Opinião
27 de janeiro de 2025
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Fé sem hipocrisia: O legado de Jimmy Carter
Um dos últimos presidentes americanos a expressar sua fé cristã como elemento fundamental e autêntico da sua visão política
Por Mark Carpenter
Em 1998 a Mundo Cristão lançou o livro Memórias espirituais, de Jimmy Carter. A obra fazia parte de um novo selo da editora, a Nexo Editorial, que visava alcançar leitores não cristãos com livros de diversos gêneros literários. Queríamos fugir do círculo evangélico tradicional e atrair a atenção de gente que nunca compraria algum livro explicitamente religioso. Os livros do selo eram pontes que traziam – em meio a narrativas, conselhos e ensaios envolventes – uma cosmovisão cristã capaz de despertar as sensibilidades espirituais do leitor e desarmá-lo para considerar a possibilidade de aceitar o evangelho.
A curadoria da Nexo escolheu Memórias espirituais por incorporar todas as características do selo. Em 1998 ainda era possível publicar um livro de Jimmy Carter sem ser criticado na mídia cristã por abraçar uma ideologia que veio ser conhecida como “woke”. Carter era conhecido pela sua atuação como presidente dos Estados Unidos, e tínhamos certeza de que o livro interessaria a intelligentsia nacional. Embora o livro focasse o papel da sua fé pessoal em sua vida e trabalho, sua abordagem sobre os anos no poder revelaram como as convicções morais podem reger a vida pública. Na época a Kirkus Reviews avaliou o livro como “autobiografia espiritual inesquecível, repleta de sabedoria e clamores por justiça”.
De fato, Jimmy Carter foi um dos últimos presidentes americanos a expressar sua fé cristã como elemento fundamental e autêntico da sua visão política. Sempre rejeitou o uso da religião como mero artifício para atrair eleitores. Embora muitos evangélicos criticaram suas opiniões sobre a legalidade do aborto e sua postura progressista em questões sobre justiça social e direitos humanos, poucos questionavam sua sinceridade como seguidor de Cristo.

Com o recente falecimento do ex-presidente, seu legado se consolida. Os altos e baixos específicos da sua carreira se anivelam sob o exemplo de seriedade e serviço que o caracterizaram. Ao longo de sua vida, alguns princípios se revelaram como fundamentais:
Fé e integridade moral. Sua fé cristã foi a base de sua vida pessoal e pública. Ele enfatizava a honestidade, a humildade e o serviço aos outros. Sua bússola moral influenciou suas decisões como presidente, incluindo seu foco em direitos humanos e governança ética. Sempre compartilhou sua fé, e durante muitas décadas deu aulas de Escola Dominical na pequena igreja que frequentou em Plains, Georgia.
Compromisso com a paz e a diplomacia. Carter priorizou a resolução pacífica de conflitos e a diplomacia em vez de ações militares. No acordo de Camp David (1978), por exemplo, que estabeleceu a paz entre Egito e Israel, sua ênfase na diplomacia refletia sua crença no diálogo e na compreensão mútua para resolver desafios globais.
Foco nos direitos humanos. Sua presidência foi marcada por uma ênfase nos direitos humanos, uma mudança em relação à realpolitik da Guerra Fria. Ele tornou os direitos humanos um pilar da política externa dos EUA, defendendo a democracia e a liberdade enquanto condenava regimes autoritários, independentemente de suas alianças com os EUA.
Responsabilidade ambiental. Carter acreditava profundamente na responsabilidade ambiental e na independência energética. Ele criou o Departamento de Energia, promoveu fontes renováveis de energia e enfatizou a conservação, chegando à simbólica instalação de painéis solares na Casa Branca. Sua defesa do meio ambiente refletia sua abordagem visionária para a sustentabilidade global.
Dedicação ao serviço e à humildade. Mesmo após deixar o cargo, Carter continuou a demonstrar a importância de servir aos outros. Por meio do Carter Center, ele trabalhou para combater doenças (como a do verme-de-guiné), promover a democracia e monitorar eleições ao redor do mundo. Seu trabalho com a Habitat for Humanity demonstrou sua crença na dignidade de todas as pessoas, independentemente de sua condição socioeconômica.
No seu funeral, ficou evidente o consenso que se construiu em torno da sua vida. Quaisquer críticas, desavenças e diferenças de opinião do passado deram espaço ao reconhecimento de uma vida vivida em prol dos princípios que caracterizam aqueles que buscam seguir o exemplo de Cristo.
Imagem: Wikimedia Commons
REVISTA ULTIMATO – LAUSANNE – QUE A IGREJA ANUNCIE E DEMONSTRE CRISTO EM UNIDADE
“Que a Igreja anuncie e demostre Cristo, unida” é o tema do 4º Congresso Lausanne de Evangelização Mundial realizado em setembro de 2024 na Coreia do Sul, e registrado por Ultimato numa ampla matéria de capa.
Colaboraram com esta edição líderes, missionários, pastores que participaram do evento e que prosseguem trabalhando em favor do cumprimento da Grande Comissão.
É disso que trata a matéria de capa da edição 411 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» O Discípulo Radical, John Stott
» Bonhoeffer Para Todos
» Agostinho Para Todos
» Jonathan Edwards Para Todos
Por Mark Carpenter

