula precisa ser um pouco melhor que a anterior.

Dentre os aspectos que apresento, organizados em tópicos temáticos, vários refletem teorias e ideias de autores que li há tempos e não saberia mais referenciá-los. Eu os incorporei em meu modo de julgar aquilo que denominamos de a experiência de ensinar. Então vamos às dicas, algumas das quais não tão óbvias. Apesar de elas não garantirem “uma excelente aula”, podem ajudar a superar algumas limitações e contribuir para uma aula melhor.

Prepare a aula em etapas
Sugiro dedicar-se ao preparo de uma aula em três momentos diferentes da sua semana. Agende esses três momentos para dar tempo à maturação. Use-os como oportunidades de meditar no assunto e de orar pela aula.

A aula preparada em um único período de estudo, ou de trabalho, geralmente falha em aspectos importantes que provavelmente seriam mais bem contemplados se houvesse outros momentos para o amadurecimento das ideias, ou para a confrontação com aspectos diferentes e contraditórios, além de permitir um maior convencimento do professor sobre o formato da aula, a sua extensão, a profundidade da abordagem, os recursos visuais e as conclusões às quais ele quer chegar.

A pausa entre os tempos de preparação possibilita um distanciamento do conteúdo e uma crítica ao mesmo. Em decorrência do preparo feito na véspera, e a falta de amadurecimento do conteúdo, é comum incorrer em aulas inconclusas, conteúdos apresentados na profundidade inadequada ao público, pouca objetividade, ausência de itemização dos assuntos e baixa exploração das possibilidades de uso do quadro da sala de aulas. 

Defina bem a ideia principal 
É aconselhável que a ideia principal da aula seja transmitida em até 20 minutos do início da mesma. Isso favorecerá as pessoas nas associações mentais com seus conhecimentos prévios e na observação das relações entre as partes do assunto. Com isso eles participarão da aula com mais propriedade e mais conhecimento. Certifique-se de que consegue apresentar a ideia principal nesse prazo, nem que tenha que escrever no quadro: “A coisa mais importante dessa aula é …”. 

Algumas vezes o aluno não consegue captar a ideia principal a ser aprendida. E nem sempre ela está na mente do próprio professor, ou ele adia muito a sua apresentação, esperando transformá-la numa espécie de cereja do bolo colocada ao final. Ao chegar tal momento, no entanto, a ideia principal se torna apenas um apêndice de um conjunto de 40 minutos de informações mal compreendidas. É razoável que, no caso de um livro da Agatha Christie, o “desfecho elucidativo” esteja no final, mas não é assim que as pessoas aprendem em sala de aula. 

Planeje o uso de recursos visuais
Planeje e implemente recursos visuais para a aula. Alguns professores dominam bem o aspecto da oralidade de uma aula. Conseguem levar a exposição oral por um longo tempo. No entanto, vários alunos têm baixa retenção, se apenas ouvirem. Eles necessitam da visualização gráfica dos conteúdos para um aprendizado mais eficiente. É recomendável, portanto, que os conteúdos sejam visualizados. Podem ser textos impressos ou escritos no quadro, mas também metáforas visuais comunicadas na forma de desenhos, mapas conceituais, roteiros esquemáticos e quadros comparativos. Isso seria solucionado pelo simples uso do quadro branco, ou de cartazes. 

Aqui um alerta sobre a projeção feita a partir do computador. É comum que ela funcione mais como apoio do professor do que como um recurso de ensino. Essa tecnologia induz o professor a confundir aprendizado com transmissão de informação. O uso inadequado faz com que o projetor subjugue e enrijeça o processo de ensino, quando deveria ser o contrário. Quase sempre a projeção – além de ser um show pirotécnico à parte – reflete apenas o processo de elaboração do conteúdo da aula. A rapidez das projeções e a restrição à sua apropriação contribuem para a volatilidade das informações. O resultado não é uma melhora no processo de aprendizagem. Para saber mais sobre isso, busque informações sobre estilos de aprendizagem. 



