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Opinião

Liberdade de crença, intolerância e indiferença

Por André Ricardo Martins 
 
Altos e baixos fazem parte da caminhada cristã desde sempre. Atualmente, a depender da região, cristãos e suas igrejas vivem situações de prestígio e expansão, de apatia e refluxo e de oposição e perseguição. Já em 2002, o historiador Philip Jenkins apontava para o novo mapa-múndi do cristianismo. E alertava: “Milhões de cristãos do mundo inteiro vivem realmente em perigo constante de perseguição ou conversão forçada seja por parte de governos, seja de justiceiros locais.”1
 
Aqui no Brasil, a multiplicação das igrejas evangélicas, o capital político do segmento e a adesão de parte das elites deixaram para trás hostilidades da parte de lideranças e vizinhança católicas, como eram frequentes até meados do século XX. Hoje, católicos e evangélicos, em especial nos parlamentos, estreitam aliança estratégica numa militância político-ideológica restrita, de dois ou três pontos – aborto, sexualidade e questão educacional – olvidando ampla agenda de temas de interesse das comunidades cristãs. Há mais de imposição e interesses corporativos em jogo do que propriamente de sadia vivência autêntica e testemunho de estilos de vida baseados na Bíblia e mesmo na tradição cristã.
 
Nós cristãos não podemos fechar os olhos, o coração e o bolso para irmãos nossos que estão sob perseguição em algumas regiões do mundo. Somos desafiados a participar desse sofrimento e a nos mobilizar por eles com nossas orações e recursos, incluindo a intervenção político-diplomática.
 
Mas algo preocupante tem ocorrido no Brasil e reclama dos cristãos e especialmente de nós evangélicos – que apenas duas gerações atrás éramos segmento religioso marginalizado – o mais veemente repúdio. Praticantes de cultos de matriz africana vêm sendo perseguidos. Às razões de ordem estritamente doutrinária – a cosmovisão cristã opõe-se à das demais religiões, aí inclusas as de matriz africana – juntam-se razões de ânimo racial, dada a origem desses cultos e ao fato de negros representarem o maior contingente de fieis e praticantes.
 
Situações recorrentes têm sido veiculadas pela mídia Brasil afora: (i) terreiros são invadidos e vandalizados por evangélicos; (ii) grupos católicos e evangélicos associam cultos de matriz africana, seus símbolos e rituais ao satanismo, seja no rádio, na TV e mesmo em outdoor; (iii) em comunidades dominadas pelo tráfico no Rio de Janeiro, traficantes simpáticos aos evangélicos chegam a impor a retirada dos terreiros da área; (iv) crianças, cujas famílias seguem essas religiões, são humilhadas por colegas e professores no ambiente escolar por sua fé.
 
Da perspectiva doutrinária, há que se observar duas coisas: reconhecer diferenças nesse campo não implica desrespeito e muito menos violência. Da perspectiva do racismo, tudo que se refere a afro-brasileiros e sua história tem conotação negativa. Assim, a perseguição contra os cultos de matriz africana é algo bem distinto no contexto brasileiro. Nenhum outro culto sofre esse tipo de opressão. Liberdade de credo não é privilégio; é direito e bênção que defendemos para todos. Evangélicos precisam tomar consciência de que por trás do fervor de alguns líderes há na verdade racismo não assumido e alvos políticos. Testemunho engajado, empatia misericordiosa e evangelização amorosa passam longe de arrogância e dominação. Quando viveu entre nós, Jesus de Nazaré confrontou não estrangeiros praticantes de outras religiões, mas sim as elites religiosas de seu próprio povo. Acaso, hoje, ele faria diferente?
 
• André Ricardo Nunes Martins, jornalista, militante sindical e do movimento negro; mestre em Comunicação e doutor em Linguística. É presbítero em disponibilidade e membro da Igreja Presbiteriana de Brasília.
 
Nota
1. JENKINS, P. A próxima cristandade; a chegada do cristianismo global. Ed. Record, 2004. (p.292)

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