A curadoria da Nexo escolheu Memórias espirituais por incorporar todas as características do selo. Em 1998 ainda era possível publicar um livro de Jimmy Carter sem ser criticado na mídia cristã por abraçar uma ideologia que veio ser conhecida como “woke”. Carter era conhecido pela sua atuação como presidente dos Estados Unidos, e tínhamos certeza de que o livro interessaria a intelligentsia nacional. Embora o livro focasse o papel da sua fé pessoal em sua vida e trabalho, sua abordagem sobre os anos no poder revelaram como as convicções morais podem reger a vida pública. Na época a Kirkus Reviews avaliou o livro como “autobiografia espiritual inesquecível, repleta de sabedoria e clamores por justiça”.
De fato, Jimmy Carter foi um dos últimos presidentes americanos a expressar sua fé cristã como elemento fundamental e autêntico da sua visão política. Sempre rejeitou o uso da religião como mero artifício para atrair eleitores. Embora muitos evangélicos criticaram suas opiniões sobre a legalidade do aborto e sua postura progressista em questões sobre justiça social e direitos humanos, poucos questionavam sua sinceridade como seguidor de Cristo.

Com o recente falecimento do ex-presidente, seu legado se consolida. Os altos e baixos específicos da sua carreira se anivelam sob o exemplo de seriedade e serviço que o caracterizaram. Ao longo de sua vida, alguns princípios se revelaram como fundamentais:
Fé e integridade moral. Sua fé cristã foi a base de sua vida pessoal e pública. Ele enfatizava a honestidade, a humildade e o serviço aos outros. Sua bússola moral influenciou suas decisões como presidente, incluindo seu foco em direitos humanos e governança ética. Sempre compartilhou sua fé, e durante muitas décadas deu aulas de Escola Dominical na pequena igreja que frequentou em Plains, Georgia.
Compromisso com a paz e a diplomacia. Carter priorizou a resolução pacífica de conflitos e a diplomacia em vez de ações militares. No acordo de Camp David (1978), por exemplo, que estabeleceu a paz entre Egito e Israel, sua ênfase na diplomacia refletia sua crença no diálogo e na compreensão mútua para resolver desafios globais.
Foco nos direitos humanos. Sua presidência foi marcada por uma ênfase nos direitos humanos, uma mudança em relação à realpolitik da Guerra Fria. Ele tornou os direitos humanos um pilar da política externa dos EUA, defendendo a democracia e a liberdade enquanto condenava regimes autoritários, independentemente de suas alianças com os EUA.
Responsabilidade ambiental. Carter acreditava profundamente na responsabilidade ambiental e na independência energética. Ele criou o Departamento de Energia, promoveu fontes renováveis de energia e enfatizou a conservação, chegando à simbólica instalação de painéis solares na Casa Branca. Sua defesa do meio ambiente refletia sua abordagem visionária para a sustentabilidade global.
Dedicação ao serviço e à humildade. Mesmo após deixar o cargo, Carter continuou a demonstrar a importância de servir aos outros. Por meio do Carter Center, ele trabalhou para combater doenças (como a do verme-de-guiné), promover a democracia e monitorar eleições ao redor do mundo. Seu trabalho com a Habitat for Humanity demonstrou sua crença na dignidade de todas as pessoas, independentemente de sua condição socioeconômica.
No seu funeral, ficou evidente o consenso que se construiu em torno da sua vida. Quaisquer críticas, desavenças e diferenças de opinião do passado deram espaço ao reconhecimento de uma vida vivida em prol dos princípios que caracterizam aqueles que buscam seguir o exemplo de Cristo.
- Mark Carpenter é presidente da editora Mundo Cristão.
Imagem: Wikimedia Commons

“Que a Igreja anuncie e demostre Cristo, unida” é o tema do 4º Congresso Lausanne de Evangelização Mundial realizado em setembro de 2024 na Coreia do Sul, e registrado por Ultimato numa ampla matéria de capa.
Colaboraram com esta edição líderes, missionários, pastores que participaram do evento e que prosseguem trabalhando em favor do cumprimento da Grande Comissão.
É disso que trata a matéria de capa da edição 411 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
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