Cuidado com o “aquecimento inicial”
Com a intenção de “aquecer” a mente dos alunos, há ocasiões em que o professor dá início à aula com uma série de perguntas, como se quisesse despertar nos ouvintes um conhecimento preexistente. Isso de fato poderá acontecer, mas geralmente resulta numa tempestade de ideias dispersas, fora de contexto e opiniáticas. Essa prática não é adequada quando se dispõe de 50 minutos de aula. O desfecho dela é a improdutividade e a constatação de que foram tomados cerca de 30% do tempo da aula nesse processo. O melhor seria fazer as perguntas mais tarde, após “a ideia mais importante da aula” ter sido apresentada. Aulas possibilitam e deveriam estar abertas para trocas de conhecimentos (diferentemente do discurso e do sermão). Mas é melhor reservar a rodada de perguntas e de contribuições para o momento em que as pessoas consigam participar com mais convencimento do tema e mais amadurecimento do assunto. Sempre reserve algum tempo para que isso aconteça na aula. E se o interesse for grande, marque um evento extrassala para continuar o debate.

Modele sua atuação para contar com a atenção dos alunos
A aula é a entrada em outro mundo, e o professor é o guia para quem as atenções estão voltadas. É um privilégio especial reter a atenção de um grupo durante um certo tempo para uma experiência de aprendizado. Sendo assim, não inicie a aula com as pessoas ainda conversando, ou quando ainda há ruídos incômodos no corredor, nem se utilize desse burburinho para disfarçar alguma insegurança pessoal. Se isso acontecer com você, substitua o seu temor inicial por um leve toque de solenidade. Se você sente uma pequena insegurança, imprima um pouquinho de teatralidade na comunicação (sem exagerar). Depois descontraia. 

Faça sempre contato visual com as pessoas durante a aula, divida tarefas para a leitura dos textos e convide pessoas de boa capacidade de leitura para ler os textos mais longos. Anote progressivamente no quadro os itens relativos ao conteúdo à medida que os apresenta. Finalmente, não permaneça mais do que 15 segundos falando de costas para o público. 

Não se esqueça: aulas possuem início, meio e fim
Aulas acontecem dentro da simplicidade do fluxo que percorre introdução, conteúdo central e conclusão. E a experiência mostra que nem todo professor está preparado para essa verdade. 

A introdução não deveria ser aquela conversa fiada sobre o clima, nem sobre os benfazejos de certa pessoa presente na sala. Apresente uma introdução coerente com o assunto, contendo um chamado, ou uma invocação solene, quase uma prece, antecipando pontos a serem desenvolvidos ao longo da aula. Cuide para não oferecer outra palestra embutida dentro da introdução, que deve ser contida, mas significativa. Evite iniciar uma aula dizendo que não sabe se conseguirá terminá-la. Isso impactará negativamente as expectativas de ouvirem um professor preparado. Se você acha que o tempo será pouco, tome providência durante o preparo. Lembre-se que o relógio não é seu amigo e que a duração da aula é de alguns minutos. 

Sobre o conteúdo central, que deve ser rico, proveitoso e organizado, deixaremos para tecer comentários em outro artigo. 

E quanto à conclusão, ela é o fechamento coerente do conteúdo, bem como o apelo motivador para as implicações práticas do mesmo. Termine sua aula no prazo regulamentar, pois uma conclusão apressada, em meio ao barulho das pessoas se levantando das cadeiras, não fará justiça a um conteúdo bem apresentado.

Enfim, os aspectos descritos acima certamente já são do domínio dos profissionais que receberam formação pedagógica, mas nem todo professor de EBD passou por essa formação. Foi pensando neles que os registrei. Sugiro que você, independentemente de sua personalidade, expansiva ou retraída, não confie apenas na naturalidade pessoal para conduzir uma aula. Um pouco de técnica vai ajudar. Veremos mais sobre isso no próximo artigo.

LEIA TAMBÉM:
Dicas para uma aula de EBD (parte 2): Mostre o que há de melhor no conteúdo
Dicas para uma aula de EBD (parte 3): Transforme uma boa ideia em uma boa aula

  • Délio Porto é engenheiro e professor universitário aposentado, presbiteriano, reside em Viçosa, MG.

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» O Caminho do Coração – Meditações diárias, Ricardo Barbosa
» Para que serve a escola dominical?, por Luiz Fernando dos Santos
» Por que ir à escola bíblica dominical?, por Luiz Fernando dos Santos
» O que se aprende na igreja?, por Cláudio Marra

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